O primeiro campeonato de Ronaldo no Corinthians não só mostrou a importância que o jogador teria no time, como rendeu jogadas históricas para o futebol protagonizadas pelo Fenômeno. Como estreou na metade do torneio, foram apenas 10 jogos disputados pelo camisa 9 no Paulistão, o bastante para desequilibrar e levar o Corinthians ao título, com oito gols marcados.
Na primeira fase, depois do Palmeiras, São Caetano, Ponte Preta e Ituano foram vítimas do artilheiro. Mas foi no mata-mata que o torcedor corintiano descobriu como o Fator Ronaldo pesava a favor do time.
Diante de um São Paulo tricampeão brasileiro, o Corinthians fez dois jogos memoráveis pela semifinal. Primeiro vencendo no Pacaembu, no último minuto com um gol de Cristian de fora da área para fazer 2 a 1. Na volta, com a vantagem no Morumbi, o Timão conquistou mais uma vitória maiúscula por 2 a 0, com direito a um gol de Ronaldo, que apostou corrida com Rodrigo e, mesmo ‘gordinho’, como o próprio Mano brincou, venceu o zagueiro e o goleiro Bosco para decretar a vaga na final alvinegra.
A decisão contra o Santos, começando na Vila Belmiro, foi um encontro de gerações, com Ronaldo puxando o Corinthians e a dupla sensação formada por Neymar e Ganso começando a história vitoriosa pelo Peixe.
No clássico alvinegro, naquele 26 de abril, o Corinthians calou a Vila mais famosa do Brasil com um show à parte do Fenômeno e a vitória por 3 a 1. Embalado pelas boas atuações, o Timão abriu o placar no começo do jogo com um gol de falta de Chicão. Pouco depois, Ronaldo aumentou a vantagem, com um domínio de craque e um chute rasteiro que venceu Fábio Costa.
No segundo tempo, o Santos pressionou e descontou. Mas, quando o Peixe tentava engrenar para o empate, Ronaldo aprontou e marcou, talvez, seu gol mais bonito com a camisa do Corinthians. Limpando a marcação com um toque de letra e, de fora da área, percebendo o posicionamento de Fábio Costa, o Fenômeno encobriu o goleiro e correu para o abraço.
No jogo de volta, no dia 3 de maio, o Corinthians administrou bem a vantagem e empatou com um gol de André Santos para garantir o grito de campeão. Seis anos depois, o time voltava a conquistar um título paulista, que, sobretudo, deu moral e confiança no retorno da Série B para o que vinha pela frente.
Coroação nacional
Depois de estrear pelo Corinthians na primeira fase da Copa do Brasil, Ronaldo voltou a participar da competição já nas oitavas de final, em meio à decisão do Estadual, exatamente entre os dois jogos da final contra o Santos, no dia 29 de abril.
Após comandar a ótima vitória sobre o rival na Vila Belmiro, Ronaldo e companhia viajaram até Curitiba para encarar o Athletico, onde foram surpreendidos e deixaram a Arena da Baixada com um revés de 3 a 2. Uma semana depois, já campeão paulista, o time recebeu os paranaenses no Pacaembu para um jogo pegado, com Ronaldo buscando a responsabilidade e marcando os dois gols que o Corinthians precisava para o avanço às quartas de final.
O jogo foi marcante para Chicão, que lembra com carinho de uma atitude de Ronaldo. “Lembro de um jogo contra o Athletico, teve um pênalti que ele veio e me perguntou se eu queria bater. E eu falei: ‘Capaz! Você, melhor do mundo tantas vezes, pode ficar à vontade.’ Isso mostra a humildade e o caráter que ele tem, de ser uma pessoa simples”, contou Chicão à Gazeta Esportiva, que, antes de Ronaldo, era o batedor oficial do Corinthians.
Nas fases seguintes, diante de Fluminense e Vasco, nas quartas e semifinais, respectivamente, Ronaldo passou em branco, mas não deixou de ser uma peça fundamental para o time, que teve vida difícil diante da dupla carioca.
Na final contra o Internacional, que também vinha da conquista do Estadual e era o atual campeão da Copa Sul-Americana, o Corinthians foi com a mesma confiança vista antes na decisão contra o Santos, meses mais cedo. Dessa vez começando a disputa pelo título ao lado de sua torcida, o Pacaembu viu o time construir uma boa vantagem, de 2 a 0, com gols de Jorge Henrique, ainda no primeiro tempo, e Ronaldo, voltando a fazer a diferença em jogos importantes, marcando já na segunda etapa.
O belo gol do camisa 9, que contou com a corrida, o corte na zaga e o chute no canto direito de Lauro ainda rendeu inúmeras reclamações do lado colorado e provocações alvinegras, com o famoso caso do DVD, produzido pelo Inter com lances em que a arbitragem teria favorecido o time do Parque São Jorge.
O jogo de volta, no dia 7 de julho, teve de tudo, desde domínio corintiano, reação colorada e até confusão dentro de campo. E, mesmo sem a marca de Ronaldo, o Corinthians segurou o 2 a 2 e se sagrou tricampeão da Copa do Brasil, solidificando o ótimo retorno à elite nacional, o bom trabalho feito pela direção e por Mano Menezes, além da estrela do Fenômeno, que foi fundamental para as duas conquistas do time no primeiro semestre de 2009.
Na sequência do ano, o Corinthians levou o Campeonato Brasileiro sem a mesma intensidade. Já com vaga na Libertadores garantida e longe da disputa do título, o time não tinha grandes pretensões no campeonato, mas ainda viu boas atuações de Ronaldo. Em 20 jogos, o camisa 9 marcou 12 gols, com direito a hat-trick diante do Fluminense, mais dois gols em cima do Palmeiras e outro sobre o São Paulo. Cumprindo tabela, o Timão terminou em 10º lugar, com uma campanha regular.
*Especial para Gazeta Esportiva