Duilio cogita fim do Sub-23, fala de Jaça e revela objetivo na presidência do Corinthians - Gazeta Esportiva
Duilio cogita fim do Sub-23, fala de Jaça e revela objetivo na presidência do Corinthians

Duilio cogita fim do Sub-23, fala de Jaça e revela objetivo na presidência do Corinthians

Gazeta Esportiva

Por Tiago Salazar

21/08/2021 às 05:00 • Atualizado: 22/08/2021 às 12:00

São Paulo, SP

"Esses sete meses e meio, quase oito, a gente, por enquanto, só teve a parte ruim".

A declaração é de Duilio Monteiro Alves, presidente do Corinthians empossado no início de 2021, com o clube em situação crítica nos bastidores e sob uma pandemia sem precedentes.

Na sala da presidência, no quinto andar do edifício que há no Parque São Jorge, o mandatário, entre uma reunião e outra, recebeu a equipe da Gazeta Esportiva, na última terça-feira. "Pode perguntar o que você quiser".



Nesta entrevista exclusiva, que durou aproximadamente 55 minutos, o ex-diretor de futebol, apesar de não renegar o estilo moderado, revelou, por exemplo, que há a possibilidade do clube desfazer a categoria Sub-23 a partir do próximo ano.

"A gente está fazendo um trabalho muito técnico e financeiro, uma análise administrativa e financeira, e os prós e contras de continuar ou terminar. A gente não tem isso decidido".

Duilio também falou sobre Jacinto Antônio Ribeiro, o tão conhecido Jaça, alvo de apontamentos pela influência na base corintiana, mesmo sem cargo oficial.

"Não tem nada a ver a relação do Sub-23 com o Jaça, ou com esse ou com aquele".

As polêmicas e as cobranças não foram poucas nesse curto período. Neto e filho de ex-dirigentes, Duilio procura não se abalar com a pressão.

"Falar do Corinthians vende. E falar mal do Corinthians vende mais. Meu pai falava isso: 'notícia ruim é notícia boa e notícia boa não é notícia'. Infelizmente, muita gente, sem generalizar, mas muitos trabalham com isso. Então, quando mais mal você fala, você acaba tendo mais repercussão, mais views, mais cliques, hoje em dia é essa parte das redes sociais".

Sucessor de Andrés Sanchez, Duilio ocupará o cargo de maior poder no Corinthians até o fim de 2023, e o objetivo está traçado.

"Quero entregar o Corinthians com as contas, não pagas, é impossível, como eu coloquei, mas com uma dívida organizada, equacionada, dentro do orçamento, com o faturamento maior que ele tem até hoje, e, com certeza, a gente vai alcançar isso com essas novas receitas do marketing. Um time forte, que se entrega em campo. E sair daqui com a torcida contente, dentro do estádio, cantando e apoiando".

Para ter sucesso na empreitada, Duilio vai precisar encontrar a melhor maneira de reduzir a despesa e elevar a receita do clube. As primeiras conquistas neste sentido já começaram a aparecer.

"Arredondando, posso falar em R$ 50, 60 até 70 milhões de dinheiro novo em termos de marketing".

 




 

Leia a entrevista completa com Duilio Monteiro Alves, presidente do Corinthians:


 

Seu pai trabalhou aqui, você está ao lado do seu irmão, seu filho é frequentador do Parque São Jorge... Como está sendo esse período, como é o papo com a família, o tamanho disso aqui?

"Teve meu avó, antes do meu pai, teve uma história muito linda aqui no clube, foi vice-presidente, foi diretor social, foi diretor de futebol por muitos anos, era o diretor de futebol no título de 77. Meu irmão está aqui, no dia-a-dia, me ajudando muito, sempre presente, meu filho, como você falou, minha família toda. Eu nasci e fui criado aqui, sou sócio do Corinthians desde o dia do meu nascimento, sou sócio do Corinthians desde antes mesmo de ser registrado, então, a gente tem uma história longa, de muito amor ao clube".

"Infelizmente, as reuniões com a família não têm acontecido por conta da pandemia. A gente se fala muito por telefone, por facetime, essas tecnologias novas, mas por cuidado com meu pai, minha mãe, então, a gente tem evitado essas reuniões, infelizmente, e torcendo para que tudo isso acabe logo para que a gente possa ter a família aqui, mais perto do clube, porque é uma coisa sensacional, que vai ser muito gostoso de viver".

"Tenho falado isso com meu pai, muito. Esses sete meses e meio, quase oito, a gente, por enquanto, só teve a parte ruim, vamos dizer assim, do mandato. Você não consegue receber os amigos, não consegue revê-los, assistir jogo, ver a Fiel dentro do estádio. O Corinthians é um clube da torcida e esse afastamento é um pouco triste para o futebol. É um começo de mandado com esses problemas, mas também de coisas boas que a gente, nesse sete meses, oito, a gente já conseguiu fazer pelo clube".

A pergunta que nós, jornalistas, mais recebemos nos últimos tempos: e o Roger Guedes?

"A gente vem fazendo um trabalho desde o início do mandato, de redução de custos, de trabalhar com todas as diretorias dentro do seu orçamento, sem que a gente tenha algum tipo de desvio, para a gente manter o clube da melhor forma possível, mas também o principal, que a gente vem trabalhando muito, porque o Corinthians é muito grande e não dá para a gente pensar só em cortar custos, em trazer novas receitas".

"No futebol, especificamente, a gente fez uma redução muito grande nesses primeiros meses. Lógico que existem contratos. O ideal era que a gente fizesse em janeiro esses cortes, saídas de atletas por fim de contrato, outros por empréstimos, outros por venda, mas como existe contratos você tem de cumpri-los. No futebol, até para que o torcedor saiba, a gente vê muita gente falando 'ah, manda o fulano embora, manda sicrano embora', mas não é assim, você tem de cumprir o contrato todo. Então, se o atleta sair, você tem de pagar todo o contrato. Isso demorou um pouco, para que a gente chegasse em um valor de folha. Só por isso a gente conseguiu trazer, agora, os primeiros reforços. Corinthians ficou, acho que é o único clube do Brasil que não contratou no primeiro semestre, em todas as divisões".

