Expondo suas ideias de jogo, Fernando Lázaro diz saber peso de ser técnico do Corinthians: "Zero novidade" - Gazeta Esportiva
Expondo suas ideias de jogo, Fernando Lázaro diz saber peso de ser técnico do Corinthians: "Zero novidade"

Expondo suas ideias de jogo, Fernando Lázaro diz saber peso de ser técnico do Corinthians: "Zero novidade"

Gazeta Esportiva

Por Marina Bufon

11/01/2023 às 13:14 • Atualizado: 11/01/2023 às 13:57

São Paulo, SP

Há mais de 20 anos "vivendo o Corinthians", Fernando Lázaro foi oficialmente apresentado como o técnico para a temporada de 2023 nesta quarta-feira. E ele não fugiu da responsabilidade: sabe exatamente onde está "se metendo" e não se sente pressionado neste início de trabalho - a estreia como treinador será no domingo, contra o Red Bull Bragantino.

"Já estou aqui há tempo suficiente para entender onde estou entrando. Zero novidade para entender o cenário. A minha preocupação e a minha ansiedade são normais para o momento, mas me sinto tranquilo no dia a dia, as coisas começam a acontecer de uma forma satisfatória. A ansiedade foi muito mais antes, no período entre o anúncio e o início da pré-temporada", iniciou Lázaro no início da tarde, no CT Dr. Joaquim Grava.

"Não me vejo em um momento de extrema ansiedade. O processo do futebol sabemos como é, não me preocupa, não me amedronta, senão eu não estaria aqui. Não me intimido e nem me preocupo com isso. A minha busca é ir por esse caminho que estamos construindo há um mês”, complementou.

Lázaro aproveitou a coletiva para falar sobre seu estilo de jogo, que entende mais como "ideias repetidas" do que propriamente atenção especial à uma formação em 4-4-e ou 4-3-3, por exemplo. Além disso, ele garantiu: não se vê utilizando rodízio de jogadores de forma "tática", como fez seu antecessor, Vítor Pereira.

"Eu me acostumei a não seguir esta linha, é o que penso. Claro que tem momentos diferentes, temos que saber avaliar, mas eu entendo que é uma decisão muito mais individual, de atleta para atleta, com sua recuperação para o jogo seguinte, mas não partindo de uma ideia tática de se alterar o time sempre", afirmou.

"Estamos trabalhando com algumas possibilidades na pré-temporada. Conseguimos buscar amostragens de mais de uma possibilidade. Você muda a estrutura, mas as ideias de jogo não variam se mudar o sistema, varia pouco. Pode ter dois na frente, três na frente. A gente ainda não definiu, estamos entrando mais agora num caráter de competição mesmo", concluiu.



Antes, o treinador permitiu que a imprensa acompanhasse o treino do elenco no CT, algo que não acontecia há quase um ano - a última vez foi quando ele era interino, em fevereiro de 2022. Vítor Pereira não era adepto ao modelo, mas abriu as atividades para jornalistas e torcedores em duas oportunidades, na apresentação de Yuri Alberto e antes da segunda final da Copa do Brasil contra o Fla.

Números


Lázaro possui sete jogos no comando da equipe, dois em 2021 e cinco em 2022, com seis vitórias e um empate, ou seja, aproveitamento superior a 90%, bem diferente diferente de outros interinos, como Dyego Coelho e Osmar Loss, por exemplo.

O filho de Zé Maria comandou o Timão em 2021 em dois jogos da Copa Sul-Americana, contra o Sport Huancayo, na vitória por 5 a 0, e diante do River Plate do Uruguai, por 4 a 0. Vale lembrar que o time já estava eliminado da competição.

Já em 2022, Lázaro esteve à frente do elenco na transição entre Sylvinho e Vítor Pereira, com um empate, contra o Botafogo-SP (1 a 1) e quatro vitórias, sobre Ituano (3 a 2), Mirassol (2 a 1), São Bernardo (3 a 0) e Red Bull Bragantino (1 a 0).

Veja outros trechos da coletiva de apresentação de Fernando Lázaro:


Palavras iniciais

"Queria primeiramente agradecer à Fiel. Não sou um cara de muitas redes sociais, mas recebi muitas mensagens de incentivo, com pronunciamentos oficiais até de torcidas. Queria agradecer demais à direção pela confiança. Dizer me sinto lisonjeado de estar aqui, é mais um passo na carreira que foi construída na instituição, me sinto preparado para dá-lo".

