Para vencer os desafios, o garoto teve uma ajuda de uma pessoa imprescindível. Trata-se de Léo Silva, pai do atleta de 19 anos. Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, Patati relembrou o seu início no esporte.
Aos 15 anos, o atual atacante do Alvinegro Praiano deixou a casa dos pais e foi para o interior de Goiás, acompanhado de um empresário. Quando chegou lá, contudo, foi abandonado. Assim, ficou sem se alimentar direito e não teve contato com a família.
“Foi bem difícil. Um cara me levou para Goiás, me deixou em uma escola lá e sumiu. Não manteve contato nem nada. Estudei lá e jogava. O dono do time foi roubado e ficou sem dinheiro. Aí começou a faltar tudo, comida…Eu tinha um amigo, que até hoje está comigo, que me acolheu. Morei com eles até entrar em contato com meu pai e voltar”, revelou.
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“No começo foi bem difícil. A saudade é muito grande. Eu estava sempre com meu pai e minha mãe, aí você sai em busca do seu sonho sozinho é muito difícil, você liga, chora e quer voltar. Mas, você tem que passar por isso, tem que fazer esse sacrifício para colher os frutos lá na frente”, ampliou.
Em Presidente Dutra, a angústia também foi grande. Léo Silva contou à reportagem que guarda mágoas até hoje. O empresário, aliás, nunca mais foi visto.
“A gente sempre busca tentar realizar o sonho dele. Não é fácil. Chegar e dizer que vai sair, entregar ele para pessoas que você não conhece. Você reza para que tudo dê certo. Mas não foi bem como pensamos. Você saber por outras pessoas que o seu filho foi abandonado não é fácil. Nunca mais ouvi falar desse cara. Até hoje guardo mágoa. O que ele fez foi muita sacanagem. Ele era uma criança. Ele pegou meu dinheiro e sumiu. Nunca ligou para falar. Ele sumiu”, contou.
“Esse tempo foi muito ruim. Ele era uma criança, não foi fácil. Atualmente, com ele já maior, também é ruim ficar sem se ver por um tempo. A gente fala por telefone, mas não é a mesma coisa que se ver. Mas é o sonho dele, a gente quer ajudar ele. Não é fácil. Chega uma hora que você pensa em desistir. Tudo na vida serve de lição. Graças a Deus deu tudo certo”, ampliou.
Patati, então, contou com a ajuda de um amigo para conseguir voltar para casa e se reencontrar com seus pais. Ele viajou de ônibus, que chegou a quebrar quatro vezes na estrada. Então, depois de quase quatro dias e muita "luta", ele reapareceu na porta de casa, para a emoção de seu pai.
Menos de uma semana depois, entretanto, o garoto já colocou o pé na estrada novamente, agora para participar de um campeonato na Bahia. A princípio, ele não ia fazer parte da viagem, mas, por incentivo do seu pai, decidiu ir..
“Quando eu cheguei, passou uma semana e a escolinha da minha cidade ia viajar para Porto Seguro para jogar. O treinador não ia me levar. Eu tinha acabado de chegar de viagem. Meu pai perguntou por que eu não fui. Eu expliquei que o treinador queria que eu ficasse um pouco em casa com meus pais. Mas meu pai ligou para o treinador e deixou me levar. De noite, meu pai me colocou em um ônibus e o treinador me buscou na rodoviária. Fomos vice-campeões e eu fui o melhor jogador”, disse Weslley Patati.
Com o sucesso no campeonato, Patati acabou indo para Santos. Desta vez, a viagem não teve volta. O atacante foi aprovado nos testes no clube da Baixada Santista e segue vestindo a camisa da equipe até hoje. Agora, pai e filho olham para trás e celebram as conquistas.
“Às vezes não dá nem para explicar o sentimento. É emoção, gratidão, alegria…saber que estamos realizando o nosso sonho depois de tanta dificuldade. Não é só o meu sonho. É o sonho da família. Sempre lutamos juntos. Hoje a alegria é de todo mundo. Sentimento de gratidão”, disse Patati.
“O sentimento é de gratidão. Só quem tem muita força de vontade e fé. Fico muito feliz por ele, é o sonho dele. Estou sempre aqui para ele, para tudo o que ele precisar. O sonho dele é o meu. Ele bem, eu estou também. E ele está bem no Santos. É com pé no chão. Nosso objetivo é chegar lá em cima”, acrescentou Léo.
“A vinda dele ao Santos foi ótima. Ficou mais fácil de conviver e conversar. Para mim, hoje tudo é mais fácil. O perrengue maior já passou. Já tive muito problema. Eu sei que a barreira foi muito grande. Fácil não é, tem que ter obstáculos”, completou.
Neste domingo, dia 13 de agosto, celebra-se o Dia dos Pais. A data ficou ainda mais especial para Patati após passar por tantos desafios, sendo a maioria longe do seu pai. Hoje, ao lado do seu herói, o atacante se emociona ao citar a importância de Léo em sua vida.
“Quando eu falo do meu pai, às vezes eu me perco nas palavras. É muito difícil falar dele. Ele sempre foi 100%, a minha referência para tudo, sempre quis ser igual ao meu pai. Ele jogava futebol e eu falava que queria ser jogador igual a ele. Ele é meu herói . Sempre me ajudou em tudo, mostrou o caminho certo, os princípios da vida. Eu me emociono falando dele. Meu pai é tudo para mim. Seguimos juntos nessa caminhada”, disse o jogador do Santos.
“Meu pai já se foi, mas tenho certeza que ele está nos vendo de onde ele estiver. Ele sabe o quanto eu o amei e respeitei. Sempre procurei fazer o melhor para honrar o meu pai. É o que eu ensino ao Patati. Tem que respeitar. Com humildade, você chega longe. Todos os pais têm que tentar ajudar o filho como podem. É muito gratificante”, finalizou Léo.
