Atletas russos e COI: quase dois anos de diplomacia olímpica - Gazeta Esportiva
Atletas russos e COI: quase dois anos de diplomacia olímpica

Atletas russos e COI: quase dois anos de diplomacia olímpica

Gazeta Esportiva

Por AFP

08/12/2023 às 20:19

São Paulo, SP

O Comitê Olímpico Internacional (COI) autorizou, nesta sexta-feira, atletas russos e bielorrussos a participarem, sob bandeira neutra e sob condições estritas, dos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, depois de terem sido excluídos do esporte internacional após a invasão russa da Ucrânia.

A seguir, confira um retrospecto de dois anos de diplomacia olímpica.

FEVEREIRO DE 2022: UMA EXCLUSÃO CONTUNDENTE


No final de 2022, enquanto os processos de classificação para os Jogos Olímpicos de Paris começavam em algumas modalidades, o COI queria explorar "meios" de devolver russos e bielorrussos ao centro do esporte mundial. Os Estados Unidos deram sinal verde se participassem sob uma "bandeira neutra". A ideia é que "eles não apoiaram ativamente a guerra na Ucrânia".

No início de 2023, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, insistiu diante de seu homólogo francês, Emmanuel Macron: "Os atletas russos não devem ter lugar nos Jogos Olímpicos de Paris". Ele então acusou o COI de ser um "promotor de guerra". A Polônia e os países bálticos (Lituânia, Letônia, Estônia) mostraram a sua irritação e ameaçaram um boicote.

Na França, a prefeita socialista de Paris, cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos, Anne Hidalgo, se opôs à participação enquanto durasse a guerra. Macron afirmou que se pronunciaria no verão de 2023.


MARÇO DE 2023: A VOLTA


Quase um ano após o início da guerra, a esgrima se tornou o primeiro esporte olímpico a reintegrar os russos, embora não sem consequências (cancelamentos de torneios, protestos...).

Em 28 de março de 2023, o COI se pronunciou de forma oficial: o retorno de russos e bielorrussos é permitido em competições internacionais sob bandeira neutra, desde que "não tenham apoiado ativamente a guerra na Ucrânia", para os atletas "a título individual", e que não estejam "sob contrato" com o exército ou agências de segurança de nenhum dos países.

"Condições inaceitáveis e discriminatórias", reagiu o Comitê Olímpico russo. "Um dia de vergonha" para o COI, disse Piotr Wawrzyk, vice-ministro polonês de Negócios Estrangeiros.

Mas para os Jogos de Paris teremos que esperar. O COI decidirá "no momento apropriado".

Aos poucos, as federações internacionais foram reintegrando os russos, por caminhos diferentes, com a notável exceção da Federação Internacional de Atletismo, um dos principais esportes olímpicos.

SINAL VERDE UCRANIANO


Contra todos os prognósticos, no início do Mundial de Esgrima, em julho, a Ucrânia autorizou seus atletas a enfrentarem os russos sob bandeira neutra e em caráter individual. A perspectiva de um boicote às Olimpíadas por parte da Ucrânia diminuiu. Durante esses campeonatos, uma atleta de esgrima ucraniana, Olga Jarlán, foi desclassificada por se recusar a apertar a mão de sua adversária russa, Anna Smirnova. Por isso, recebeu do COI um convite para os Jogos Olímpicos de Paris.

Já a Rússia indicou que não boicotará os Jogos de Paris.

COMITÊ PARALÍMPICO REABRE AS PORTAS


No final de setembro, o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) votou a favor da participação sob bandeira neutra e com condições estritas de neutralidade nos Jogos Paralímpicos de 2024 (28 de agosto a 8 de setembro).



SUSPENSÃO DO COMITÊ OLÍMPICO RUSSO


O COI suspendeu o Comitê Olímpico Nacional russo no dia 12 de outubro "com efeito imediato" por ter colocado quatro organizações regionais ucranianas sob a sua autoridade. Mas, segundo o COI, esta decisão não tem consequências na eventual presença de atletas russos sob bandeira neutra nos Jogos Olímpicos de Paris.

COI AUTORIZA RUSSOS E BIELORRUSSOS SOB BANDEIRA NEUTRA


Nesta sexta-feira, 8 de dezembro, o COI autorizou atletas russos e bielorrussos a participarem sob bandeira neutra nos Jogos Olímpicos de 2024, excluindo eventos coletivos, e desde que não tenham apoiado ativamente a invasão russa da Ucrânia.

Dois dias antes, as federações internacionais e os comitês olímpicos nacionais haviam exigido a admissão "o mais rapidamente possível" dos atletas russos e bielorrussos aos Jogos de Paris, também sob bandeira neutra.

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