Formado nas categorias de base do Palmeiras, Gabriel Jesus deixará o time alviverde antes de completar 100 jogos como profissional. Com o atacante já vendido ao Manchester City e convocado para defender a Seleção Brasileira, o clube evita criar expectativa pelo surgimento de um sucessor.
“Nem a Seleção tem outro jogador com as mesmas características: um atacante que faça as duas funções, com explosão, velocidade e faro de gol. Não é fácil ter outro Gabriel Jesus. Nosso foco é formar cada vez mais atletas com potencial para vestir a camisa do Palmeiras no profissional”, disse João Paulo Sampaio, gerente das categorias de base, à Gazeta Esportiva.
Contratado pelo Palmeiras em março de 2015, Sampaio atuou por oito anos como coordenador da base do Vitória, tradicional revelador de talentos. Durante sua carreira, ele contribuiu com o surgimento de atletas como David e Luiz e Hulk, mas viu vários fracassarem pela incapacidade de assimilar a pressão.
“Foram muitos casos, principalmente quando se gera muita expectativa de que o atleta seja diferenciado. A cobrança é maior, ele às vezes não sabe lidar com isso. A torcida pode criar uma expectativa de que esteja nascendo um fenômeno, mas pode ser um bom jogador que precise de tempo até se tornar um atleta top. Temos que tomar cuidado”, explicou.
Nos últimos anos, alguns torneios disputados pelas equipes de base passaram a ser transmitidos ao vivo, especialmente por canais de televisão a cabo. De acordo com João Paulo Sampaio, a maior exposição influencia diretamente a carreira dos jovens.
“Hoje, é muito fácil ser reconhecido na base. Há 20 anos, somente a final da Copa São Paulo era transmitida na TV. Atualmente, qualquer campeonato de base tem transmissão, são 15 canais de esporte. Então, eles já são reconhecidos, mas poucos podem chegar a ter o profissionalismo e a cabeça iguais ao Gabriel Jesus”, reiterou.
Cuca: “Sempre em observação”
Responsável por alterar o posicionamento de Gabriel Jesus em campo, Cuca teve papel importante na evolução do jovem, atual titular da Seleção Brasileira e já vendido ao Manchester City.
“O Gabriel Jesus é um tipo de jogador que aparece, você não consegue criá-lo. E quando aparece, valoriza muito o trabalho da base”, disse Cuca, ex-atleta profissional.
Contratado em março, o técnico promoveu Augusto e Vitinho em abril e segue atento aos jovens, que trabalham regularmente na Academia. “Estão sempre em observação”, resumiu.
Atual líder do Campeonato Brasileiro e quadrifinalista da Copa do Brasil, o Palmeiras investiu pesado na formação de seu elenco, mas não abre mão de atletas que passaram pela base, como Matheus Sales, João Pedro e Thiago Martins, já utilizados por Cuca.
O técnico é o responsável por promover o zagueiro Augusto e o meia Vitinho ao time principal – o segundo tem 18 anos, é visto como grande promessa e participou de quatro partidas, duas na Copa do Brasil e duas no Campeonato Brasileiro. Questionado sobre os novos talentos alviverdes, o coordenador da base é cauteloso.
“Temos muitos jogadores promissores, mas não falo em nomes. Se não, podemos criar essa expectativa exagerada que queremos evitar. O Gabriel Jesus foi trabalhado, subiu ao profissional como um bom atacante e foi preparado para atingir o nível de hoje”, afirmou Sampaio.
Na temporada de 2016, o Palmeiras teve 24 atletas convocados pelas Seleções de base entre as categorias sub-15 e sub-23. Segundo João Paulo Sampaio, o sucesso precoce de Gabriel Jesus vem funcionado como um imã para atrair outros garotos com potencial.
“A expectativa aumenta, mas também é bom, porque muitos meninos estão procurando o Palmeiras. O Gabriel é um cartão de visitas, que traz o reconhecimento de que o Palmeiras está revelando, que formou um dos melhores do país na base. Ajuda na hora de convencer outros jovens jogadores a optarem pelo clube”, afirmou.
*Colaborou Edoardo Ghirotto
