Avaí emite nota de repúdio sobre uso VAR; "prejuízo severo e irreparável"
Por Redação
14/10/2019 às 21:51
São Paulo, SP
"Estamos entregues à própria sorte nesta loteria da arbitragem brasileira e da falta de critério do uso da tecnologia, implantada com o apoio também do Avaí, mas que está sendo muito mal usada em todos os sentidos, gerando todas estas dúvidas, manifestações desencontradas e lamentações de toda ordem, colocando em risco a credibilidade da competição. Repudiamos e lamentamos os fatos", diz um trecho da nota.
A revolta se dá devido à confirmação do gol de Bergson, do Ceará, na derrota para o Vozão no último domingo, justamente por 1 a 0. Segundo o Avaí, o zagueiro Betão teria sofrido uma falta do atacante no lance do gol.
Ao sair do campo, Betão engrossou o tom. "Se for assim é melhor parar com o VAR no Brasil. Melhor ter erro do árbitro, que não vê o lance em campo, do que ter erro do VAR", comentou.
É a segunda semana consecutiva que o clube catarinense se mostra revoltado com a tecnologia. No penúltimo domingo, contra o CSA, novamente em um duelo direto pela permanência na Série A, o árbitro Anderson Daronco assinalou pênalti polêmico de Léo em cima de Ricardo Bueno, quando o duelo estava 1 a 1. A partida acabou 3 a 1 para os alagoanos.
Na penúltima posição do Campeonato Brasileiro, o Avaí tem apenas 17 pontos em 25 jogos e tem sérios risco de rebaixamento. Faltando 13 rodadas para o fim do torneio, a Azurra tem nove pontos a menos que o Ceará, primeiro time da zona de rebaixamento.
Confira a nota emitida pelo Avaí na íntegra:
O Avaí F.C. lamenta mais uma vez vir a público demonstrar sua indignação contra o mau uso do VAR no Campeonato Brasileiro, causando prejuízo severo e irreparável para nossa agremiação dentro da competição.
A ida do presidente Francisco José Battistotti à CBF manifestar a posição de contrariedade do clube diante do fato ocorrido no jogo contra o CSA, quando o clube foi prejudicado com a marcação pelo árbitro do VAR de um pênalti que o árbitro de campo não deu, pouco adiantou para uma reflexão mais apurada em relação aos critérios de uso do VAR.
Qual não foi nossa surpresa e indignação com outro erro na aplicação do protocolo do árbitro de vídeo neste domingo (13/10), no jogo com o Ceará. No mesmo lance que originou o gol adversário, duas faltas flagrantes. A primeira sobre o goleiro Vladimir, tocado e bloqueado em sua ação de defesa, e sobre o zagueiro Betão, empurrado pelas costas pelo autor do gol. Foi notório o erro do árbitro carioca Marcelo de Lima Henrique ao validar o gol ouvindo apenas o relato do árbitro de vídeo, sem ao menos ter conferido o lance.
Quando o presidente Battistotti foi à CBF, recebeu críticas por ter dito que na comissão de arbitragem ‘É tudo balaio de siri’, expressão muito usada pelo manezinhos da Ilha ao citar os iguais.
Não temos mais a quem recorrer. Afinal, para lances semelhantes como o pênalti em Maceió, o pênalti não marcado no jogo Palmeiras x Atlético e agora este gol validado para o Ceará, interpretações diferentes.
Ouviu de membros da comissão de arbitragem da CBF a seguinte expressão: “Pau que bate em Chico, também bate em Francisco”. Mas, na prática, o pau que bate em Chico em regra geral não bate em Francisco. É algo que nunca aconteceu verdadeiramente. Desde que o mundo é mundo, a lei é seletiva, assim como os seres humanos que a criaram.
Estamos entregues à própria sorte nesta loteria da arbitragem brasileira e da falta de critério do uso da tecnologia, implantada com o apoio também do Avaí, mas que está sendo muito mal usada em todos os sentidos, gerando todas estas dúvidas, manifestações desencontradas e lamentações de toda ordem, colocando em risco a credibilidade da competição. Repudiamos e lamentamos os fatos.
Queremos uma universalidade nas análise do VAR, seja onde estiver o VAR, ou seja, não poderemos ter dois pesos e duas medidas. Ou são dois pesos ou duas medidas.
A falta de voz e representatividade da Federação Catarinense de Futebol nos deixa desamparados, entregues a toda sorte. Nos sentimos sós e abandonados por quem deveria nos defender. Não é à toa que os clubes catarinenses estão embaixo, lutando para permanecer em suas divisões, para um estado que até bem pouco tempo tinha quatro representantes na Série A.