Thaisa vê Superliga enfraquecida e exalta nível do vôlei europeu
Por Camila Del Manto Bomtempo*
13/12/2016 às 10:33 • Atualizado: 13/12/2016 às 10:36
São Paulo, SP
Para Thaisa, o enfraquecimento da Superliga se deve principalmente pela saída das atletas do País. Fabíola e Mari Paraíba defendem o Volero Zurich, da Suíça; Fernanda Garay está no chinês Guangdong Evergrande V.C, enquanto Sheilla atuou no turco Vakıfbank Istanbul até este ano. "É algo triste", afirmou.
Diante deste cenário, Thaisa exaltou que está feliz na Turquia e não se arrepende de ter escolhido o Eczacibasi Vitra, mesmo com o rodízio de atletas que realiza o técnico Massimo Borbolini, algo incomum nas equipes brasileiras. Para a bicampeã olímpica, a medida não desanima as jogadoras, e faz com que todas tenham chance na equipe, o que é um ponto positivo.
Apesar de viver um bom momento e de sentir-se realizada na Turquia, Thaisa não deixou de comentar a dolorosa derrota sofrida pela Seleção Brasileira de vôlei nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. Uma das equipes favoritas e lutando pelo tricampeonato, o time comandando por José Roberto Guimarães acabou eliminado nas quartas de final para a China. Por isso, a central lamentou o desempenho do Brasil, bem como uma lesão em sua panturrilha, que a afastou dos dois primeiros jogos da Seleção no Rio 2016.
Confira abaixo a entrevista completa com a central Thaisa:
Gazeta Esportiva: O vôlei turco é hoje uma dos mais fortes, tanto que o Eczacibasi é o atual campeão mundial. A que você atribui essa força?
Thaisa: Investimento. Eles têm excelente planejamento, contratam o que tem de melhor, mundialmente falando. Por isso o sucesso da liga.
Gazeta Esportiva: Como você se sente em relação ao revezamento que o técnico Massimo Borbolini, do Eczacibasi, realiza? Acha que é justo? Isso pode desanimar as atletas?
Thaisa: Acho totalmente justo. É uma regra do campeonato. Todas assinamos contrato sabendo dessa regra, e acho super bacana, porque tem espaço para todas jogarem, tanto nós, estrangeiras, quanto as turcas (nada mais justo que elas joguem o principal campeonato do seu país). Jamais nos desanima, pelo contrário. Acho que nos motiva a estarmos sempre treinando forte e a nos destacarmos para o momento que em que somos acionadas e ajudarmos o time.
Gazeta Esportiva: O nível da Superliga feminina é parecido com o do vôlei europeu?
Thaisa: Não. A Superliga é uma ótima liga, mas aqui na Europa é um campeonato bem diferente e acredito que seja mais forte pela quantidade de jogadoras de altíssimo nível que tem. E a Superliga só vem se enfraquecendo no momento em que vem perdendo as suas jogadoras para o vôlei dos outros países. O que é triste, no meu ponto de vista.
Gazeta Esportiva: Pensa em voltar ao Brasil? Se sim, tem um time pelo qual gostaria de atuar?
Thaisa: Claro que penso. Não seleciono times. Vou aonde tiver uma boa estrutura.
Gazeta Esportiva: O que você achou da reeleição de Ary Graça como presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVB)? Alguns atletas, como o Murilo, criticaram o resultado.
Thaisa: Não tenho nada contra ele e o parabenizo pela reeleição.
Gazeta Esportiva: Como bicampeã olímpica, e já tendo vivido grandes emoções nos Jogos de Pequim e Londres, foi diferente atuar ao lado da torcida no Rio?
Thaisa: Claro. Cada campeonato é uma situação diferente, uma sensação diferente. Obviamente que o fato de contar com a torcida a nosso favor e no nosso País é muito melhor e mais motivante.
Gazeta Esportiva: Como a derrota para a China foi sentida por você? Achou que foi justo?
Thaisa: Da pior maneira possível. Mas foi justo. Não jogamos o nosso melhor, erros de estratégias também atrapalharam e elas aproveitaram isso.
Gazeta Esportiva: Acredita que poderia ter sido mais utilizada e ajudado a Seleção nas Olimpíadas? A sua lesão na panturrilha foi a principal responsável por isso ou foi escolha do técnico?
Thaisa: Bom, um dia antes de entrar na Vila Olímpica, tive um estiramento na panturrilha. Isso me atrapalhou, tive que ficar fora dos primeiros jogos e de alguns treinamentos. Mas, devido à minha boa musculatura, juntamente com o trabalho do fisioterapeuta da Seleção, Alexandre, me recuperei rápido e voltei a treinar. Nos dois primeiros treinos, fiz meio treino, mas depois disso comecei a treinar normalmente, forte e na mesma intensidade de todas as outras jogadoras. A partir daí estava pronta para entrar em quadra novamente e, quando fui acionada pelo técnico, fiz a minha parte.
Gazeta Esportiva: Sua intenção é voltar a atuar pelo Brasil ou cogita aposentadoria da equipe nacional?
Thaisa: Estou totalmente focada na minha equipe e determinada em vencer tudo o que disputarmos. Não estou pensando em Seleção Brasileira nesse momento. Estou muito feliz. Estar jogando na Turquia, viver essa experiência, foi a melhor escolha que eu poderia ter feito.
Gazeta Esportiva: Qual sua principal meta profissional no momento?
Thaisa: Fazer história no voleibol turco, assim como fiz no voleibol brasileiro. Essa é a minha meta.
*Especial para a Gazeta Esportiva