Europa em choque: Manchester City banido da Liga dos Campeões por 2 anos - Gazeta Esportiva
Europa em choque: Manchester City banido da Liga dos Campeões por 2 anos

Europa em choque: Manchester City banido da Liga dos Campeões por 2 anos

Gazeta Esportiva

Por Redação

17/02/2020 às 12:50

São Paulo, SP

O futebol europeu está em choque depois de ter sido tornado público que o Manchester City estará, ao que tudo indica, proibido de participar nas duas próximas edições da Liga dos Campeões (temporadas 2020/21 e 2021/22). O clube inglês liderado pelo magnata Khaldoon Al Mubarak não cumpriu os regulamentos de Fair-play financeiro impostos pela UEFA, que é a organização encarregue de tutelar o futebol europeu. O castigo aplicado ao campeão de Inglaterra inclui uma multa de 30 milhões de euros (R$140 milhões) e é, até ao momento, a mais grave sanção alguma vez imposta de acordo com as regras do Fair-play financeiro.



O jornal inglês The Guardian revelou que o Manchester City terá mentido nos relatórios de contas que apresentou à UEFA de modo a balançar as suas finanças. Os patrocínios recebidos pelo campeão inglês na presente temporada terão alegadamente sido inflacionados de modo a não irem contra as leis do Fair-play financeiro. Em comunicado oficial, o Manchester City revelou estar “desiludido”, mas não "surpreendido" pelas sanções impostas pela UEFA e revelou que vai recorrer da decisão junto do TAS (Tribunal Arbitral do Esporte). Desde que as regras de Fair-play financeiro da UEFA entraram em vigor em 2013, todos os clubes europeus são obrigados a respeitar o código de conduta desportiva que impede que os gastos em transferências sejam desproporcionais em relação às receitas obtidas.

Manchester City gastou centenas de milhões, mas não foi o único

O Manchester City foi um dos clubes mais ativos no mercado de transferências durante o último Verão, apresentando gastos no valor de 166 milhões de euros. O clube contratou o médio espanhol Rodri ao Atlético de Madrid por 70 milhões e o lateral-direito português João Cancelo à Juventus por 65 milhões, tendo ainda investido aproximadamente 30 milhões nos passes dos jovens Pedro Porro, Angeliño, Zach Steffen, e Ryotaro Meshino. No mesmo período, vendeu um total de 5 jogadores, mas obteve receitas de apenas 69 milhões de euros. A venda mais lucrativa foi a do brasileiro Danilo, que saiu por 37 milhões para a Juventus; Douglas Luiz e Fabian Delph, que saíram para os rivais ingleses do Aston Villa e do Everton, renderam pouco mais de 20 milhões.

O saldo negativo de transferências do Manchester City está, no entanto, muito longe de ser o único exemplo de clubes europeus que gastam mais do que aquilo que recebem. O Real Madrid investiu 337 milhões e recebeu apenas 130, o Barcelona gastou 255 milhões e recebeu apenas 158, e a Juventus apresentou um excesso de gastos no valor de 22 milhões de euros. Na última janela de transferências, os destaques vão para a saída de Eden Hazard do Chelsea para o Real Madrid, que valeu 100 milhões de euros ao clube de Stamford Bridge e ainda para a contratação de Harry Maguire por parte do Manchester United, num negócio que valeu 80 milhões de euros ao Leicester City.

Fair-play financeiro e clubes milionários

As regras de Fair-play financeiro da UEFA foram colocadas em prática desde 2013, servindo como uma reposta da federação desportiva face à ameaça dos clubes milionários. De modo a equilibrar o nível competitivo dos principais campeonatos europeus, a UEFA passou uma série de medidas focadas na prevenção de investimentos futebolísticos de larga-escala. O primeiro clube milionário da era moderna do futebol europeu foi o Chelsea. O clube londrino ressurgiu praticamente do nada depois do magnata russo Roman Abramovich ter decidido depositar milhões na contratação do treinador português José Mourinho e de jogadores de alto nível como Michael Ballack, Andriy Shevchenko, Hernán Crespo, ou Ricardo Carvalho.

(foto: AFP)


O projeto de Abramovich foi tão bem-sucedido que deu origem a uma vaga de clubes milionários um pouco por toda a Europa. O Manchester City renovou-se completamente graças à contratação de grandes craques como Sergio Aguero, Robinho, ou Carlos Tévez, e o exemplo dos citizens foi fielmente seguido em França, com o advento do Paris Saint-Germain. O histórico clube de Paris não ganhava um campeonato há vários anos, mas uma tremenda injeção financeira ajudou os parisienses a voltar aos títulos. A contratação de Neymar ao Barcelona é ainda a mais célebre compra da história do campeão francês, mas os primeiros exemplos notáveis foram mesmo os de Zlatan Ibrahimovic, Thiago Silva, Edison Cavani, ou Javier Pastore.

Por que o Fair-play financeiro?

As regras de Fair-play financeiro da UEFA têm como objetivo combater o advento dos clubes milionários e "resgatar" a competitividade dos principais campeonatos europeus. Infelizmente, a tarefa não foi totalmente bem-sucedida. Na França o Paris Saint Germain tem apresentado um domínio avassalador, na Rússia o Zenit (patrocinado pelos gigantes de energia Gazprom) tem estado muito à frente da concorrência, e na Áustria o Salzburgo (que foi comprado pela Red Bull) não tem dado qualquer hipótese aos seus principais rivais. Apesar das regras de Fair-play financeiro, projetos milionários mais recentes - como o do Leipzig na Alemanha ou o do Mónaco na França - têm continuado a dar azo a bons resultados desportivos. Ao que parece, o dinheiro faz mesmo toda a diferença no futebol.

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