Esperança de novo título brasileiro marca temporada 2015/16 da NBA - Gazeta Esportiva
Esperança de novo título brasileiro marca temporada 2015/16 da NBA

Esperança de novo título brasileiro marca temporada 2015/16 da NBA

Gazeta Esportiva

Por Olga Bagatini, especial para a GE.net

27/10/2015 às 11:11 • Atualizado: 27/10/2015 às 11:18

São Paulo, SP

Os fãs de basquete podem comemorar. Após quatro meses de espera, a NBA está de volta. A bola laranja volta a subir nesta terça-feira, nos duelos entre Chicago Bulls e Cleveland Cavaliers, Atlanta Hawks e Detroit Pistons, às 22h (de Brasília), e do campeão Golden State Warriors contra o New Orleans Pelicans, à 00h30. E o Brasil, mais uma vez, terá recorde de representantes nacionais na competição, com nove no total.

Além do atual campeão Leandrinho (Golden State Warriors) e dos veteranos Tiago Splitter (Atlanta Hawks), Anderson Varejão (Cleveland Cavaliers) e Nenê Hilário (Washington Wizards), o Brasil conta com os segundanistas Lucas “Bebê” Nogueira e Bruno Caboclo (Toronto Raptors),  e os calouros Marcelinho Huertas (Los Angeles Lakers), Cristiano Felício (Chicago Bulls) e Raulzinho Neto (Utah Jazz). A expectativa em torno das campanhas dos brasileiros, responsáveis por angariar dois anéis nas últimas duas temporadas, é alta. Mas o que esperar?

Ala dos Warriors, Leandrinho exibiu boas atuações nos últimos playoffs, teve o contrato renovado e deve ganhar mais minutos na rotação de Steve Kerr. E as chances de conquistar o segundo anel consecutivo são consideráveis: a franquia de Oakland, do MVP Stephen Curry, manteve toda a base do elenco que atropelou os Cavaliers na final e é uma das grandes favoritas na complicada Conferência Oeste.

Defendendo o título, Leandrinho inicia sua segunda temporada com os Warriors (foto: AFP)
Defendendo o título, Leandrinho inicia sua segunda temporada com os Warriors (foto: AFP)


No entanto, se não é fácil alcançar o topo, mais difícil é manter-se nele. Na história da NBA, equipes só foram capazes de defender títulos em 12 ocasiões. O Boston Celtics, liderado por Bill Russell, detém o recorde de títulos consecutivos (octacampeão entre 1959 e 1966). Além da dificuldade de manter a regularidade e o nível de 2014/15, a franquia californiana passou a ser mais visada, e os demais times investiram pesadamente em reforços na pré-temporada. San Antonio Spurs e Los Angeles Clippers serão os principais adversários na briga pela dianteira.

Na pacata Conferência Leste, o Cleveland, de Varejão, é a principal força. A franquia de Ohio sofreu com as contusões na reta final do torneio e viu o troféu escapar, mas contou com o retorno de Kyrie Irving e Kevin Love, trouxe algumas peças importantes como os veteranos Richard Jefferson e Mo William, e elaborou um planejamento para prevenir lesões. Tudo isso para dar o passo que falta rumo ao inédito (e tão aguardado) título.

O pivô brasileiro, totalmente recuperado da grave lesão que o deixou de fora de três quartos da temporada, vai revezar o papel no garrafão com o russo Timofey Mozgov, contratado para substituí-lo durante sua ausência. Em entrevista à Gazeta Esportiva, Varejão refutou o favoritismo ante à paridade da liga e exaltou o trabalho árduo realizado pelo técnico David Blatt.

Ao lado de King James, Varejão usa queda na final como motivação para buscar o título inédito (foto: Divulgação)
Ao lado de King James, Varejão usa queda na final como motivação para buscar o título inédito (foto: Divulgação)


"Somos, sim, um dos times candidatos. Mas há várias equipes fortes e favoritismo não entra em quadra. A temporada será ainda mais equilibrada e nivelada, todos os times se reforçaram muito bem, então temos que fazer mais que os outros para merecer e vencer na bola. Estamos confiantes, mas sabemos das dificuldades que vamos ter pela frente e estamos nos preparando da melhor maneira para isso”, disse o jogador.

Splitter e Nenê, por outro lado, terão menos tempo em quadra. O pivô catarinense, primeiro brasileiro a conquistar a NBA em 2013/14, deixou o San Antonio Spurs após cinco anos e rumou para o Atlanta Hawks, finalista da Conferência Leste. Embora pouco aproveitado na formação de Gregg Popovich na última temporada, o atleta de 2,11m encontrou muita concorrência no garrafão do Atlanta, que conta com os talentosos Al Horford e Paul Millsap, e ficará no banco. Splitter é, no entanto, o único campeão do elenco e tentará aproveitar sua experiência para ajudar a equipe a quebrar um jejum que já dura quase 70 anos.

O pivô de São Carlos fará sua quarta temporada com a camisa dos Wizards. O time, que não vence a NBA desde 1978, sofreu com irregularidade e lesões e acabou caindo para os Hawks na semifinal do Leste. De lá para cá, perdeu o lendário Paul Pierce e contratou alguns veteranos, mas dificilmente brigará por algo maior na temporada. Por opção técnica, Nenê - em sua 14ª temporada e cheio de problemas físicos - será reserva de Kris Humphries (sim, o ex-marido de Kim Kardashian).