Relação com os jogadores

"Não acredito que seja essa a questão, faz parte do futebol, realmente todos querem estar participando e jogando o máximo possível, isso é natural. Primeiro não acho que não tem que ser amigo, acho que a relação tem que existir da forma que a posição exige, com hierarquia, mas não necessariamente conflituosa. Tem que saber alinhar muito bem isso. O fato de eu ter conhecimento do clube, dos atletas, funcionários e direção, não deu muita margem para essa confusão (de papéis) e não vai ser problema agora”.

Momento da proposta

"Foi muito bom, uma sensação única, um momento indescritível. Depois vai assimilando aos poucos, depois daquele impacto. Como ela tem sido uma coisa gradual, de toda a trajetória, é bacana ir se acostumando com as próximas possibilidades, ir pouco a pouco se ambientando para o próximo passo. Já começava a desenhar um cenário (em 2022) até para uma outra pessoa desempenhar, mas foi tudo muito bem, conversas muito boas, aqui e lá (com a Seleção Brasileira)".

"É um processo e foi fundamental ter passado pelas experiências. Quando eu fiquei alguns jogos em 2021, caiu a primeira ficha. Não imaginava ter ficado naquela função naquele momento. Quando chegou o ano passado, um pouco mais longo o período, a partir dali comecei a não projetar muitas coisas à frente, sempre passo a passo, mas a partir dali comecei a me visualizar, estava já me preparando. Na época, falei com o Thiago Larghi (hoje auxiliar dele), que passou por uma situação parecida. Eu não me sentiria preparado (em 2022) como estou hoje".

Reação da família

"Foi muito legal tudo, a conversa com ele (Zé Maria), com minha mãe. Ele ficou muito feliz, todos ansiosos por um passo desse tamanho, ele sabe muito bem o que representa uma situação dessa, mas também de uma alegria imensa por estar aqui".

Trabalho com Vítor Pereira

"Trabalhar com uma comissão estrangeira não foi a primeira vez, mas foi de uma forma diferente, uma comissão maior e com individualidades diferentes, trazendo possibilidades de ver cenários diferentes do dia a dia. Mudanças que a gente vai tentando extrair, é mais uma etapa do crescimento".

Conhecimento de mercado

"Na verdade, fiquei muito tempo no Cifut, mas mais distante nessa participação direta, embora no retorno ao clube no início de 2021 ainda tive uma participação na retomada do departamento, na estrutura toda do futebol. Ajuda muito esse conhecimento, até por ter flutuado em outras áreas e também ter ido para a Seleção, para visualizar outros cenários e ver atletas potencialmente do nível do patamar do Corinthians. Neste momento o Cifut está muito bem estruturado para dar conta do que ele precisa fazer. Ajuda muito, claro, mas a prioridade é outra. Estamos seguros com as informações que temos".

Yuri Alberto

"É uma importante aquisição do clube, pela primeira conversa que a gente teve nessa função, pensando em elenco, era que os nossos maiores reforços estavam já no plantel, com atletas identificados, suficientes, na técnica e na tática, boas posturas, tanto de Yuri e Maycon, Balbuena, Paulinho também, um grande reforço para a temporada. Claro que o Maycon era mais urgente, pelo prazo, mas rapidamente a situação do Yuri foi resolvida pela diretoria, muito importante, numa posição difícil de encontrar".

Estreia

“Fico feliz com o que teve, mas enxergo diferente. Eu entendo o contexto de ser interino, me permitiu em várias esferas, foi muito importante para a minha formação, mais do que os resultados em si. Agora, estou caminhando para um lugar diferente, muito confiante”.

Super Zé como técnico

"Qual foi o retrospecto dele? Quero saber! (risos). Ele sempre me falou para me dedicar ao máximo, não deixar margem para nada, o que precisa para essa camisa, o quanto é se entregar, dedicação, o que ele sempre foi… São essas referências, mais do que técnico e tático. Esse lado é o Corinthians e isso não muda. É mais nesse sentido (a aprendizagem com o pai)".

Conversa com o Tite

"A conversa com ele foi muito boa, longa, rolou presencialmente. Ele falou muitas coisas, principalmente em relação a esse momento. Guardo com muita sabedoria. O que ele falou que mais marcou foi que essa certa ansiedade do momento é normal, foi comigo, com todo mundo vai acontecer, se você for ficar esperando estar totalmente preparado, você não vai, com o tempo, vai adquirindo experiência. Quando eu fui assumir, retornar para o Corinthians, continuei sentindo (ansiedade), faz parte desse momento".

Zagueiros

"Estamos trabalhando com a ideia de um elenco mais enxuto, com uma estrutura que nos dê segurança e depois pensaremos nas buscas mais pontualmente. Para zaga, estamos bem-servidos. O Caetano fez por merecer voltar aqui, por onde passou, depois vamos ter a incorporação do Murillo. Iniciamos o ano com três zagueiros de Seleção e mais esses dois jovens de bom potencial. Estou satisfeito com os zagueiros que tenho para este início. Mas, claro, vamos sempre ficar de olho para poder dar mais qualidade no elenco".

