Depois de um empate tenso em 0 a 0, a disputa entre Espanha e Itália pela vaga na semifinal da Eurocopa de 2008 seria decidida nos pênaltis. Todos haviam convertido as suas cobranças até Casillas defender a batida de De Rossi. Na sequência, era a vez de Marcos Senna. Pressionado por um país que não conquistava um título há 44 anos, o brasileiro naturalizado espanhol bateu firme no meio do gol, vencendo o goleiro Buffon, e abriu caminho para a vitória da Espanha por 4 a 2.
Derrotar a Itália, então campeã mundial, foi a tarefa mais difícil que os espanhóis enfrentaram para conquistar o título europeu daquele ano. Iniciava-se ali uma era dourada, que somou duas Eurocopas e uma Copa do Mundo. O fracasso no Mundial de 2014 marcou o final desse ciclo, quando a Espanha não passou da primeira fase do torneio. Desde então, a seleção do país vem passando por um profundo processo de renovação, que pode começar a dar frutos na Euro que começa nesta sexta-feira.
Único brasileiro a já ter conquistado o torneio europeu, Marcos Senna conversou com a Gazeta Esportiva e afirmou ver com bons olhos a nova geração que surge. “Ainda precisam de um tempo, mas já podem aprontar agora”, avisou o volante. Um dos mais velhos integrantes do grupo é Casillas, com 35 anos, que pode perder a vaga no gol para De Gea, dez anos mais novo. Com cada vez mais espaço no elenco, jogadores jovens como Thiago Alcântara, 25, Lucas Vazquez, 24, Koke, 24, e Morata, 23, são símbolos dessa renovação. Desses, apenas Koke estava presente no Mundial no Brasil.
O momento que o país ibérico vive é muito diferente do encontrado por Marcos Senna quando começou a ser convocado para a equipe nacional em 2006. A última conquista espanhola havia sido na Euro de 1964 e o país vivia a sina de não conseguir superar as fases agudas dos torneios. Com isso em mente, o ex-jogador acredita que ter superado a Itália em 2008 foi um momento de superação. “Isso foi fundamental e nos deu muita força, porque tínhamos um histórico de não passar das quartas de final”, lembrou.
Estrangeiro no grupo espanhol, Marcos Senna foi muito bem recebido pelos outros jogadores. Atuando pelo Villarreal desde 2002, o volante já havia conquistado um respeito no país hispânico. “Eu tinha um histórico bom, não era polêmico. Era um jogador querido, modéstia à parte, e a adaptação foi fácil”, lembrou. Diferente dele, o atacante brasileiro Diego Costa sofre para se estabelecer na seleção espanhola. Sem aparecer na convocação, Senna acredita que falta sorte ao camisa 19 do Chelsea. “Ele deu azar de ter ido na Copa do Mundo, quando tudo deu errado. ”
Apesar das jovens promessas, Senna crê que o grande destaque da Eurocopa será o meia Iniesta. Autor do gol que deu o título da Copa do Mundo de 2006 à Espanha, Iniesta tem 32 anos, é o capitão e a principal referência técnica da equipe. “Vem rendendo muito nos últimos jogos”, analisou. Caso conquiste o título, a Espanha ampliará o seu recorde, sendo o único país a vencer o torneio continental três vezes consecutivas. Além disso, ganhará o inédito tetracampeonato.
A partida entre França e Romênia, no Stade de France, abrirá esta edição do torneio nesta sexta-feira, às 16h (de Brasília). A Espanha estreará somente na próxima segunda-feira, dia 13, contra a República Tcheca, no estádio Municipal de Toulouse, às 10h (de Brasília). Junto com Turquia, Croácia e República Tcheca, o país hispânico está no grupo D da competição.
*Especial para a Gazeta Esportiva
