Após fazer história, Etiene Medeiros tem cautela sobre Tóquio 2020 - Gazeta Esportiva
Após fazer história, Etiene Medeiros tem cautela sobre Tóquio 2020

Após fazer história, Etiene Medeiros tem cautela sobre Tóquio 2020

Gazeta Esportiva

Por Fernanda Silva

21/08/2017 às 09:00

São Paulo, SP

Etiene detém 11 medalhas de ouro em competições internacionais (Foto: Satiro Sodré/Divulgação)


Depois de se sagrar a primeira mulher brasileira a conquistar medalha de ouro em um Mundial de natação de piscinas longas, em Budapeste, na Hungria, a dona do feito nos 50m costas, Etiene Medeiros, ganhou férias. Ela agora volta para Recife, onde aproveitará o descanso ao lado dos pais, mas ainda no final do mês retoma os treinamentos para as próximas competições.

Antes de embarcar para sua terra natal, a pernambucana voltou a subir ao pódio, na última semana. No Troféu José Finkel disputado no ginásio da Unisanta, em Santos, ela fez bonito na competição nacional e venceu a mesma prova que a tornou campeão do mundo, com tempo de 28s44. Ela triunfou também nos 50m livre (25s16).

“Faz anos que estamos despontando e agora estou muito orgulhosa”, afirmou a atleta em entrevista à Gazeta Esportiva. “Fico muito feliz em ser pioneira nisso tudo, vejo que estamos evoluindo”. O Mundial de Budapeste, no último mês, iniciou ciclo olímpico para 2020. Na prova realizada no dia 2 de julho, ela conquistou o primeiro lugar com marca de 27s14, em disputa acirrada com a chinesa Yuanhui Fu.

Apesar de celebrar os bons resultados, Etiene afirma que não é possível fazer previsões para as próximas Olimpíadas, que serão em Tóquio. “Vivo um momento de cada vez. Ainda estamos a três anos dos Jogos e estamos em transformação”, declarou a atleta.

Além do bom desempenho pessoal, para ser convocada aos próximos Jogos, ela depende também do índice estabelecido pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). “Estamos em uma etapa de treinamento. Por enquanto, estamos colocando combustível para então lapidarmos e darmos nosso melhor”, ressalta.

Em seu primeiro ciclo olímpico, a nadadora esteve ao lado de Flávia Renata Delaroli, Michelle Lenhardt e Fabíola Molina. Agora, vê a equipe se modificando.  “É uma nova Seleção que está ganhando força”, declara. “Estamos em transformação e um período de reciclagem não é feito de um dia para o outro”.

Até a próxima Olimpíada, o objetivo de Etiene é manter as boas marcas. Para isso, a atleta seguirá uma programação com metas a serem cumpridas. Ela treina de segunda a sábado, cinco horas por dia — quatro na água e uma de preparo físico. O próximo desafio dela é a nona etapa da Copa do Mundo de natação, que começa em 14 de novembro e será realizada na Capital japonesa.

“Sabemos que não temos o mesmo nível do masculino, mas estamos em transformação e lutando por isso”. Para a atleta, o machismo está presente em todos os lugares, inclusive no esporte. “Eu tento levar melhor de cada coisa, não só do esporte, por isso, não deixou isso me atingir”. Para ela, o importante é a dedicação e o esforço. “O atleta vive da paixão e tem que mostrar isso para os outros”.




Depois do Rio

Hoje, para manter-se financeiramente, Etiene conta com o salário da Marinha, o apoio do Sesi, seu clube, e do Time Pernambuco. “Estou nessa vida há muito tempo, eu não vejo algo como ‘viver do esporte’, mas é importante ter mais apoio para continuar com o bom desempenho”.

Segundo a campeã mundial, depois do Rio 2016, a busca por patrocinadores está sendo difícil. “Alguns atletas que conquistaram medalhas estão com dificuldades para conseguir apoio, imagina para quem não subiu ao pódio”.

No último ano, após uma estreia triste, com a eliminação precoce nos 100m costas, Etiene avançou às finais dos 50m livres com seu melhor tempo da carreira, fazendo 24s45. Depois de quebrar o recorde sul-americano na semifinal, a pernambucana marcou 24s69 na luta pelo pódio e ficou com a oitava colocação.

A atleta defende que os erros devem ser deixados para trás. Ela afirma isso ao falar das polêmicas enfrentadas pela CBDA, que envolvem fraudes em licitações para comprar itens esportivos com recursos federais, em 2014. “A má fase da CBDA é página virada e está no passado, estamos em um momento legal e a Confederação está com cara nova”, declarou, otimista. Para ela, as reformulações recentes e a mudança no comando da entidade foram positivas. “Estamos evoluindo”, declarou.

 

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