Roger Guedes está em negociação com o Corinthians (Foto: Divulgação)


Era uma promessa de campanha segurar e investir no segundo semestre. Você acha que a galera não acreditava muito que você realmente ia cumprir com isso?

"Exato. Futebol é muita paixão. A gente vê muita gente que cobrava uma administração mais responsável, mais pé no chão, pensando e focando em uma parte administrativa e financeira, nos cobrou pelo resultado de campo e pela falta de investimento no futebol. Mas, é um momento que o clube passa, a gente fez tudo isso dentro de um planejamento. Só contratamos agora, o primeiro contratado foi o Giuliano, que estreou agora há duas rodadas, o Renato (Augusto), que fez seus primeiros 20, 30 minutos de jogo. Em um ano, acho que isso jamais foi visto no Corinthians ou em qualquer outro clube do Brasil, clube grande, mas a gente conseguiu, com dedicação de todas as diretorias, tanto a financeira, quanto a de marketing e de futebol, colocando o valor da folha de pagamento abaixo do que era planejado no orçamento para que a gente pudesse trazer bons jogadores. Então, isso é bom que fique claro: não foi pressão, não foi por conta de reclamações que a gente trouxe jogadores, grandes jogadores, mas, sim, fruto de um planejamento, com responsabilidade".

"O Roger Guedes entra nessa também. A gente tem um espaço previsto, em folha, para mais um reforço, que, no caso, a gente, lógico, já falei publicamente, é um jogador que o Corinthians gostaria de ter, mas é uma situação que não depende do clube. É uma situação que depende de uma rescisão dele com o clube da China. O Corinthians aguarda. Se isso acontecer, o Corinthians entende que é um jogador que pode nos ajudar muito, é dentro das posições que a gente tem mais carência, mas também, é bom deixar claro, sempre com a responsabilidade financeira e dentro do planejamento que a gente fez no início do ano"

Se ele conseguir lá, saindo essa rescisão, o torcedor pode acreditar que o Roger Guedes vem para ser reforço do Corinthians?

"Não. A gente não consegue dar essa certeza, essa segurança, e eu não quero, em momento nenhum, passar essa expectativa para a torcida. Um negócio que não depende do Corinthians. O Corinthians, hoje, só acompanha a situação, de longe. Existe, lógico, existiu a manifestação nossa ao atleta e ao empresário, que gostaríamos de contar com ele no Corinthians. Ele tem amizade com muitos atletas que hoje estão no clube, como Fábio Santos, Gil e outros".

Ele esteve com o Elias, ex-jogador do Corinthians, já postou alugando apartamento aqui em São Paulo...

"Essa eu não tinha visto, é uma notícia boa que você está me dando. Quer dizer, existem outros clubes também em São Paulo, não vamos esquecer".

Existe um clima de otimismo, algumas atitudes, falou da sirene, não tem como segurar a expectativa e animação do torcedor...

"Partiu do atleta, e eu fico muito contente com isso, da vontade dele jogar no Corinthians, isso é o principal, é o que nos move para fazer um esforço, mas com responsabilidade. A gente entende que é um jogador que pode nos ajudar muito, é um grande jogador, um jogador de personalidade forte, e isso é importante para ter sucesso no Corinthians, é jovem e joga em uma das posições que mais temos necessidade hoje".

"Seria muito bom contar com ele, mas temos de manter os pés no chão, porque esse tipo de expectativa, depois a gente pode frustrar a torcida, e a gente tem trabalhado muito para que isso não aconteça, que a gente faça o que a gente planejou, da forma correta, sem atropelar as fases, que a gente precisa passar para reorganizar a parte financeira e administrativa do clube, mas é muito bom saber que o atleta quer jogar no Corinthians".

"Mas, disso para um acerto já feito tem uma distância, até porque não se sabe se ele vai conseguir a rescisão. E, se conseguir, de que forma será. Os valores podem mudar, os pedidos podem ser outros, depende da forma que ele sair da China. É uma possibilidade, sim. O Corinthians tem vontade de contar com o jogador. Como você colocou, o jogador demonstra isso também, acho que isso é o principal passo. Agora, a gente precisa ver a parte financeira. E o Corinthians vai ser sempre com essa responsabilidade, sem passar por cima do que está planejado e orçado para esse ano".

O Corinthians trouxe o Renato Augusto, o Giuliano e negocia com o Roger Guedes. A gente sabe do momento complicado financeiro do clube. Como, mesmo nessa situação, o Corinthians tem conseguido convencer esses jogadores a vir para cá?

"O Corinthians é o Corinthians. Lógico que tem muito das pessoas que estão no clube hoje, da estrutura que o clube tem, do departamento de futebol que tem um ambiente gostoso de trabalhar, mas, o principal, é o tamanho do Corinthians, a força do Corinthians, a torcida do Corinthians. O Corinthians é muito gigante. Tem muita gente falando por aí que o Corinthians é isso, que o Corinthians não paga ninguém, que o Corinthians está quebrado. Quem fala isso não tem ideia do que o Corinthians, do tamanho do Corinthians, e algumas demonstrações estão aí. O Renato Augusto é um jogador que foi pretendido por todos os clubes do Brasil, que têm condições de contar com um jogador desse, e muitos falam que são clubes ricos, que estão em condições melhores. Também teve proposta de todo o mundo. Giuliano, idem".

"Isso mostra que eles confiam no Corinthians, como nós confiamos, e sabemos o tamanho que tem. Não menosprezem o Corinthians. Isso que a gente tem visto por aí, também alguns jornalistas, alguns blogs, torcedores, até o que às vezes me deixa chateado, eu vejo torcedores do clube, até conselheiros, sócios, dizendo 'o Corinthians vai cair'. Gente, o Corinthians é muito grande, o Corinthians está fazendo um trabalho nessa gestão, até aproveito para parabenizar todos os diretores, que estão aí completando quase oito meses, e a gente vem fazendo um trabalho incrível, e a gente tem muita confiança que não tem limite. O Corinthians pode e vai se recuperar muito rápido. E isso mostra a força, grandes jogadores querendo vir para o Corinthians, porque o Corinthians é o maior de todos no Brasil. E a torcida, nem se fala, a mais Fiel, a que apoia 90 minutos. Então, eu posso garantir para você que 90%, a não ser que seja um jogador muito fanático por outro clube, não queiram jogar no Corinthians".

