CT de ponta em Clairefontaine leva França ao 2º mundial e inspira rivais - Gazeta Esportiva
CT de ponta em Clairefontaine leva França ao 2º mundial e inspira rivais

CT de ponta em Clairefontaine leva França ao 2º mundial e inspira rivais

Gazeta Esportiva

Por Redação

15/07/2018 às 16:51 • Atualizado: 15/07/2018 às 16:53

São Paulo, SP




Construída em 1988, Clairefontaine é hoje uma das instalações mais sofisticadas e completas que uma federação de futebol nacional pode possuir. Com 56 hectares e a 60 km de Paris, o centro de treinamento da França tem papel fundamental no sucesso dos Bleus nos últimos 20 anos. Para se ter uma noção, nada mais, nada menos que sete jogadores do elenco comandado por Didier Deschamps nesta Copa do Mundo passaram por períodos de treinamentos no local, que tem como premissa desenvolver o futebol jogado no país e garimpar talentos.

Benjamin Pavard, Raphael Varane, Samuel Umtiti, Blaise Matuidi, Paul Pogba, Olivier Giroud e Kylian Mbappé passaram por Clairefontaine antes de conquistarem o mundo em 2018 e repetirem o feito de uma geração que entrou para a história ao vencer a Copa 1998, realizada no país. A vitória por 4 a 2 sobre a Croácia apenas confirma o bom trabalho da federação nacional, que tenta padronizar um estilo de jogo específico em todo o território francês através de uma filosofia.

“Em Clairefontaine fui educado. Independentemente de perdermos ou não, tínhamos uma identidade. Tínhamos que jogar de uma certa maneira, tínhamos que respeitar o futebol. Eles colocaram isso em minhas veias. Todos nós refletimos a educação que recebemos”, disse Thierry Henry sobre o CT da seleção francesa.



Apenas os melhores chegam a Clairefontaine. A concorrência é tamanha, que um dos principais jogadores desta seleção francesa, N'Golo Kanté, não teve chances de mostrar seu futebol à federação quando criança por conta de seu porte físico, considerado abaixo dos padrões da entidade  - o volante, que joga no Chelsea, mede 1,68m. Antoine Griezmann, estrela do Atlético de Madrid, também não passou pelo processo de formação elaborado pela FFF, se transferindo precocemente para a Real Sociedad, na Espanha.

Desde a fundação do Centro Nacional de Futebol, como são chamadas as instalações de Clairefontaine, em 1988, a França chegou em cinco finais dos dois maiores torneios de seleções do planeta e venceu três. Fora o título da Copa de 2018, a equipe também foi campeã mundial em casa, em 1998, campeã da Eurocopa de 2000, decidiu a Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, contra a Itália, e foi vice-campeã da Eurocopa em 2016, quando sediou o torneio.

Além de centro médico, salas de convenções, academia e tudo o que há de mais moderno, o complexo de Clairefontaine também conta com 9 campos de futebol e sete residências que servem de alojamento não só para a seleção principal, mas também às categorias de base e aos jovens garotos que passam por lá. A principal delas, o Château de Montjoye, onde os profissionais costumam se hospedar durante a preparação da França para alguma competição importante, foi construída no século XIX e possui 20 quartos individuais, além de outros 10 quartos duplos.

Presidente da França, Emmanuel Macron, em visita aos jogadores franceses em Clairefontaine (Foto: Francois Mori/POOL/AFP)


O fato de o centro de treinamento estar cravado no meio da floresta de Rambouillet, no departamento de Yvelines, contribui para que jogadores, técnicos e outros profissionais acabem mergulhando de forma integral em suas respectivas funções. Zinedine Zidane, por exemplo, foi protagonista de uma grande polêmica ao sair de Clairefontaine para cortar o cabelo. Desde então, há até espaço para cabeleireiro nas instalações.

Em 2013, a Federação Francesa de Futebol iniciou a reforma do complexo, com o intuito de modernizar a infraestrutura local. Assim, o Centro Técnico Nacional Fernand Sastre, que levava o nome do presidente da Federação Francesa que idealizou todo o projeto, foi rebatizado de Centro Nacional de Futebol. Em 2016, as obras foram concluídas para a Eurocopa, campeonato em que a França chegou até a final, mas acabou sendo derrotada surpreendentemente por Portugal, em pleno Stade de France.

Os grandes resultados da França em competições internacionais nos últimos anos fizeram com que outras federações acabassem se inspirando em Clairefontaine para construírem seus próprios centros de treinamento e adotassem um modus operandi similar na captação e formação de jovens talentos. A Inglaterra, que acabou eliminada pela Croácia na semifinal da Copa do Mundo, foi um dos países que tiveram o Centro Nacional de Futebol como exemplo para erguer seu próprio projeto. Inaugurado em 2012, St. George’s Park custou 105 milhões de libras (cerca de R$ 540 milhões) aos cofres da FA (Federação Inglesa de Futebol), mas já vem dando retorno. O English Team é o atual campeão mundial sub-17 e sub-20.

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