Ano bom do Botafogo é apagado pelo final de temporada ruim - Gazeta Esportiva
Ano bom do Botafogo é apagado pelo final de temporada ruim

Ano bom do Botafogo é apagado pelo final de temporada ruim

Gazeta Esportiva

Por Gazeta Press

02/01/2018 às 09:00

Rio de Janeiro, RJ

O ano de 2017 deixou o torcedor do Botafogo orgulhoso a maior parte dele. Isso porque, na relação expectativa x realidade, dificilmente muitos apostariam que a equipe, com sérias limitações técnicas, poderia ir tão longe na maior parte das competições que disputou. Porém, o elenco reduzido e as poucas peças de reposição acabaram cobrando seu preço na reta final, quando uma vaga na próxima Copa Libertadores, que parecia certa, escapou pelos dedos nas rodadas finais do Campeonato Brasileiro.

"A gente sabia que alguma hora o preço pela temporada desgastante ia ser cobrado. Infelizmente a gente não conseguiu a classificação. Não adianta ficar procurando os culpados. Agora é lutar para que dois mil e dezoito seja melhor", disse o técnico Jair Ventura, que deixa o Glorioso ao término de 2017.

O Botafogo conseguiu chegar às quartas de final da Copa Libertadores, em uma campanha onde o time mostrou muito brio. Foi semifinalista da Copa do Brasil. No Campeonato Carioca caiu nas semifinais, enquanto que no Brasileirão ficou em décimo lugar. Foram 72 jogos, com 30 vitórias, 18 empates e 24 derrotas. O time marcou 87 gols, mas sofreu 74.

Contratado para ser o camisa 9, o atacante Roger acabou como artilheiro do time com 17 gols. E olha que ele perdeu a reta final do Brasileirão por conta de um tumor na região dos rins. O jogador não vai ficar em 2018 pelo clube, pois se transferiu para o Internacional.

Gatito Fernandes foi um dos destaques da temporada do Botafogo (Foto: Vítor Silva/SSPress/Botafogo)


Dentre os destaques de 2018 aparecem o goleiro paraguaio Gatito Fernández, que fez defesas espetaculares, o zagueiro Joel Carli, que foi o porto seguro da defesa, e o volante Bruno Silva, de malas prontas para o Cruzeiro e que acabou como vice-artilheiro do Fogão no ano, com nove gols marcados.

O ponto triste ficou por conta da aposentadoria do meia argentino Walter Montillo, contratado com status de titular e que não conseguiu vencer a batalha contra as lesões. Agora, ele planeja um retorno aos campos em 2018.

Fora de campo o clube teve avanços com a aquisição do terreno para a construção de um moderno centro de treinamento na Zona Oeste do Rio de Janeiro e com patrocínios fortes, como os da Caixa Econômica Federal e da rede de salgados dos irmãos Neto, Youtubers consagrados, que fizeram as redes sociais do clube "bombarem" após o anúncio da parceria.

Nelson Mufarrej, então vice do presidente Carlos Eduardo Pereira, o CEP, ganhou a eleição presidencial e vai dirigir o clube entre 2018 e 2020. Agora, CEP será seu vice, invertendo uma dobradinha que vem tentando viabilizar a parte financeira do clube.

CAMPEONATO CARIOCA

O Botafogo iniciou a temporada tendo duas competições pela frente: o Campeonato Carioca e a Copa Libertadores. Como torneio continental era o foco, o Estadual ficou em segundo plano. O Alvinegro jogou a maioria dos jogos com times mistos, o que o afastou até das semifinais da Taça Guanabara, o primeiro turno. Na Taça Rio, segundo turno, chegou a ser finalista, mas perdeu a decisão para o Vasco por 2 a 0 em duelo onde também preservou a maioria de seu elenco.

Focado na Copa Libertadores, o Glorioso acabou não indo tão bem no Estadual (Foto: Vítor Silva/SSPress/Botafogo)


O Alvinegro então chegou às semifinais do Estadual e também sem alguns titulares foi eliminado pelo Flamengo nas semifinais: 2 a 1.

"Não deixamos de lutar pelo título do Carioca, não abrimos mão do torneio. Mas naquele jogo contra o Flamengo, por exemplo, foi um domingo e na quinta antes a gente tinha jogado contra o Barcelona no Equador. Chegamos ao Brasil para jogarmos uma decisão e isso teve um preço", lembrou Jair.

COPA LIBERTADORES

Se no Campeonato Carioca não há muito a se lembrar, na Copa Libertadores o Botafogo fez bonito. Iniciou a disputa em meio a desconfianças e com muito azar no sorteio que definiu seus confrontos na pré-Libertadores. Estreou contra o Colo-Colo. Um triunfo em casa por 2 a 1 foi importante para o Glorioso, que avançou arrancando empate por 1 a 1 no Chile. A segunda fase previa duelo com o Olimpia. Os times trocaram triunfos por 1 a 0 como anfitriões, o que forçou a disputa de pênaltis em Assunção. Gatito Fernández, que tinha entrado no decorrer do confronto na vaga de Helton Leite, lesionado, brilhou defendendo três cobranças e garantindo o Alvinegro na fase de grupos.

"Nunca vou esquecer a atuação daquela noite, por tudo o que significou para mim, que sou paraguaio e com história no Cerro Porteño. O Botafogo me proporcionou um jogo histórico", disse Gatito, filho de Gato Fernández, que defendeu Palmeiras e Internacional e foi titular da seleção paraguaia na década de 80.