Em março, o Wesley Melo, diretor financeiro, falou que a folha salarial do elenco tem que parar de ser analisada como despesa e ser vista como investimento. Como trabalhar essa questão, para passar isso ao torcedor e à imprensa de que é necessário ter bons jogadores, inclusive, para ajudar o Corinthians a pagar o que deve?

"Em relação à imprensa, em geral, eu não gosto de generalizar, mas, alguns veículos e alguns jornalistas... Falar do Corinthians vende. E falar mal do Corinthians vende mais. Meu pai falava isso: 'notícia ruim é notícia boa e notícia boa não é notícia'. Infelizmente, muita gente, sem generalizar, mas muitos trabalham com isso. Então, quando mais mal você fala, você acaba tendo mais repercussão, mais views, mais cliques, hoje em dia é essa parte das redes sociais".

"Mas, é simples. O Corinthians, hoje, tem um time melhor, trouxe dois grandes jogadores, e gasta menos do que gastava no início do ano em sua folha. Ainda está abaixo do que foi orçado, e o orçado já era muito abaixo do que era realizado no ano anterior. Então, dá para fazer, dá para ter um time mais forte e, muitos dos que falam hoje, vão ver, com o tempo, que é possível, que o Corinthians, como eu coloquei antes, não está trazendo jogadores por pressão. Se fosse isso, já estaríamos fazendo no começo do ano, quando tivemos algumas eliminações, e eu entendo o torcedor, que ficou muito chateado, assim como nós, de não ter se classificado, no ano passado, para a Libertadores, de ter sido eliminado na Sul-Americana, de não ter ganho o Campeonato Paulista, de ter sido eliminado na Copa do Brasil, mas era um período que o Corinthians precisava passar para organizar suas contas".

"Tem muito para fazer ainda, não tem nada solucionado, mas a gente já conseguiu, dentro do futebol, melhorar a equipe, dar mais qualidade, com um custo menor. Para os que falam isso, a gente tem feito um trabalho, realmente, bem consciente dos números. E, como você colocou do Wesley, a gente tem que encontrar o ponto de equilíbrio. O quanto a gente pode melhorar o time sem que a folha ultrapasse o orçado, mas também que a gente dispute os campeonatos, porque o Corinthians tem sempre de estar brigando lá em cima, a sua torcida merece isso, a história mostra isso, e achar o equilíbrio, que também vai trazer receita. Você tendo um time disputando os campeonatos, você tem as premiações dos campeonatos, você tem um aumento em vendas de camisa, você tem, agora, voltando o público, o estádio mais cheio, os torcedores passam a acompanhar as redes do clube, a consumir as coisas do clube, então, isso tudo é um movimento que ajuda bastante nessa recuperação".

"Então, temos de achar um ponto de equilíbrio. Não é só montando um time milionário, que também não é uma garantia, a gente já viu muito isso no futebol, em vários clubes no mundo todo, então, esse é o desafio, achar o ponto de equilíbrio, sempre tendo as finanças com prioridade junto com o desempenho esportivo".

Duilio, Alessandro e Roberto de Andrade assistem ao treino (Foto: Divulgação/Rodrigo Coca)


Falando das vendas, o clube, na previsão orçamentária, estava contando com, pelo menos, R$ 70 milhões. A gente escuta que esse valor subiu. Quanto o Corinthians espera arrecadar com vendas de jogadores?

"Até para explicar para o torcedor, esse orçamento é feito no ano anterior, não foi feito pela nossa diretoria, que assumiu, foi feito antes do fim do mandato do presidente Andrés, e a gente não sabe, nesse mundo que a gente está vivendo hoje, você não consegue prever o fim da pandemia, quando as coisas vão voltar ao normal, quando a gente terá público no estádio. Então, você faz o orçamento em cima de possibilidades. O orçamento é uma previsão do que você pretende fazer no ano. É, mais ou menos, colocar no papel, o que você imagina que vai conquistar, tanto de títulos, como de receitas, patrocínios, como de despesas".

"A gente vem cumprindo, como eu coloquei. Existe uma revisão orçamentária já que as coisas, infelizmente, estamos no mês de agosto, quase chegando em setembro, e ainda não temos o fim da pandemia, o público de volta ao estádio, e isso faz com que tenhamos que fazer alguns ajustes. Eram R$ 70 milhões, como você colocou, e existe a previsão de aumento até para R$ 100 milhões de vendas".

"Mas, a gente também tinha uma previsão de receitas, que a gente vem superando bastante, com marketing, novos patrocínios, novas propriedades, que o clube tem hoje utilizado. Então, que a gente não atinja a venda, a gente vai ter de compensar com novas receitas. A gente trabalha, lógico, com possibilidade de vendas, mas também é um mercado que, infelizmente, afetou todo o mundo do futebol. A gente acompanha aí o Barcelona, esses dias, anunciando mais de 1 bi (bilhão) e 300 milhões de euros de dívida, outros clubes, exceto o Paris Saint-Germain, que fez essa contratação do Messi, a gente vê dificuldade no mercado de transferência em geral. Se acompanhar, hoje, o futebol europeu, por exemplo, que é um futebol forte, com moeda forte, uma Premier League, La Liga, também um volume de transferências é muito pequeno, porque você todos passam (por dificuldade)".

Mas, você recebeu proposta por algum atleta?

"Recebi. Recebi por alguns, a gente vem conversando..."

Não é sondagem?

