Corinthians não terá de pagar Odebrecht e deve começar a usar receita da Arena em 2021 - Gazeta Esportiva
Corinthians não terá de pagar Odebrecht e deve começar a usar receita da Arena em 2021

Corinthians não terá de pagar Odebrecht e deve começar a usar receita da Arena em 2021

Gazeta Esportiva

Por Tiago Salazar

03/10/2020 às 09:00

São Paulo, SP

O Corinthians ainda não consegue usar nenhuma receita provinda da sua Arena. Todo o dinheiro colhido graças ao estádio, desde a inauguração, em 2014, é destinado à Arena Itaquera S/A, fundo que tem o clube como sócio e é, de fato, dono do espaço. É desta maneira que a Caixa Econômica Federal garante o recebimento do que lhe é de direito pelo empréstimo de R$ 400 milhões.

Este cenário deve mudar em 2021. A Gazeta Esportiva apurou que o clube já trabalha com a ideia de conseguir aproveitar parte da receita que a Neo Química Arena deve produzir.



Acordo com a Odebrecht


O Corinthians já tem um acordo com a Odebrecht e não precisará pagar mais nada à empresa que construiu a casa alvinegra.

A homologação deste tratado só não foi anunciada ainda porque a assembleia de recuperação judicial da Odebrecht Participações e Investimentos (OPI), antes agendada para acontecer em 24 de setembro, foi adiada para 3 de novembro.

O presidente Andrés Sanchez aguarda apenas esta assembleia para receber, em mãos, o que já está acertado nos bastidores.

Como o clube chegou ao acordo


Em meio a uma recuperação judicial para evitar a quebra do grupo, a Odebrecht percebeu que manter o crédito de R$ 1,030 bilhão em seu balanço apenas com a perspectiva de recebimento por meio de receitas de bilheteria do estádio seria equivalente a uma previsão não realizada.

A partir do momento que a empresa assumiu o erro no planejamento e ausência dos créditos em questão, o Corinthians deixou de ser devedor.

A aceitação dos credores se deu por dois motivos: o primeiro é o fato de que os créditos gerariam impostos sobre receitas não realizadas. E o segundo, mais importante, é pela Odebrecht ter garantido o recebimento de R$ 400 milhões por meio dos Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento (CIDs) mediante a entrega da carta de quitação da obra. Com a correção monetária, os títulos significaram aproximadamente R$ 800 milhões.

Ou seja, se não assumisse a falha no planejamento orçamentário sobre a Arena, a Odebrecht não teria previsão para receber o crédito, teria de arcar com os impostos e ainda ficaria sem os CIDs. Portanto, o prejuízo seria ainda maior em um momento que a empresa tenta se reerguer.

Ação da Caixa colaborou


Agora, Andrés Sanchez está focado em chegar a um acordo com a Caixa Econômica Federal.

Em setembro de 2019, o banco entrou com processo para cobrar R$ 536 milhões da Arena Itaquera S/A.

A Justiça suspendeu a ação e deu tempo para que as duas partes cheguem a um consenso. Na visão de quem está participando das negociações, este foi o melhor ato que poderia ter acontecido ao Corinthians.

O acordo judicial evita com que pessoas físicas assumam responsabilidades sobre o que será tratado. Desta maneira, o diálogo ficou mais harmonioso e próximo de um desfecho.

A venda dos naming rights da Arena para a Hypera Pharma no valor total de R$ 300 milhões também foi fundamental para criar este ambiente favorável a novas conversas.

A expectativa é de que Corinthians e Caixa anunciem um acordo até o fim do ano, e o clube espera que a parcela mensal do empréstimo fique na casa dos R$ 3 milhões. Atualmente, esta parcela é de R$ 5,7 milhões. O Corinthians entende que deve, ao todo, R$ 536 milhões.

O que entra


A receita bruta anual com bilheteria da agora chamada Neo Química Arena é de aproximadamente R$ 60 milhões. A receita líquida fica em R$ 40 milhões. Além disso, o clube consegue mais R$ 20 milhões com outras receitas oriundas do estádio, que não bilheteria.

O cenário que se vislumbra


Se o Corinthians conseguir o acordo com a Caixa que diminua a parcela do empréstimo para R$ 3 milhões, como o clube quer, teria então condições de usar os R$ 15 milhões anuais pagos pela Hypera Pharma à vista para amortizar pelo menos cinco parcelas.

Sobrariam sete parcelas por ano, que resultariam em um custo de R$ 21 milhões. Este montante teria a soma dos gastos com despesas de manutenção do estádio, que gira em R$ 27 milhões por ano.

Portanto, com o abatimento das amortizações, possíveis por causa da venda dos naming rights, o Corinthians teria cerca de R$ 60 milhões para pagar uma despesa anual de aproximadamente R$ 48 milhões.

E há quem acredite que sobrariam ainda mais do que os R$ 12 milhões nos cofres alvinegros por conta dos shows, antes vetados, e que o clube já admitiu que a partir de agora fará na Arena, inclusive em cima do gramado.

Ansiedade


Para conseguir pagar seu estádio, o Corinthians não conta com nenhuma receita de bilheteria desde 2013. Os efeitos são sentidos até hoje nas montagens dos elencos. A ansiedade no clube é grande pelo sucesso das tratativas que estão em andamento e próximas de uma conclusão.

A sensação de que a Arena é impagável já não existe mais. Agora, o fato do clube começar a projetar até mesmo a utilização de dinheiro graças ao estádio em meio ao pagamento do mesmo significa um marco na curta, mas polêmica história da casa corintiana.




 

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