Na fase de grupos o Botafogo teria pela frente dois campeões: Estudiantes e Atlético Nacional, e o Barcelona de Guayaquil. Estreou fazendo 2 a 1 nos argentinos e depois bateu os colombianos por 2 a 0 fora de casa. Arrancou ainda empate por 1 a 1 com o Barcelona, no Equador. A fama de "Demolidor de Campeões" estava estabelecida. A classificação para as oitavas veio com um triunfo em casa sobre o Atlético Nacional, atual campeão, por 1 a 0.

Na Libertadores, o Botafogo surpreendeu e chegou até as quartas de final, quando foi eliminado pelo campeão Grêmio (Foto: Vítor Silva/SSPress/Botafogo)


"O time aprendeu a jogar a competição e ganhou corpo. A torcida abraçou e isso foi determinante", disse o meia João Paulo.

João Paulo, por sinal, fez o único gol no triunfo sobre o Nacional no Uruguai pelo jogo de ida das oitavas de final. Depois, o Alvinegro resolveu a parada com tranquilidade em casa, ganhando por 2 a 0. O sonho ruiu nas quartas de final, quando uma derrota de 1 a 0 no Sul para o Grêmio gerou a eliminação. Os times tinham empatado sem gols no Rio de Janeiro.

"Criamos muitas chances contra o Grêmio no Sul e poderíamos ter vencido. Foi um jogo decidido nos detalhes", disse Bruno Silva.

COPA DO BRASIL

O Botafogo, por estar jogando a Copa Libertadores, ingressou apenas nas oitavas de final, quando cruzou com o Sport. Ganhou por 2 a 1 em casa em um jogo histórico, onde o time jogou desde o primeiro tempo com um homem a menos, pois Bruno Silva tinha sido expulso. Gatito Fernández ainda pegou um pênalti e o Leão pernambucano abriu o marcador. Empolgado pelo feito, o Glorioso arrancou empate por 1 a 1 em Pernambuco.

Veio as quartas de final e o encontro era com o Atlético-MG, que vem se tornando um freguês do Botafogo em mata-matas. Mesmo perdendo por 1 a 0 em Belo Horizonte (MG), o Alvinegro carioca não se intimidou e depenou o Galo no Estádio Nilton Santos: 3 a 0 fora o baile.

Na Copa do Brasil, o Glorioso chegou na semifinal e acabou eliminado pelo rival Flamengo (Foto: Vítor Silva/SSPress/Botafogo)


Nas semifinais, diante do Flamengo, os dois times fizeram dois jogos sem ousadia, sendo que o primeiro terminou empatado sem gols. No segundo, o Rubro-Negro ganhou por 1 a 0 graças a uma bela jogada individual de Berrío, completada por Diego. Era o fim do sonho.

CAMPEONATO BRASILEIRO

Com a Copa do Brasil e a Libertadores dividindo boa parte do calendário com o Brasileirão, o Alvinegro teve que recorrer a times mistos no Nacional. Mesmo assim passou a maior parte do tempo na zona de classificação para a Copa Libertadores.

Porém, justamente por não priorizar o Brasileirão, viu alguns pontos escaparem pelo caminho, como quando permitiu o empate por 2 a 2 com o Vitória, na Bahia, após abrir 2 a 0, ou, permitir a virada dos próprios baianos no Rio de Janeiro: 3 a 2. Outra virada histórica sofrida foi o 4 a 3 para o São Paulo, no Nilton Santos, quando o Alvinegro ganhava por 3 a 1 até os 31 minutos do segundo tempo.

Na reta final o Botafogo estava com a vaga encaminhada, mas emplacou uma série de cinco jogos sem triunfo na reta final, com direito a derrotas em casa para Atléticio-PR e para o lanterna Atlético-GO por 2 a 1. Chegou à rodada final ainda dependendo das próprias forças, mas apenas empatou por 2 a 2 com o Cruzeiro e deixou a vaga escapar.

PERSPECTIVAS PARA 2018

O Botafogo termina o seu ano projetando um 2018 ainda de dificuldades financeiras, já que as dívidas ainda comprometem boa parte do orçamento. Contratações de impacto não devem acontecer, ao contrário das perdas, que já são uma realidade, com o zagueiro Emerson Santos indo para o Palmeiras, Roger para o Interncional e Bruno Silva de malas prontas para o Cruzeiro. Outro que não terá empréstimo renovado é o lateral-esquerdo Víctor Luís, que retorna ao Palmeiras.

Felipe Conceição será o comandante do Botafogo para a próxima temporada (Foto: Vítor Silva/SSPress/Botafogo)


Porém, do time considerado titular, nomes como o goleiro Gatito Fernádez, o lateral-direito Arnaldo, os zagueiros Joel Carli e Igor Rabello; os volantes Bruno Silva e Matheus Fernandes; o meia João Paulo e o atacante Rodrigo Pimpão garantem uma base, que pode ser ainda mais encorpada casos algumas apostas, após uma pré-temporada pelo clube, mostrem o que se espera deles. Casos dos meias Marcos Vinícius, trocado com o Cruzeiro por Sassá, e Leonardo Valencia, que vem sendo constantemente convocado pela seleção chilena.

Certo é que mesmo com um elenco limitado novamente, o Glorioso pode ter esperanças para a próxima temporada se seus jogadores continuarem demonstrando em campo o espírito de luta que marcou a temporada atual. Para dificultar o processo, o técnico Jair Ventura deixou o Glorioso para assumir o Santos na próxima temporada. Felipe Conceição será o novo treinador do Botafogo para a próxima temporada.

Estatísticas

Total: 72 jogos
Vitórias: 30
Empates: 18
Derrotas: 24
Gols Pro: 87
Gols contra: 74
Saldo de gols: + 13
Artilheiros: Roger (17), Bruno Silva (9), Guilherme (8)

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