Atletas ucranianos se rebelam contra possível participação russa nos Jogos de Paris 2024 - Gazeta Esportiva
Atletas ucranianos se rebelam contra possível participação russa nos Jogos de Paris 2024

Atletas ucranianos se rebelam contra possível participação russa nos Jogos de Paris 2024

Gazeta Esportiva

Por AFP

07/04/2023 às 21:30

São Paulo, SP

Enquanto a Rússia invadia a Ucrânia, as ucranianas do nado sincronizado Maryna e Vladyslava Aleksiiva receberam mensagens de atletas russos que apoiavam o início da guerra. Hoje elas prometem boicotar os Jogos Olímpicos de Paris de 2024 se os atletas da nação agressora receberem permissão para participar.

As irmãs gêmeas de 21 anos, que conquistaram a medalha de bronze por equipe nos Jogos de Tóquio em 2021, tiveram que fugir de sua cidade natal, Kharkov, quando mísseis começaram a cair, interrompendo suas vidas e sua preparação para as Olimpíadas de 2024.



Quando a guerra começou, em fevereiro de 2022, os atletas russos foram excluídos da maioria das competições esportivas mundiais, mas o Comitê Olímpico Internacional (COI) abriu as portas à sua reintegração, sob bandeira neutra, no mês passado, acrescentando que a participação deles nos Jogos de Paris seria decidida mais tarde.

"Talvez seja melhor não permitir um país terrorista que matou nossos atletas", disse Maryna Aleksiiva à AFP, após um treino de seis horas em uma piscina de Kiev.

A nadadora diz ter recebido mensagens "malucas" quando Vladimir Putin decidiu invadir a Ucrânia. Nesses textos, os atletas disseram a ela que o presidente russo e seu exército estavam fazendo isso para ajudar o povo ucraniano.

Kiev afirma que pelo menos 343 instalações esportivas foram danificadas na campanha militar russa, incluindo a piscina onde as irmãs Aleksiiva treinavam em Kharkov.

O COI "deve mostrar que os Jogos Olímpicos são da paz, deve mostrar isso ao mundo inteiro", diz Maryna.

As autoridades ucranianas acusaram o COI de promover a guerra ao abrir caminho de integração para atletas da Rússia e de Belarus, país aliado de Moscou que cedeu seu território para permitir a invasão.

Vários países ocidentais também se opuseram aos planos da instituição olímpica.

O presidente do COI, o alemão Thomas Bach, que mantém boas relações com Moscou, rejeitou esses movimentos, chamando-os de "interferência política".

Silêncio como indicador

O COI recomendou a reintegração dos russos e bielorrussos em torneios internacionais após a validação das federações envolvidas, mas apenas sob bandeira neutra, "a título individual", desde que os atletas não tenham apoiado "ativamente" o conflito e não tenham "contrato" com o exército russo.

Moscou criticou esses critérios, que considera "discriminatórios".

O mergulhador ucraniano Stanislav Oliferchik lembra que os atletas de seu país não conseguem treinar direito e vivem com medo, ao contrário dos russos.

"Como temos um alerta antiaéreo, os nadadores e nadadores em trajes de banho correm para os abrigos antiaéreos e esperam o fim do som das sirenes", explica, enquanto os russos "treinam com calma, em condições serenas".

Oliferchik, que acordou com as explosões no primeiro dia da invasão, em 24 de fevereiro de 2022, só conseguiu treinar uma vez na nova piscina de sua cidade natal, Mariupol, conquistada meses depois pelas forças russas após uma campanha que deixou a cidade destruída, com milhares de mortos.

Sobre seus companheiros russos, o mergulhador diz que eles estão "em silêncio". "É um indicador, acredito eu, de seu apoio a esta guerra", afirma.

A ideia de uma participação de russos e bielorrussos sob uma bandeira neutra não o convence: "Todos conhecem o país que representam. Se houver autorização, nossa equipe vai boicotar".

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