Jogos de Paris 2024 têm chance de marcar renascimento do movimento olímpico - Gazeta Esportiva
Jogos de Paris 2024 têm chance de marcar renascimento do movimento olímpico

Jogos de Paris 2024 têm chance de marcar renascimento do movimento olímpico

Gazeta Esportiva

Por AFP

24/01/2024 às 18:55

São Paulo, SP

Paris 2024 é a oportunidade para "iniciar o renascimento do movimento olímpico e dos Jogos ao redor do mundo" depois de duas edições marcadas pela pandemia do coronavírus e pelo escândalo de doping ocorrido na edição de inverno de Sochi em 2014, disse à AFP o ex-diretor de marketing do COI, Terrence Burns.

Mas, quando faltam apenas seis meses para o início dos Jogos (26 de julho), os organizadores do evento ainda precisam superar muitos obstáculos para conseguir esse objetivo.

Um dos mais importantes é o da segurança, principalmente da cerimônia de abertura, que pela primeira vez não irá acontecer em um estádio fechado, mas ao longo do rio Sena.

Burns, que desde que deixou o COI teve papel crucial em cinco campanhas consecutivas de sedes olímpicas, admite que "o mundo mudou radicalmente" desde que Paris foi designada para receber o evento.

"Conheço Etienne [Thobois, diretor-general do comitê organizador] e Tony [Estanguet, presidente do mesmo comitê] e tenho certeza de que eles estão conscientes de que esta questão, a segurança, pode marcar o sucesso ou o fracasso dos Jogos", disse Burns em uma entrevista à AFP.

"Eles (comitê organizador e seus responsáveis) são sérios e prudentes", acrescentou.

Segundo Burns, Paris tem uma grande oportunidade de deixar um legado após os Jogos, que serão disputados de 26 de julho a 11 de agosto: "Acho que Paris-2024 tem ciência da importância desses Jogos para o movimento olímpico e o mundo".

Para o ex-membro do COI, Paris 2024 pode se tornar a primeira edição dos Jogos, desde Londres 2012, a se tornar um verdadeiro sucesso, além do evento esportivo.



"Nunca mundanos"


Os Jogos de Tóquio 2020 (verão) e Pequim 2022 (inverno) foram excelentes, mas "tiveram um impacto mundial mitigado fora de suas fronteiras" como consequência dos estritos protocolos implementados na pandemia de covid-19.

Os Jogos do Rio 2016 (verão) "foram marcados por uma série de problemas organizacionais que deram origem a inúmeras notícias negativas" e Sochi 2014 (inverno) "foram marcados pelo dopping e a polêmica LGBTQ".

Portanto, Paris tem a responsabilidade de impulsionar a marca dos Jogos, que será um grande desafio.

"A grande esperança é que Paris 2024 brilhe e marque o renascimento da marca olímpica e dos Jogos em todo o mundo", afirma Burns.

"As coisas boas e maravilhosas que nos inspiram são poucas e difíceis de alcançar; se fossem fáceis, seriam mundanas".

"Os Jogos nunca são mundanos", acrescentou.

Outra das questões que pode marcar o sucesso dos Jogos é o sistema de venda de ingressos, que pela primeira vez é digital.

As autoridades francesas não querem repetir os erros que levaram ao fiasco na final da Liga dos Campeões de 2022, no Stade de France.

O fiasco da final da Champions


O presidente da Federação Mundial de Atletismo, Seb Coe, pode estar descontente com o alto preço dos ingressos, mas Michael Payne, ex-chefe de marketing do COI, lembra que, "pela primeira vez, a venda de ingressos será digital", o que significa uma pressão a mais sobre os organizadores à medida que o evento se aproxima.

"Espero que tenham testado todo o sistema e sua capacidade repetidamente, porque, se por algum motivo o sistema falhar ou não conseguir lidar com o volume de tráfego, teremos um enorme problema", disse à AFP.

Coe, por sua vez, comparou o alto preço dos ingressos de Paris aos Jogos de Londres, dos quais foi o chefe da organização, embora nem todos compartilhem do seu ponto de vista.

O presidente do Comitê Olímpico Britânico, Hugh Robertson, destacou, por exemplo, que "o mais importante é que existam ingressos com preços diferentes para que os Jogos possam continuar acessíveis e sustentáveis nos próximos anos", declarou em entrevista à AFP.

"Para Paris, os preços começam nos 24 euros (R$ 130,00) e mais de metade dos ingressos custam 50 euros (R$ 270,00) ou menos. Já foram vendidos 7 milhões!", disse Robertson, que foi ministro responsável pela organização de Londres 2012.

Burns, Payne e Robertson concordam que um eventual boicote da Ucrânia aos Jogos, outra das ameaças que pairam sobre Paris 2024, só vai prejudicar seus atletas.

"Se a Ucrânia decidir boicotar, seria uma pena; eles podem enviar uma mensagem maior ao competir", disse Payne, que, em duas décadas no COI, foi um dos principais responsáveis pela transformação dos Jogos como marca e como fonte de renda.

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