Roger e Diniz: um duelo entre estilos de jogo opostos e complementares - Gazeta Esportiva
Roger e Diniz: um duelo entre estilos de jogo opostos e complementares

Roger e Diniz: um duelo entre estilos de jogo opostos e complementares

Gazeta Esportiva

Por Bruno Calió

05/05/2018 às 11:00 • Atualizado: 05/05/2018 às 12:53

São Paulo, SP

O duelo entre uma equipe que pressiona seus adversários, especialmente fora de casa, e um time que absolutamente não se incomoda com essa situação. Esse é o cenário da partida entre Palmeiras e Atlético-PR, que oporão estilos de jogo (não completamente) diferentes neste domingo, às 16h (de Brasília), na Arena da Baixada.

“Como treinador, sempre busco o resultado. Mas tão importante quanto isso é como você consegue. Competitividade sem perder a beleza. Tem que se preocupar com a estética também, o torcedor merece isso. A crítica ao meu estilo de jogo é sobre tentar fazer futebol moderno. Discordo, porque o que desejo é voltar para trás. Se pegar o time da Academia do Palmeiras, Ademir da Guia, os grandes craques do passado, tínhamos time competitivo também”.

O discurso de Roger Machado logo em sua apresentação já mostrou a ousadia – ou ousadura, para alguns – no plano do treinador. Não basta conquistar os resultados, fundamental para a sequência de trabalho no futebol brasileiro, é preciso estabelecer um estilo de jogo próprio e que perdure com trocas de peças e até no próprio comando da equipe, algo com eficiência comprovada no maior rival.

(Foto: Montagem GazetaPress)


A ideia até pode aparecer simples, como tudo sob a ótica da arquibancada, mas está longe da trivialidade no dia a dia. No Verdão, que teve cinco diferentes filosofias de jogo (Marcelo de Olveira, Oswaldo de Oliveira, Cuca, Alberto Valentim e Eduardo Baptista) nas três últimas temporadas, o plano é ainda mais complicado, mas Roger tem tudo traçado: “Jogar como se treina, e treinar como se joga”.

Os treinos de Roger Machado têm ampla variação, mas um número reduzido de conceitos. A pressão para recuperar a bola é sempre máxima e imediata, o passe de apoio é ferramenta fundamental, o perde-pressiona essencial, e o posicionamento em campo segue o mesmo desenho: um grande 'bobinho', como diz o treinador, no formato de um círculo de sete atletas, com três (normalmente os meio-campistas) pelo centro.

E é aí que os conceitos de Roger mais batem com os de Diniz. Não na maneira de enxergar o jogo, mas na aplicação durante os treinos. As atividades, inclusive, foram tudo que o treinador do Furacão teve nos primeiros meses do ano, em que o Atlético-PR poupou seu elenco profissional durante a disputa do campeonato estadual.

Outra semelhança está no desafio de implantar sua metodologia em um novo clube. O Rubro-Negro, que sempre baseou seu jogo em transições rápidas e verticais, tentando marcar gols dando poucos toques na bola, decidiu mudar sua proposta de fora para dentro: Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo do clube, sugeriu a alteração para o jogo de posse, com a ideia de que o clube passasse de coadjuvante para protagonista.




Com Eduardo Baptista, Paulo Autuori e Fabiano Soares os resultados foram pífios no ano de estreia do modelo de jogo e as críticas ao desempenho da equipe, com “uma posse de bola inútil”, foram grandes. Para 2018, Fernando Diniz foi contratado e, com um estilo de ‘ousado’, o treinador soube conciliar suas ideias com o nível de competitividade que precisa ser apresentado na Série A do Campeonato Brasileiro.

Em pouco tempo (de jogo, não treino), muito mudou. O sistema tático saiu do usual 4-2-3-1 brasileiro para o 3-4-3 atacando e 5-4-1 defendendo. Agora, a posse de bola acontece em sua maioria no campo de ataque, onde o clube troca mais da metade de seus passes.

A amplitude, em relação ao time de Roger Machado, é consideravelmente maior. Para Diniz, trata-se de ‘aumentar’ o campo, enquanto o palmeirense teme que isso cause o espaçamento entre os ‘pontos de seu círculo’. Apesar da diferença, a saída de três (quando Felipe Melo joga pelo Verdão), o jogo apoiado e posicional para triangulações, a intensidade, profundidade e jogo nas entrelinhas são características em comum.

No país onde o tempo mais se escasseia no futebol, Fernando Diniz e Roger Machado vão conciliando resultados e inovações. As instabilidades já apareceram na temporada, e se farão presentes outras vezes ao longo do ano, mas resta a Atlético-PR e Palmeiras deixar amadurecer as ideias e conceitos durantes meses, para colher frutos em uma década.

https://www.youtube.com/watch?v=dDD4HSIcVnM

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