"Não. Existe proposta por alguns jogadores, a gente vem negociando, tem coisas que agradaram, outras não, a gente vive um momento de necessidade de venda, assim como o mundo todo do futebol, como eu acabei de colocar, o Barcelona tendo aí que abrir mão do seu maior jogador, que nasceu e viveu lá dentro, conquistou tudo, por questões financeiras, e aqui no Brasil não é diferente. Não que a gente esteja desesperado, como foi colocado esses dias, para vender atletas, mas, lógico, existe necessidade, e isso vai nos ajudar também a colocar nosso fluxo de caixa em dia".

"Muitos falam em resolver a nossa dívida. A gente não vai resolver uma dívida desse tamanho em (poucos) anos. Tem clubes, hoje, que estão liderando o campeonato, muito bem, que devem mais. Tem outros que são, vou citar aqui o Flamengo, que fizeram um trabalho de recuperação alguns anos atrás, e tem uma dívida próxima do que a gente tem, mas tem o fluxo controlado. Então, eles conseguem, o dia-a-dia... Você não tem problema de ter a dívida desde que ela esteja equalizada, vamos dizer, que você tenha caixa para pagá-la em dia, e isso pode demorar um tempo e não afeta em nada o clube. Esse é o nosso desafio, colocar as contas em ordem de uma forma que a gente consiga honrar os nossos compromissos e não tenha nenhum tipo de atraso de folha no futebol"

"É bom que a gente deixe claro que, desde o início da gestão, a gente vem colocando em dia a folha. O que acontece é atrasar dois dias, três dias, o máximo, mês passado, foi seis ou sete dias, porque, infelizmente, a gente ainda sofre com processos, com bloqueios de conta, com bloqueios de receitas vindas de patrocinadores. Mas, nosso jurídico vem trabalhando muito bem, têm conseguido fazer acordos, para que a gente coloque isso dentro de um fluxo para que a gente não atrapalhe e não tenha esse tipo de bloqueio e que a gente não tenha que atrasar em dois, três dias uma folha de pagamento".

Presidente admite ter propostas por atletas (Foto: Divulgação/Rodrigo Coca)


Nesse momento há alguma coisa pendente com elenco e com o pessoal da base?

"Nós resolvemos da base uma parte. Hoje é dia... até porque eu não sei quando a entrevista vai ao ar, hoje é dia...

Vai começar hoje, mas vai ao ar a semana inteira. Hoje é dia 17, terça-feira...

"Hoje, sim, ainda a folha do futebol profissional, dos funcionários, está sanada, da base foi pago também mais uma parcela e tem uma em atraso que a gente quer regularizar ainda essa semana. Então, as coisas estão andando e os atrasos que têm acontecido são esses, de poucos dias, não existe... É como eu coloquei, Corinthians vende muito, então, só se fala de Corinthians. Mas, existem muitos clubes, a maioria deles com folhas atrasadas, mas isso não é noticiado. Não está certo..."

O pessoal brinca que os setoristas do Corinthians são mais chatos que os dos outros...

"Mas, não tem dúvida nenhuma, são muito mais chatos que os dos outros. Mas, tudo bem, isso faz parte, e são bem recebidos aqui" (risos)

"Mas é legal deixar claro que no Corinthians a gente tem uma relação muito boa com os atletas, eles estão sempre juntos, entendendo, acompanhando o que vem acontecendo no dia-a-dia em questões de bloqueios, então, existe uma tranquilidade muito grande em nós em relação a isso. Ano passado, chegamos a ter três, quatro meses de salários atrasados durante a pandemia, quando parou o futebol de vez, e hoje não, é de três, quatro dias, às vezes paga um dia antes, depende muito do que a gente vem enfrentando de fluxo de caixa e, muitas vezes, esses bloqueios de receitas que o nosso jurídico vem resolvendo com acordos".

Qual é o cenário ideal para o clube e para o Luan? Você acredita que realmente seja o Luan ser emprestado e tentar espaço em outro lugar?

"Não. Eu, hoje, confio muito no Luan, sempre confiei, por isso que foi feito o negócio lá atrás. É um jogador que, na época que foi feito o negócio não existiu nenhum tipo de discussão se era bom ou não, era uma grande contratação, todos entenderam assim, desde imprensa, torcedores, nós da diretoria".

"Luan é um grande jogador, começou muito bem na Florida Cup, nos Estados Unidos, onde ele foi apresentado, ganhou a camisa 7, já estreou com um gol de falta, inclusive, fez bons jogos. Só que o Corinthians passou por um momento ruim nesse último ano, nesses últimos 10 meses, 11 meses, 15 meses, né? O Corinthians não fez boa campanha no ano passado, não começou bem esse ano, como eu falei aqui. Nós, diretoria, e hoje eu, como presidente, não estou satisfeito, mas existiram muitas trocas de treinador, jogadores que chegaram e adaptação de cada um. Eu tenho uma forma de ser, cada um (tem a sua), e jogador de futebol é ser humano, ele muda de cidade, tem de se adaptar, tem a família, amigos, é uma mudança de vida. Mas, eu acredito muito no Luan".

"O cenário ideal, pra mim, é o Luan continuar no Corinthians e vencer no Corinthians, é nisso que eu acredito, falo isso com ele quase que diariamente, é um cara que eu aprendi a gostar, tenho um carinho, virou um amigo, tenho me esforçado bastante em estar perto do futebol nesses últimos meses, diariamente, e acredito muito nele. Eu acho que com a chegada de novos jogadores, jogadores de muita qualidade, que ele já jogou junto. Por exemplo, o Giuliano, que ele jogou no Grêmio, o Renato, eles foram campeões olímpicos em 2016, juntos, os dois jogando de titular".

"Isso é o tempo do futebol, a gente cansou de ver jogadores que vieram, eu cito muito o exemplo que gosto de citar, porque é até parecido, pela posição, que é o Rodriguinho. Nós fomos muito criticados, foi emprestado durante quase três anos e foi jogar mesmo e conquistar títulos em 2017, 2018, quando já era o quarto ano dele no Corinthians, e virou um ídolo da torcida. O Danilo também, quando chegou, tinha essa imagem de que era um jogador que não corria, que não dava o sangue, que não dava raça, e um grande ídolo da nossa torcida, inclusive como treinador do Sub-23. Então, eu acredito muito e entendo que futebol precisa de tempo. Uns precisam de mais, outros de menos, mas eu confio muito ainda no Luan, no desempenho que ele pode entregar".