Splitter se transferiu para os Hawks após cinco temporadas (e um anel) com os Spurs (foto: AFP)
Splitter se transferiu para os Hawks após cinco temporadas (e um anel) com os Spurs (foto: AFP)


O Toronto Raptors de Bruno Caboclo e Lucas "Bebê" Nogueira, varrido pelos Wizards na primeira rodada dos playoffs, mas se reforçou muito bem, principalmente no setor defensivo. Os alas DeMarre Carroll (Hawks) e Anthony Bennett (Timberwolves), primeira escolha do Draft 2013, são as principais contratações.

A dupla brasileira não teve muitas aparições no ano passado e foi enviada mais de uma vez à D-League (Liga de Desenvolvimento) para adquirir experiência e ritmo de jogo. Porém o ala e pivô ganharam algum espaço na pré-temporada e podem ter mais minutos na rotação do técnico Dwane Casey. Caboclo, que passou o verão do hemisfério norte no Canadá para aperfeiçoar seu jogo, exaltou a paciência e a confiança demonstradas pela comissão técnica.

"Isso me ajuda bastante, pois vejo que todos aqui contam comigo e têm planos para mim. Estou crescendo e querem o meu melhor, sei que vou ter oportunidades e preciso estar pronto para quando elas aparecerem", disse o jogador, que espera ver a franquia canadense brigando pelas primeiras posições.

Bruno Caboclo e Lucas Bebê
Mais experientes, Bebê e Caboclo devem ganhar minutos na rotação dos Raptors (foto: Divulgação/NBA)


A estreia mais esperada é do armador Marcelinho Huertas, do Los Angeles Lakers. Aos 32 anos, o calouro com pinta de veterano fará sua estreia na NBA após uma década no basquete europeu, no qual se firmou no cenário mundial vestindo a camisa do Barcelona. A permanência de Huertas na franquia californiana era uma incógnita devido a uma lesão que o tirou dos primeiros jogos. Mas o brasileiro se recuperou e teve excelentes atuações na pré-temporada. Sua generosidade nas assistências foi muito elogiada pelo técnico Byron Scott e os novos companheiros, inclusive por Kobe Bryant.

Huertas chegou para ser o reserva dos jovens Jordan Clarkson e D'Angelo Russell, segunda escolha do Draft, mas nada impede que sua experiência lhe conceda um posto no quinteto titular. A missão do brasileiro será criar as jogadas da tradicional equipe para buscar a reabilitação após o vexame do ano passado, quando os Lakers obtiveram a pior campanha de sua história, com 21 vitórias em 82 jogos. Além de Huertas, outra novidade é o retorno do icônico Metta World Peace, campeão no aurirroxo em 2010.

Marcelinho Huertas vai estrear na NBA com uma carga de dez anos de experiência no basquete europeu (foto: Noah Graham/AFP)


Outro brasileiro que colecionou elogios na pré-temporada foi o armador Raulzinho Neto, do Utah Jazz. O jogador chegou para compor o banco de reservas de Trey Burke ao lado do segundanista Dante Exum, e se aproveitou de uma lesão do australiano para ganhar mais oportunidades com o técnico Quin Snyder. A exemplo de Huertas, deve ter aparições na formação inicial.

A franquia de Salt Lake City dificilmente briga por vaga no mata-mata no complicado Oeste. A esperança é o entrosamento dos jogadores, a manutenção das ótimas médias do ala Gordon Hayward e a força no garrafão.

Por fim, o pivô Cristiano Felício terá a oportunidade de atuar ao lado dos craques Pau Gasol e Joakim Noah no garrafão do Chicago Bulls. O ex-jogador do Flamengo teve sua contratação confirmada na segunda-feira, e garantiu que vai aproveitar ao máximo os ensinamentos passados pelos experientes veteranos para ganhar a confiança do elenco nesse período de adaptação.

"Está sendo muito bom pra mim. Estou tentando assimilar o máximo que posso. Gasol e Noah são dois pivôs de excelência, referências mundiais, e tê-los ao meu lado, nesse momento de chegada à NBA, está me ajudando a crescer e evoluir o meu jogo. Sei que tenho muito a melhorar, mas estou me dedicando e treinando forte para aproveitar todas as oportunidades. Noah vem me dando conselhos, me orientando bastante, inclusive sobre o que fazer e o que não fazer dentro e fora de quadra", revelou Felício.

Felício (dir) terá a chance de aprender com Pau Gasol e Joakim Noah, dois dos maiores pivôs da liga (foto:  Bart Young/AFP)
Felício (dir) terá a chance de aprender com Pau Gasol e Joakim Noah, dois dos maiores pivôs da liga (foto: Bart Young/AFP)


O Brasil, que havia começado a temporada 2014/15 da NBA com sete representantes, superou o próprio recorde e levou peças de qualidade às principais potências da liga norte-americana. As chances de vermos mais um atleta nacional erguendo o troféu ao fim da temporada são grandes. Esse número é reflexo de uma série de medidas tomadas para fortalecer o basquete nacional e aproximar a NBA do Brasil, através de parcerias e amistosos internacionais, como o Global Games.

"Nossa Seleção vem jogando bem, competindo em alto nível internacionalmente, e isso influencia. Nossa liga local está forte e bem estruturada, e as participações do Flamengo e do Bauru nos amistosos também ajudam. A NBA chegou de vez ao Brasil. Tudo isso são fatores que colaboram bastante. Mas o segredo é o talento dos nossos jogadores. Talento e oportunidade", opinou Varejão.

Splitter acredita que a falta de estrutura e incentivo em um País predominado pelo futebol acaba prejudicando o surgimento de novas peças. "Temos uma mina de ouro a ser explorada, e cada vez mais jovens com potencial. Infelizmente, ainda temos poucos treinadores que apoiam o basquete nas escolas, e poucas escolas com estrutura", completou o pivô, que quebrou os paradigmas e entrou para a história com o inédito título da maior liga de basquete do mundo.

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