“CBF deve abrir olhos para o mundo”, diz Seedorf sobre crise da Seleção - Gazeta Esportiva
“CBF deve abrir olhos para o mundo”, diz Seedorf sobre crise da Seleção

“CBF deve abrir olhos para o mundo”, diz Seedorf sobre crise da Seleção

Gazeta Esportiva

Por Edoardo Ghirotto

12/10/2015 às 08:30

São Paulo, SP

(Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras)
Seedorf não aprova a forma como dirigentes administram clubes brasileiros (Foto: Cesar Greco/Ag Palmeiras)


A derrota da Seleção Brasileira por 2 a 0 para o Chile, na última quinta-feira, na estreia das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, despertou no torcedor o temor de ficar pela primeira vez de fora do torneio de seleções. Apesar de exagerado, o sentimento é reflexo da incapacidade da CBF de encontrar respostas para a pior crise da história do time canarinho. Segundo o ex-jogador holandês Clarence Seedorf, que conheceu a realidade do futebol brasileiro ao defender o Botafogo em 2013, a entidade precisa entender que somente um planejamento de longo prazo fará com que a Seleção volte a apresentar o futebol que a consagrou como pentacampeã mundial.

“Falta planejamento, inovação e renovação. A CBF deve abrir os olhos para o mundo. Alemanha e Espanha fizeram um planejamento há 15 anos. Os resultados que conquistaram não são de agora, eles prepararam isso. Na Holanda também estão começando a pensar para os próximos dez e 15 anos”, afirmou Seedorf. “Se o Brasil acha que conquistará as coisas só com o talento, porque isso seus jogadores sempre tiveram, então acabou. Não existe mais aquela diferença técnica de antigamente. Essa diferença só voltará a existir se o Brasil se renovar com o trabalho da base nos clubes e na Seleção”.

Seedorf esteve em São Paulo para participar de um congresso que o Palmeiras promoveu para discutir as ciências do futebol. Ele discursou por cerca de uma hora e falou brevemente sobre a traumática derrota por 7 a 1 da Seleção para a Alemanha, nas semifinais da Copa do Mundo de 2014. Para o ex-jogador, os atletas não souberam lidar com a pressão que antecedeu a partida. “Talvez eles não estivessem preparados para um evento desses”, disse. “O [zagueiro] David Luiz queria subir toda a hora para o ataque, mas ele sabe jogar muito melhor do que isso. São seres humanos e estavam com o psicológico muito pressionado por jogarem dentro de casa”.

Sem ter visto a derrota para o Chile, no meio da semana, Seedorf preferiu não comentar sobre o rendimento da equipe dirigida por Dunga. Mas ressaltou que dificilmente haverá mudanças na Seleção se os presidentes dos clubes nacionais continuarem demitindo treinadores a cada sequência negativa de resultados. O holandês acredita que a prática prejudica a formação técnica dos atletas e afeta a qualidade do Campeonato Brasileiro.

“Treinadores são trocados a cada dois meses. É preciso haver uma lógica e um planejamento. Seria importante para o futebol brasileiro se os técnicos tivessem tempo para desenvolver suas ideias. Às vezes é melhor trocar se um time não dá retorno por muito tempo, mas quase todas as situações que vi no passado não mudaram muito [com as demissões]. Os resultados seguem iguais e os atletas que poderiam ir para a Seleção deixam de render, porque o sistema de jogo muda e alguém que estava bem é trocado de posição. Manter os treinadores no lugar poderia ajudar”, opinou.

O ex-jogador, que se aposentou no início de 2014 para dirigir o Milan, também sofreu com a falta de paciência de dirigentes e foi dispensado de suas funções com menos de cinco meses. Ele possui um vínculo de mais sete meses com os rossoneros e estaria disposto a ouvir ofertas de clubes brasileiros após esse período. "Eu joguei aqui, né. Sou um cara que vive no mundo. Tenho esse final de contrato, depois vamos ver".

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