"Teve algumas oportunidades e foi muito bem, respondeu. Nos últimos jogos, se não me engano, com Mancini, ele foi muito bem, voltou ao time, fez gols, gol em clássico, então, é um cara que eu acredito e tem muito para entregar ainda. Então, eu confio e o cenário ideal para mim é ver o Luan jogando nesse time nosso e conquistando muita coisa por aqui"

Luan segue nos planos de Duilio no Corinthians (Foto: Divulgação/Rodrigo Coca)


Sylvinho não foi seu plano A, mas você foi um entusiasta da contratação. Como você analisa o trabalho do Sylvinho, está satisfeito, como está sendo lá dentro?

"É um cara que nasceu aqui dentro, foi criado no Corinthians, conquistou títulos aqui, jogou nos maiores clubes do mundo, foi auxiliar de grandes treinadores, de seleção, é um cara que se preparou, estudou, mas não só isso. Isso não credencia. O trabalho que ele vem fazendo no dia-a-dia, o trabalho nos treinamentos, a forma de dar treinamento, de explicar os atletas, de montar o time, de organizar o time, e a gente vem vendo evolução".

Dizem que é muito parecido com o Tite...

"Muito parecido. Um cara que trabalha 24 horas por dia, impressionante, pilhado, não para um minuto, é um cara que quer vencer, fica de 10 a 15 horas analisando o adversário, é um cara que não para. Ele, para ser justo, o Fernando Lázaro, o Doriva, o Alex, que agora está na comissão, todo nosso pessoal do Cifut, eles vêm fazendo um trabalho muito bom, e a gente começa a ver resultado. É lógico que vai oscilar ainda. A gente fez bons jogos, depois fizemos um jogo péssimo contra o Flamengo, horroroso, todos nós sabemos lá dentro, estou falando aqui e o que a gente fala todos nós sabemos lá dentro e ninguém saiu satisfeito, mas também reagimos muito bem contra o Santos, que era uma preocupação depois de um jogo daquele contra o Flamengo".

"Entendo que precisa de tempo o futebol. Da mesma forma que eu falei do Luan. O Sylvinho está há dois meses e pouco no Corinthians, no início com muitos jogos, agora que estamos tendo tempo para treinar e a gente vê evolução, e acompanha o dia-a-dia".

"Infelizmente, falando em relação com a imprensa, as críticas, infelizmente, hoje, por conta da pandemia, vocês não podem estar lá dentro. A gente tinha uma convivência..."

Sylvinho assumiu o Corinthians em maio (Foto: Divulgação/Rodrigo Coca)


É só liberar, a gente está pedindo, estamos tentando negociar, está mais difícil que a negociação do Roger Guedes, estamos tentando...

"Mas, são protocolos de saúde, mas isso atrapalha bastante. Vocês lá, no dia-a-dia, vocês estão vendo o que está acontecendo, a relação era muito melhor. Hoje, as notícias saem muitas vezes por fontes e, muitas vezes, quem passa a informação não está querendo passar o que realmente acontece. Vocês, se estivessem lá dentro, estariam vendo que não tem nenhum problema de relacionamento, que o Luan, por exemplo, é um cara que treina muito, não dá problema, se entrega, não chega um dia atrasado, é um cara que esforçado e tentando recuperar o bom futebol dele, se esforçando para isso, e o treinador é igual, vocês estariam vendo o treinamento, o ambiente, como é feito, as formas de treinamento que ele nos trouxe também, pela experiência e estudo em todo mundo. Acho que, por isso, as críticas aumentam porque vocês acabam não tendo a relação do dia-a-dia".

"Até a nossa relação, a minha com vocês, com toda a imprensa, com todos os setoristas, a gente tinha muitos assuntos que a gente conversa no dia-dia..."

Aquele papo na Neo Química Arena, depois dos jogos, a gente tirava algumas dúvidas ali...

"Muitas vezes até informal, a gente explicava para vocês. E, hoje, não. Hoje, a notícias saem e vocês, infelizmente, por não estarem dentro, vocês não conseguem ter a certeza se aconteceu, não aconteceu. E existe muita maldade nesse meio também, muita fake news. Então, o fato de vocês não estarem perto atrapalha bastante. Isso é um dos problemas de muitas críticas, por não estar podendo acompanhar o dia-a-dia".

Durante um dos protestos das organizadas no CT, surgiu a informação de um torcedor que participou da reunião com você de que o Sylvinho teria sete jogos. Queria que você explicasse o que aconteceu e o que você falou naquela situação?

"O dia que eu der prazo para um treinador eu já não preciso nem manter ele. Não foi isso que foi dito. Tivemos uma reunião interna. Eu, sozinho, atendi todas as torcidas, dois representantes de cada e conversamos muito sobre tudo que eles tinham para colocar, as insatisfações deles. Expliquei. E o que eu pedi para eles foi - porque a gente tinha tudo protesto dois dias antes, uma semana antes, depois naquele dia - e o que eu pedi para eles foi um pouco de paciência para que a gente tenha tempo para trabalhar. Para que o Sylvinho e o time, o elenco, os jogadores que chegaram, como eu coloquei, para que a gente pudesse trabalhar um pouco em paz, para que a gente possa mostrar o resultado na frente. Então, foi isso. Não foi um pedido de prazo para o treinador. Jamais. Foi um pedido de prazo para eles, para que dessem força. O Corinthians precisa do torcedor. A grande força do Corinthians é a Fiel, é o seu torcedor. Então, pedi a eles que apoiassem até o fim. Os sete jogos é porque era o que faltava até o fim do primeiro turno para que a gente pudesse mostrar o resultado".

Foi um pedido de tempo para a torcida?

