Gazeta Esportiva

Carioca da gema, Jair Ventura se diz assustado com Rio de Janeiro

Jair Ventura, técnico do Corinthians, durante coletiva após o treino no CT Joaquim Grava (Parque Ecológico Tietê), Zona Leste da capital paulista.

Jair Ventura nasceu e foi criado na cidade do Rio de Janeiro. Filho de Jairzinho, Furacão da Copa de 1970, o ex-atacante passou por diversos clubes cariocas até ingressar em comissões técnicas do Botafogo. Foram nove anos no clube da estrela solitária e um pequeno período no CSA. Nesse ano, pela primeira vez na carreira, Jair veio se aventurar em São Paulo. Primeiro no Santos, e agora no Corinthians. À Gazeta Esportiva, o técnico comparou não só o futebol entre Estados, como também a situação social.

“A gente vive um momento delicado no Rio de Janeiro, todo mundo sabe. Muitos times com dificuldade financeira, o que você não encontra aqui em São Paulo. Eu senti muito isso no Campeonato Paulista. Times que a gente enfrentou, como o Botafogo-SP, que nós enfrentamos antes da semifinal, 0 a 0, e jogadores que estão disputando Série A, Série B”, comentou, antes de completar.

“E no Campeonato Carioca os jogadores jogam o Campeonato Carioca e ficam sem o ano. Joga só o Campeonato Carioca. E no Paulista, não. Você vê jogadores que vão jogar na Série A, a Série B, então, o nível é muito mais competitivo, a estrutura dos times paulistas você vê que está um pouquinho à frente. Sem contar a situação de violência, que o Rio hoje está muito triste”.

O velho discurso boêmio que envolve o futebol fica de lado para o estudioso e engajado Jair Ventura. Os arranha-céus paulistanos não fazem o treinador se lamentar pela distância do mar. A oportunidade de trabalhar em um grande clube, com uma estrutura de CT e estádio de primeiro mundo saltam aos olhos do promissor comandante.

“Eu estou super-adaptado. Desde que eu virei treinador eu não fui mais para a praia, então, não faz diferença em São Paulo ou no Rio com a praia. Eu estou muito feliz em São Paulo, estrutura muito boa o Corinthians, estrutura nível Europa. A gente conhece alguns países na Europa e a gente trabalha com uma estrutura fantástica, e isso realmente faz a diferença”.

E não é só isso. A situação caótica em que se encontra o Rio de Janeiro fundamentalmente devido à violência desmedida é levada em consideração pelo cidadão fluminense que hoje lidera o grupo corintiano.

“(O Rio de Janeiro) está em um momento muito delicado, principalmente na segurança. No Rio está assustador. Eu estive no Rio esses dias, fui no cinema com a minha esposa e você sai oito horas da noite, nove horas, e não tem ninguém na rua. Está assustador, e eu torço para a gente possa melhorar. Tem as eleições agora e eu torço para que a gente possa recuperar nosso Rio de Janeiro, porque realmente está muito complicado”, relatou, visivelmente sentido pela cidade que o criou.

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Ainda assim, Jair Ventura prefere manter suas convicções políticas reservadas. O fato de ser uma pessoa pública e que diariamente precisa lidar com cabeças antagônicas faz com que o treinador não se manifeste quando de forma mais profunda sobre o delicado assunto.

“Eu sou um cara que conversa bastante, minha sala está sempre aberta, eu chamo os atletas para conversas, mas eu vou até a página dois. Eu tenho de respeitar. Uma coisa que eu aprendi desde pequeno com meu pai é que religião, política e futebol não se discutem. Eu respeito muito todos, acho que o grande segredo de um grande gestor é você respeitar a pessoa que trabalha com você. Eu não vou falar para eles que eles tenham que pensar que nem eu penso, nem mesmo no futebol, porque ninguém pensa, ninguém é o certo, porque futebol você vê de várias maneiras. Eu vou falar o que eu acredito. E sobre política, não entro nesse assunto, acho que cada um tem a sua opinião e eu tenho que respeitar”.

 

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