André Heller se prepara para assumir um importante cargo fora das quadras. Após sua aposentadoria, em maio de 2014, o ex-jogador do Brasil Kirin e da Seleção Brasileira de vôlei será o presidente da Comissão de Atletas e trabalhará em conjunto com a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), fazendo a ponte entre a instituição e a realidade dos atletas da modalidade. O antigo central irá liderar uma organização que conta com outros nomes do esporte como Gilmar Teixeira, também conhecido como Kid, que será vice-presidente, e mais três membros: Fabi, Renatinha e Lucarelli.
André e Emanuel, do vôlei de praia, tiveram a ideia de montar uma Comissão de Atletas e conversaram com a CBV para formalizar essa organização e iniciarem um trabalho conjunto, visando melhorias do esporte no país, principalmente em relação aos jogadores. O ex-central já havia integrado um comitê de apoio ao Conselho Diretor da CBV e passou a se interessar no funcionamento das instituições que regulam o esporte brasileiro.
Segundo André, a ideia é criar um sentimento de pertencimento em todos os atletas e fazer com que construam juntos um vôlei mais forte, atrativo e bem estruturado. Através de eleições que contaram com o voto de jogadores e ex-jogadores pela internet, o campeão olímpico em Atenas foi o escolhido para implementar, como ele próprio denomina, um “trabalho de formiguinha”.
“Eu e o Emanuel trocamos algumas ideias sobre a Comissão de Atletas e gostaríamos de dar esse primeiro passo, porque os atletas sempre pleitearam um espaço dentro da CBV, buscando fazer parte do processo de decisão. Essas decisões afetam os atletas, os clubes e não havia nenhuma inciativa nesse sentido. Conversamos com a CBV nesses últimos 12 meses e ela abriu as portas para a gente, fizemos reuniões para entender o processo democrático, aí veio a ideia da eleição que atingiu o maior número de atletas e ex-atletas possíveis e isso foi muito bacana”, explicou em entrevista à Gazeta Esportiva.
Engajamento dos atletas no projeto
Na visão de André Heller, não há hierarquia dentro da organização. Todos os membros tem papel importante na elaboração das medidas para promover o vôlei no país. O ex-jogador declarou que apenas foi eleito presidente pelo fato de estar mais envolvido nos últimos meses com o projeto e ressaltou que todos os jogadores, independentemente da categoria, terão voz ativa e serão escutados em busca do aprimoramento.
“Existe ali uma distribuição de funções, porém não existe uma hierarquia. A comissão foi formada depois de muitas conversas com esses atletas e nós formamos uma unidade. Cada um tem participação importante. Estou envolvido nesse processo há quase 12 meses e talvez esteja inserido melhor em tudo o que aconteceu, por isso sou o presidente. Teremos dentro da comissão um advogado, Leandro Andreotti, que irá nos ajudar com todas as questões jurídicas. A Fabi tem um envolvimento com todo o voleibol feminino e isso é muito importante. A Renatinha é primordial para representar o maior percentual da classe de jogadores de voleibol no Brasil, então ela é extremamente importante mesmo. E o Lucarelli tem um perfil do cara bacana que já deixou de ser uma promessa, é um dos ídolos do Brasil e é legal tê-lo por perto, já que ele tem anos na Seleção Brasileira. Acho que é importante a participação de todos os atletas. Todos os jogadores de todas as divisões são importantes, não tem uma participação mais importante que a outra. Não há diferença de categoria entre nós. Pode ser da Superliga, Superliga B ou de qualquer outro nível. Desde o mais experiente até o garoto de 19 anos que está começando a carreira profissional. Todos são atletas e todos tem a mesa importância dentro da Comissão”.
O principal objetivo inicial da gestão de André Heller na Comissão de Atletas é fazer com que os jogadores fiquem mais ligados nas questões de bastidores do esporte. Segundo ele, os atletas acabam não se inteirando sobre o que acontece fora das quadras até pelo fato de terem que concentrar, treinar e jogar. O hexacampeão da Liga Mundial ainda acredita que o atual estágio do vôlei está longe do ideal, e para seguir melhorando é preciso trata-lo como um negócio.
“Estamos longe do ideal, mas estamos nos aproximando. Estamos na direção certa. Isso é uma questão que a CBV tem uma grande responsabilidade, mas vem muito da gestão profissional que a entidade está implantando. Os atletas vão se mobilizando cada vez mais e isso é preciso, os clubes também, temos que entender que precisamos tratar nossa modalidade como um negócio, porque é um belo negócio e o retorno para os parceiros é garantido. A prioridade nesse ano é criar uma cultura de envolvimento. Vejo a maioria dos atletas e das pessoas colocando o modelo americano como ideal, porque eles têm uma cultura de envolvimento que não acontece só dentro da quadra. Mobilização, organização... E essas são uma das grandes missões da Comissão de Atletas”, disse.
Apesar de ser um trabalho conjunto com a Confederação Brasileira de Vôlei, a Comissão de Atletas não terá nenhuma influência política em seu projeto. Ela fará uma integração com a outra Comissão de Atletas, a do vôlei de praia, liderada por Emanuel. Gustavo Endres também exercerá um papel importante dentro da organização, já que será um dos membros de honra previsto no regimento. O ex-jogador que também defendeu a Seleção Brasileira chegou a iniciar um movimento ainda em 2014 para que houvesse melhorias no vôlei brasileiro.
“O Emanuel também foi eleito com a chapa dele no vôlei de praia e vamos fazer essa integração bem intensa. Eles têm uma outra maneira de gestão, estão mais mobilizados nesse sentido e iremos fazer uma interação bem bacana. O Gustavo não está na Comissão, mas com certeza será um dos nossos membros de honra, previsto no regimento, assim como o Emanuel. Ambos têm uma importância imensa no meio e contamos com a ajuda deles para alcançar nossos objetivos nessa organização. Só para deixar bem claro, não haverá nenhum tipo de influência política no nosso projeto”, finalizou o ex-central.
*especial para a Gazeta Esportiva