"Isso. Um pedido de paciência e de apoio para a torcida, para que ela viesse junto, para que a gente pudesse, nesse tempo, até o fim do turno, mostrar o trabalho, porque o trabalho iria aparecer, porque pode demorar um pouco mais, um pouco menos, mas, cara, quando você trabalha, faz a coisa certa, tem convicção do que você está fazendo, o trabalho vai aparecer. Ele pode demorar sete jogos, 10, 15, 20. Mas, ali, foi um conversa assim: 'olha, faltam sete jogos para terminar o turno. Deixa a gente, deixa o Sylvinho montar o time dele, deixa o time, a gente vai ter tempo de treinamento. Para depois vocês cobrarem. Apoia! Precisamos do apoio de vocês. Porque é o que eu coloquei, a torcida do Corinthians é a maior de todas, é o que move tudo aqui dentro".

"Então, com o apoio deles, fica tudo mais fácil. Então, foi isso. Eu estava junto também ali na parte de fora, eu saí com eles para falar com o resto da torcida que estava fora do CT, e ele (o torcedor) colocou isso, ele pediu sete jogos para cobrar o futebol, não para prazo para Sylvinho, jamais vou colocar prazo para o treinador, mesmo porque eu acredito muito no trabalho dele e o que está sendo feito, e o resultado a gente já vê um time mais organizado. Fizemos bons jogos com Santos e Ceará, mas o time ainda vai oscilar. Não vamos jogar sempre assim, o time ainda vai oscilar, estamos remontando o time, é uma outra forma de jogar, é um novo treinador, e a mudança de treinador não resolve o problema sempre, a gente está cansado de ver isso".

"E o treinador, hoje, ele faz um bom trabalho, os atletas compraram o jeito dele trabalhar, estão satisfeitos com ele, nós estamos satisfeitos com os treinos que são dados, o que é passado e com a evolução do time. Mas, é bom deixar claro: nós não vamos fazer sempre o jogo que fizemos contra o Ceará. Nenhum time do mundo mantém sempre o mesmo desempenho. E, nós, por estarmos em reformulação, vamos oscilar. O Corinthians não é o time feio que jogou contra o Flamengo, e falo isso tranquilamente, porque nós todos, lá dentro, sabemos disso, mas também não é o time maravilhoso que jogou contra o Ceará. Isso ainda vai acontecer, mas vai ter oscilação, e a gente trabalha para que o padrão seja desse para cima".

Duilio se encontrou com representantes das organizadas (Foto: Divulgação/Rodrigo Coca)


O Corinthians briga pelo o que nesse Brasileirão? Dá para o corintiano começar a acreditar mais, sonhar mais alto?

"A resposta que você sempre tem é essa porque o foco no trabalho tem que ser esse. A gente tem que pensar no Athletico-PR. É o próximo jogo, é o próximo desafio e a gente tem de focar nisso. Mas, é lógico que a gente planeja e trabalha com objetivo. E o objetivo, para trabalhar dentro do Corinthians - e quem não pensar assim não pode estar aqui -, é ser campeão, sempre. Lógico que hoje, no estágio que estamos, chegando a três rodadas do fim do turno, a gente está distante dos líderes. A gente já viu isso acontecer, de um time disparar..."

Você está dizendo que o Corinthians briga pelo título?

"O Corinthians tem de brigar sempre pelo título. É difícil hoje. Não vou aqui ser louco de falar 'o Corinthians vai ser campeão esse ano', mas eu sempre acredito. No Corinthians, a gente tem de acreditar em tudo, e eu tenho de levar o time, como presidente, a gente tem de buscar sempre isso. Lógico que o planejamento que a gente montou antes da eleição, e que a gente vêm implantando, é para que a gente tenha um time... Vocês já me ouviram falar no início da gestão que o título do Corinthians seria pagar contas. Isso mudou um pouco, isso já melhorou. A gente conseguiu, com muito esforço nesses sete meses e pouco, dar um passinho pequeno, mas a gente conseguiu reduzir a folha, conseguiu melhorar fluxo de caixa, conseguiu trazer novas receitas e, agora, conseguiu trazer jogadores de muita qualidade, que é o caso do Renato Augusto e do Giuliano".

"Então, lógico que a esperança e os objetivos nosso... Como eu falei, no início era esse, colocar a casa em ordem para a gente vir forte ano que vem e em 2023. O Objetivo, o planejamento a longo prazo existe. E a curto prazo é como eu falei, é o jogo a jogo, e brigar aí, tentar brigar por uma vaga na Libertadores. O Corinthians tem time para isso, tem condições para isso, existe uma melhora no desempenho que a gente vêm vendo, com a chegada dos jogadores isso vai melhorar. É bom deixar bem claro que o Giuliano fez dois bons jogos, mas também estava há quatro meses sem jogar. O Renato Augusto jogou 30 minutos, é um craque, fora de série, mas está há nove meses ou mais, sei lá, sem jogar".

E deu para perceber que ele vai precisar de um tempo...

"Exato. Mas, com dos dois em forma é lógico que o time vai crescer, e isso potencializa todo o resto. Você viu aí o Adson fazendo um jogo espetacular, o Roni indo muito bem, o Jô fazendo um bom jogo, com mobilidade, um Jô diferente. Isso nos dá esperança de chegar mais longe, mas precisamos ganhar do Athletico-PR no próximo domingo".

Giuliano e Renato Augusto chegaram recentemente ao Corinthians (Foto: Divulgação/Rodrigo Coca)


Tem patrocínio chegando, a camisa vai ter novidade... Quanto a gestão já conseguiu de dinheiro novo?