Paulinho

"Está treinando bem, vem crescendo, mas precisa de mais um tempo, talvez de duas a três semanas. Ele tem gradualmente trabalhado com o grupo, aquecimento, pequenas posses. Hoje, participou de um enfrentamento maior, um passo à frente em relação ao que ele estava fazendo. Não temos pressa, não queremos queimar nenhuma etapa. Ele vai acumulando carga agora neste início de temporada. A previsão é de duas ou mais três semanas para dar mais segurança, avançando para próximas etapas".

Luciano Dias

"O Paulista é muito importante, é foco total nele. A vinda do Luciano (Dias) acrescenta muito nesse conhecimento de times do interior, mas não foi por isso a sua escolha. Eu o enxergava além disso, com aspectos que complementam, um ex-atleta com passagens como técnico também. Ele pode acrescentar".

Estilo de jogo

"Construir desde a primeira fase, sem grandes riscos, mas construir e propor jogo, avançando com a bola mais no pé, buscando espaços. De organização defensiva, uma marcação mais alta. Depois é estar preparado para as outras fases do jogo. Algumas coisas a gente prioriza, mas não podemos deixar de estar preparados, temos que saber lidar com as dificuldades que o adversário impõe”.

Referências

"Tive a sorte de começar no departamento de futebol, ter passado em várias áreas e trabalhado com ótimos profissionais. Além do Tite, Mano Menezes; o Nelsinho Baptista, apesar de não ter estado aqui num momento tão fácil; Antonio Lopes e tantos outros, como o Parreira, o Jairo Leal, profissionais de outras áreas também. Muitos mesmos, várias referências em diversos setores. Minha formação foi pautada nisso".

Licenças de treinador

"Já está tudo encaminhando para a fazer a licença PRO. A prévia está feita, falta fazer a inscrição, porque o curso começa em março. A primeira parte é online, depois vem a parte presencial, que normalmente eles agendam períodos que facilitam, no meio do ano ou dezembro. Esse ano ainda, já está tudo bem alinhado".

Utilização da base

"Não quero entrar em detalhes agora, porque estão num momento da competição que pode atrapalhar. O Mauro tem acompanhado todos os jogos. O Thiago Larghi foi no primeiro jogo, o Luciano Dias, no segundo e eu, no terceiro. A grande maioria a gente conhece de 2022. Essa integração é importante no treino, e essa proximidade é boa, para os atletas se sentirem mais naturais. Vamos deixar (para depois da Copinha)".

Pedro

"O Pedro é um dos grandes que temos na base, grandes valores. Vai estar neste ano com a Seleção, pulou para a sub-20. É um ano grande do calendário da base, então isso ajuda também. Vamos vendo com bons olhos, mas sem pular etapas e projetar passos muito antes".

Fora do próximo jogo

"Paulinho, Gustavo e Ruan Oliveira são os únicos certos (que estão fora do próximo jogo)".

Importância de um treinador preto

"Não tenho clara a dimensão. É um passo que precisa ser dado, porque é uma busca que precisa ser de todos, mas eu não quero muito entrar nisso agora. Sei da importância, me sinto lisonjeado de ser uma referência positiva, de certa forma, para muita gente. Mas não busco isso agora, nesse momento".

Se sentindo técnico

"Me sinto, agora, o técnico do Corinthians, espero que por bastante tempo. Me preparei por bastante tempo, me sinto preparado. Eu não pensei além disso. O passo agora é ser treinador do Corinthians. Estou gastando todas as minhas energias para isso. Espero ficar aqui o maior tempo possível".

Apoio da torcida

"O torcedor e as torcidas, no geral, levam vários aspectos em consideração (para apoiar o treinador), têm clareza também, não vão apoiar só porque cresci no Corinthians e sou filho de um ex-jogador do clube. São várias coisas, várias experiências, além de um pouco dessa identificação também, é um acúmulo de coisas".

Estreia no Paulista contra o Red Bull Bragantino

“É uma grande equipe que se fortaleceu e mudou de patamar nos últimos anos. É um time de Série A e de alto nível. Nessa pequena passagem no ano passado, também tivemos um jogo contra o Red Bull na nossa Arena, mas tiveram mudanças e não temos clareza total do que vai ser o clube neste início. Veio um treinador de fora, buscamos saber as características dele, mas nada muito mais concreto do que isso. São atletas que boa parte a gente conhece, outros que vieram de contratações, mas mantém a grande base do elenco que tinham. Agora a forma de jogar pode ter um impacto pela mudança de comando”

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