Segundo apurado pela Gazeta Esportiva, isso nada tem a ver com a metodologia de trabalho do treinador ou com estratégias para as partidas. Muito pelo contrário. Vítor Pereira é elogiado internamente com frequência nesses sentidos.
Mas há um incômodo interno pela maneira como o português se relaciona, pela forma como ele comunica suas decisões e também por algumas declarações em entrevistas coletivas.
Essa situação não é recente, nem causada pela eliminação do clube nas quartas de final da Libertadores, na última terça-feira, para o Flamengo. Há pelo menos dois meses, o elenco tem convivido com essas insatisfações pontuais, mas relevantes nos bastidores.
Além da postura sincera do técnico em algumas coletivas, como após o revés por 2 a 0 sofrido diante do Atlético-GO, na Copa do Brasil, quando ele afirmou que os jogadores entraram “de barriga cheia” em campo, outro ponto que incomoda alguns desses atletas é o rodízio instaurado pela comissão técnica.
Entre os mais experientes do grupo, passar muito tempo sem jogar tem causado irritação. Eles gostariam de mais minutagem, independentemente da condição física, sob a justificativa de que poderiam obter mais ritmo de jogo.
Ainda segundo fontes ouvidas pela reportagem, a decisão de VP de não passar a escalação aos atletas com antecedência, tomada de maneira unilateral, é mais um ponto na questão da “forma de se relacionar” do técnico que gera desconforto.
Os relatos ouvidos pela Gazeta apontam também que o goleiro Cássio e o lateral-esquerdo Fábio Santos são dois dos “mais velhos” que têm funcionado como “meio-campo”, colocando panos quentes nas situações que aparecem, tentando apaziguar o clima, a fim de que tudo seja contornado e mantido sob controle.
Apoio da diretoria
Por outro lado, Vítor Pereira e sua comissão têm total respaldo da diretoria corintiana. A busca pelo técnico, lá em fevereiro, aliás, passou por isso.
Logo após a demissão de Sylvinho, a cúpula alvinegra tinha o desejo de contratar um comandante firme, que tivesse 'peito' e 'tamanho' para bater de frente com algumas situações cotidianas que, dentro do clube, não deveriam mais ter espaço para se repetir.
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A intenção, já no momento da contratação de VP, era a de “romper” com algumas máximas que comumente fazem parte da rotina do futebol brasileiro.
Os jogadores, tanto os jovens quanto os mais rodados, teriam de se adaptar ao estilo do treinador, e não o contrário, seja nas relações, no método de trabalho ou em eventuais decisões, unilaterais ou não, que ele poderia vir a tomar.
Portanto, VP tem total apoio da diretoria, mesmo após a eliminação na Libertadores, e segue com "carta branca" para liderar o grupo da maneira que bem entender, independentemente das insatisfações que isso possa gerar, até em jogadores mais experientes e identificados, como tem acontecido.
Obviamente, assim como com qualquer outro profissional, VP também depende dos resultados dentro de campo para a postura dos dirigentes não ser reconsiderada.
O Corinthians volta suas atenções para as duas competições restantes do seu calendário: Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. Primeiro, recebe o arquirrival Palmeiras, neste sábado, em briga direta no Brasileirão, às 19h (de Brasília).
Depois, é a vez de enfrentar o Atlético-GO, também na Neo Química Arena, pela volta das quartas de final da Copa do Brasil, na quarta-feira. Assim como nesta terça, precisará reverter um placar de 2 a 0.