"Falar de marketing, começamos muito bem, existe esse muito novo, esse muito digital. O Sócios.com é a moeda virtual do Corinthians, como se fosse o bitcoin, já tem em muitos lugares do mundo, você viu a contratação do próprio Messi, uma parte do pagamento tem a moeda virtual do Paris, que também é da plataforma do Sócios.com, que o Corinthians, hoje, faz parte. O Corinthians vai lançar suas moedas no início do mês, é um negócio muito legal, novo, do futuro mesmo, e o torcedor vai poder participar de decisões, de quem será o próximo busto no Parque São Jorge ou, futuramente, a próxima camisa que será escolhida, então, tem muita coisa para que a gente traga o torcedor. Como eu falei há pouco, o torcedor é o principal protagonista no Corinthians. Existe aquela frase: todo time tem uma torcida. No Corinthians é diferente, é a torcida que tem um time. E é verdade, o torcedor do Corinthians... E a gente quer ter o torcedor no centro de tudo. Essa moeda, que é a $SCCP, que a gente vai lançar, também proporciona isso, além de ser investimento, proporciona a participação maior do torcedor nas decisões".

"A gente quer que o torcedor esteja cada vez mais envolvido ao clube, participando cada vez mais de tudo que oferece para ele, que consuma, que faça assinatura na nossa TV, que abra a conta no banco parceiro, que compre as moedas virtuais... Quer dizer, o torcedor pode ajudar muito o Corinthians e o Corinthians quer fazer, e vai fazer, está fazendo, tudo pelo seu torcedor. A gente quer o torcedor ao lado, que confie, que acredite, porque o Corinthians é muito grande, a gente vai passar esse período de dificuldade, com certeza cada vez mais fortes, mas, com o torcedor junto, isso passa muito mais rápido".

"Então, tem patrocínios novos chegando. A gente tem trabalhado bastante, eu não gosto de falar números porque a gente... Arredondando, posso falar em R$ 50, 60 até 70 milhões de dinheiro novo em termos de marketing, dinheiro novo ou aumento de receita. Por exemplo, você tinha um patrocínio de 10 e hoje ele é de 15, relocação de espaço na camisa, vocês viram isso acontecer, a chegada da Hypera, da Neo Química como patrocinar máster, vai tudo na conta"

A camisa estará preenchida quando?

"Acho que, se Deus quiser, começo do mês que vem. Imagino isso. A gente
está em fase de contrato, também é um aumento legal de receita, isso dentro que que te falei, um patrocinador que pagava 'x' e agora vai pagar '2x', o que está vindo".

"É legal a gente falar também do futsal. Hoje, a gente tem um patrocinador máster no futsal, que é o São Cristóvão Saúde, é um grupo que entrou, e isso é um desafio nosso, de ter um marketing específico para o clube social e outros esportes. A gente vem conseguindo isso na natação com alguns parceiros, com o futebol, o futebol feminino tem muitos patrocínios novos, está quase autossustentável, então, esse é o caminho, a gente nunca quis e não quer acabar com os esportes do clube, porque nossa torcida gosta muito e abraça. Você vê o futsal, como tínhamos público aqui no ginásio lotado, uma festa incrível, e o time sempre brigando por títulos. O basquete também, nos últimos anos, atraindo a torcida".

"Então, a gente quer manter e que eles sejam autossustentáveis, e isso o marketing tem feito muito bem, a gente tem profissionais dedicados somente ao clube social, e também a parte do clube social, como festas e eventos, que, infelizmente, a gente não está podendo fazer, mas a gente já vem trabalhando muito nisso, para ter receita, para que a gente possa fazer do sócio, do clube social, para que ele veja uma melhora muito grande, muitos eventos, shows e um clube bem melhor".

Quando você imagina que conseguirá entregar o alojamento do CT da base?

"Não quero dar prazo. A gente iniciou as obras, já na gestão do Andrés, é importante que se diga: o Corinthians tem um CT das categorias de base maravilhoso, com todas as condições que há no profissional, ao lado do profissional, cinco campos, com toda a estrutura necessária, academia, fisioterapia, tudo que você imaginar de melhor o Corinthians tem lá, e falta a parte do alojamento, que está em obra. Hoje, está parado, a gente tem uma segurada, por conta dos recursos, do planejamento financeiro. A gente pretende, muito em breve, retomar com esses novos patrocínios que estamos trazendo. Então, não quero dar um prazo, mas é uma prioridade para nós. A gente entende que, no futebol, é muito importante, e está aí, a prova disso está aí o que temos no elenco profissional de atletas que foram formados aqui e hoje nos ajudam bastante lá. Então, é uma prioridade e a gente corre atrás para resolver o mais rápido possível".

Sobre o caso Danilo Avelar, houve avanço, tem acordo? Como está hoje?

"Hoje, permanece igual. É bom que a gente deixe claro, como foi colocado por nós na época, não existiu ainda rescisão. Nós não podemos fazer, por conta dele estar em recuperação. Deixamos claro, naquele momento, que ele seguiria sua recuperação e que a gente acharia melhor forma de resolver esse problema. Então, isso está parado, a gente depende do término da recuperação dele para que a gente sente e resolva a melhor forma de fazer essa rescisão. Mas, hoje, a situação é essa e ele continua, e nós temos obrigação de recuperá-lo. é um atleta do clube, se lesionou no clube e a gente tem de deixar ele em plenas condições para depois conversar sobre a saída dele".

Danilo Avelar segue em recuperação de lesão no clube (Foto: Divulgação/Rodrigo Coca)


O Carlos Brazil chegou à base, houve uma reformulação, mas outro ponto muito abordado é a situação do Sub-23, que mudou bastante, mas de novo temos você sendo questionado sobre o Jacinto Ribeiro, o Jaça, que não tem cargo oficial, mas tem influência na categoria. Eu queria que você explicasse ao torcedor qual é o papel do Jaça, por que ele é tão influente e o que você quer da categoria de base com essa reformulação?

"Trouxemos o que entendemos que é o melhor profissional do marcado, que é o Carlos Brazil. Pesquisamos, conversamos, levantamos as bases de todos os clubes do Brasil, mesmo na CBF, quando o Branco teve problema com a covid, o Carlos Brazil assumiu, e acompanhamos por último o trabalho dele no Vasco. A gente vê o Vasco chegando nas finais de todos os campeonatos de base, revelando atletas e fomos atrás de saber. Ele fez um trabalho maravilhoso lá e entendemos que ele é o melhor profissional, no momento, na base de qualquer clube no Brasil. Fomos atrás do melhor, conseguimos trazê-lo".

