Corinthians sofre para manter esportes amadores, mas não cogita separar clube do futebol - Gazeta Esportiva
Corinthians sofre para manter esportes amadores, mas não cogita separar clube do futebol

Corinthians sofre para manter esportes amadores, mas não cogita separar clube do futebol

Gazeta Esportiva

Por Tiago Salazar

23/06/2021 às 09:00

São Paulo, SP

O Corinthians apresentou superávit no primeiro trimestre de 2021. Os resultados financeiros no departamento de futebol têm melhorado a cada balancete. Em compensação, o clube social e os esportes amadores seguem sendo deficitários.

O balanço de março, por exemplo, o último a ser exposto pela diretoria alvinegra, fechou com R$ 3.535 milhões no azul.

O caixa do futebol obteve um resultado de R$ 24.547 milhões. Mas, a soma do clube social com os esportes amadores culminaram em R$ 21.012 milhões negativos.

O peso dos esportes amadores
A maior dificuldade do Corinthians para administrar as contas está relacionada às equipes amadoras, como futebol feminino, futebol base, esportes terrestres e aquáticos.

Novamente usando o resultado segmentado do balanço financeiro de março como parâmetro, a Gazeta Esportiva apurou que as modalidades, somadas, representaram cerca de 30% - aproximadamente R$ 8 milhões - da despesa.

O clube social foi responsável por outros 7% da despesa, equivalente a um montante que girou em torno de R$ 2 milhões.

A receita que entrou com clube social e esportes amadores, em março, foi de apenas R$ 5.969 milhões, ou seja, inferior ao que o clube tem de compromisso direcionado exclusivamente aos esportes amadores.



 

Dilema interno
Os números causam reflexões internas. Deixar de ter equipes de competição na elite de ligas e federações de esportes amadores é uma alternativa discutida no Corinthians, já que reduziria consideravelmente o passivo.

No entanto, ainda não há consenso sobre esse tema. Há quem defenda a importância do clube ter representatividade nesses meios.

Por ora, os times em questão seguem fazendo parte dos planos.

Busca por soluções
Para amenizar a crise, a diretoria comandada por Duilio Monteiro Alves entende que as modalidades amadoras precisam ter um trabalho de marketing focado por categoria, e devem conseguir seus patrocínios próprios.

Cada setor também teve de cortar cerca de 20% de sua despesa individual.

Outro objetivo é sanar a dívida com impostos atrasados. O intuito do clube é obter a Certidão Negativa de Débito junto ao Governo, o que pode proporcionar o recolhimento de restituição no Imposto de Renda e oportunidade de buscar incentivos fiscais.

Também são discutidas possibilidades de negociações com concessionários e venda de espaços para publicidade.

Não há crença de que o número de associados subirá muito nos próximos anos. A cultura e a mudança de hábito das pessoas, principalmente entre os mais jovens, remete a essa avaliação. E também resulta na opção por não subir o valor das mensalidades.



Grande e para poucos
O Corinthians conta com cerca de 15 mil sócios. Mas, aproximadamente 2.500 são mensalistas. Sócios remidos, vitalícios e dependentes de familiares são isentos de qualquer taxa.

O título familiar custa, por mês, R$ 200,00, enquanto o título individual sai por R$ 180,00.

Esse público tem à disposição um clube com uma área de 158 mil m². O espaço já serviu à 110 mil sócios no passado, e hoje a conclusão é que ele ficou grande e caro, devido à manutenção necessária e a redução brusca de usuários.

Agravante
A pandemia do coronavírus agravou o problema com tudo que envolve a rotina do Parque São Jorge. O número de inadimplentes aumentou, muitos sócios deixaram de frequentar o local por receio da covid-19 e, consequentemente, o consumo de produtos e serviços despencou.

Não vai separar
Os dirigentes corintianos estão convencidos de que a chance do clube social e os esportes amadores deixarem de ser deficitários a curto e médio prazos é praticamente nula. Mesmo assim, não há qualquer interesse da diretoria atual em desvincular o futebol do Parque São Jorge.

A decisão é baseada na tese de que ficaria ainda mais difícil manter a manutenção do espaço e mudar esse cenário. A 'bola de neve' levaria pouco tempo para se tornar insolucionável.

O contexto histórico e afetivo também não é deixado de lado. O clube social já bancou o futebol em outras épocas, e a ligação com a história corintiana é umbilical. Esses argumentos sempre são colocados à mesa para excluir qualquer ideia de separação.




 

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