"E, junto com ele, estamos fazendo uma reformulação, realmente, mudando métodos, formas de avaliação de atletas, tudo que você puder imaginar a gente tem feito, um pente fino, vamos dizer assim, e reestruturando a base, dentro do que a gente entende, junto com ele, que não estava funcionando. Saída de muitos atletas também, saíram mais de 50 atletas, 60 atletas, se não me engano, das categorias de base. A gente aumentou um pouco a linha de corte, vamos manter, realmente, jogadores que já tenham mostrado que podem ir para o profissional no futuro".

"Lógico que você não consegue acertar em todas, então, muitas vezes teremos atletas que, amanhã, podem estourar em outro lugar, isso a gente está sujeito, mas temos de reduzir o número de atletas para dar uma formação melhor, uma atenção melhor e ficar com os atletas, realmente, de nível mais alto. Estou até falando porque, daqui a alguns anos, vai aparecer alguém que estourou em algum lugar e vão falar 'pô, saiu na gestão Duilio'. Pode ser. E, se não sai, a gente vai escutar 'tem muito jogador aí que não dá, que não serve, a gente gasta dinheiro a toa'. Então, a gente tem de tomar decisão, e a gente vai errar e acertar às vezes".

"Em relação ao Jaça, o Jaça é um cara que trabalhou muitos anos aqui. Não 'trabalhou', né? Se dedicou, porque nunca foi funcionário do clube. Se dedicou muitos anos à base do Corinthians, ao Corinthians, que há 20, 30, 40 anos atrás, levava os atletas aos jogos com seu carro, comprava o lanche, junto com o Andrés, como muitos outros conselheiros que estão aqui e fizeram muito pelo Corinthians"

"Não tem nada a ver a relação do Sub-23 com o Jaça ou com esse ou com aquele. O Jaça é um cara que está próximo, sempre esteve, é um amigo também e é um cara que, em muitas vezes, pode ajudar. E foi muito injustiçado em outras, em contratações que ele acabou levando, vamos dizer, a conta. Foi colocado na conta dele. Então, só para deixar claro, em relação ao Sub-23, não tem nenhum tipo de problema".

O Sub-23, hoje, vem fazendo um bom campeonato com o Danilo. Nós mudamos a forma de conduzir, se vocês perceberam, com menos jogadores chegando, a saída de muitos e a utilização de muitos atletas que são do clube e estavam emprestados em outros clube, jogando Série B, por aí, e a gente entendeu que era melhor estarem perto da gente, para que a gente possa utilizar também no profissional, caso tenha necessidade. Isso vem acontecendo. A gente coloca aí o Roni, que saiu de lá, o Raul Gustavo saiu de lá, o Vitinho saiu de lá, então, a gente já vê resultado de jogadores que poderiam ter saído do clube por não ter a categoria Sub-23. E a gente vem fazendo uma análise agora, com o Carlos Brazil, do futuro do Sub-23 para o ano que vem o que será. Se a gente vai permanecer, se a gente vai mudar a forma, ainda mais um pouco, de trabalho, os atletas que vêm".

"Mas, estou satisfeito com a mudança que teve, o time vem jogando bem, o Danilo vem se mostrando um bom treinador. Muitas coisas aqui se usam internamente para se fazer críticas à diretoria e o 23 é uma delas, ficou com essa marca, digamos assim".

Não dá para cravar que o Corinthians vai manter o Sub-23 para os próximos anos?

"A gente vem conversando bastante sobre isso, vem estudando. Quando você consegue levar jogadores do 23 para o profissional, isso também balança um pouco de você acabar com a categoria, porque você pode perder talentos, como eu falei, mas a gente tem feito muita conta, junto com a consultoria da Falconi, que está aqui com a gente nesse caso, de possibilidades. Se não acabar, renovação de 'x' jogadores, quanto seria para que você empreste em vez de manter uma categoria toda. A gente está fazendo um trabalho muito técnico e financeiro, uma análise administrativa e financeira, e os prós e contras de continuar ou terminar. A gente não tem isso decidido, mas estamos classificados e contentes com o time, que pode chegar a um título que a gente ainda não tem".

Qual é o Corinthians que você quer entregar ao próximo presidente e qual é o seu grande sonho ao fim do mandato?

"Quero entregar o Corinthians com as contas, não pagas, é impossível, como eu coloquei, mas com uma dívida organizada, equacionada, dentro do orçamento, com o faturamento maior que ele tem até hoje, e, com certeza, a gente vai alcançar isso com essas novas receitas do marketing. Um time forte, que se entrega em campo. E sair daqui com a torcida contente, dentro do estádio, cantando e apoiando. Acho que é isso. Título, é lógico que a gente sonha sempre em conquistar. Eu, graças a Deus, pude contribuir em alguns, tanto como diretor-adjunto de futebol, como diretor de futebol, lógico que como presidente eu gostaria de conquistar títulos, mas acho que mais importante que isso é entregar um Corinthians organizado, mais forte, um Corinthians com compliance, com uma administração moderna, um Corinthians transformado, vamos dizer assim, e com a torcida contente. Sair daqui a três anos com a torcida contente com o que foi feito, independente de títulos, mas sempre estando brigando por títulos, brigando lá em cima, onde o Corinthians tem de estar, e o principal é ver nossa torcida feliz".

Chega a ter um sonho do outro lado do mundo?

"Sem dúvida nenhuma. Todos os dias. Tive o prazer de estar lá no banco de reservas naquela conquista e lógico que eu tenho esse sonho de chegar lá novamente. Mas, a gente sabe como é o futebol, mas a gente vai trabalhar para isso. Eu vou falar aqui, já vai virar meme 'ah, o presidente falou que o Corinthians vai ser campeão do mundo'. Lógico que vai, não sei se na minha gestão, mas essa organização é a base para que o Corinthians nunca mais deixe de ser protagonista no mundo".

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