Prodígio, arqueiro concilia rotina escolar e treino por pódio em 2016 - Gazeta Esportiva
Prodígio, arqueiro concilia rotina escolar e treino por pódio em 2016

Prodígio, arqueiro concilia rotina escolar e treino por pódio em 2016

Gazeta Esportiva

Por Olga Bagatini, especial para a GE.net

15/09/2015 às 09:00

São Paulo, SP

À primeira vista, Marcus Vinícius D'Almeida é um adolescente comum. Tem 17 anos, cursa o último semestre do terceiro colegial e gosta de aproveitar o tempo livre com a namorada e os amigos. Não é muito fã de festas, mas, como bom carioca, passa os fins de semana praticando bodyboard nas praias do Rio de Janeiro. O diferencial de Marcus, contudo, é perceptível quando o olhar recai sobre sua rotina. Quando bate o sinal que anuncia o fim da aula no colégio, o garoto ruma para o Centro de Treinamento da Confederação Brasileira de Vôlei, em Saquarema, onde despende sete horas do seu dia aprimorando suas habilidades no tiro com arco, sob o olhar atento da técnica Dirma Miranda. Foi essa dedicação aos treinamentos que tornou o jovem o melhor atleta do Brasil na modalidade.

Marcus Vinícius alcançou o posto de número 1 do País na última quarta-feira, durante a etapa final da Copa do Mundo de Tiro com Arco, disputada em Medellín, na Colômbia. Ele anotou 670 de 720 pontos possíveis na fase classificatória e superou o recorde do gaúcho Luiz Gustavo Trainini da Silva, 20 anos mais velho e responsável por 667 pontos em 2012. A marca pôs fim à frustração do garoto, incomodado por ter estagnado em 664 nas exibições recentes.

"Finalmente eu consegui. Era algo que eu buscava há muito tempo, estava com uma média boa e sabia que não estava longe de bater esse recorde. O fato de ter sido em uma prova internacional já é um avanço, porque há mais pressão. Foi a melhor hora possível. Conseguir conquistar meus objetivos e fazer coisas diferentes, mesmo sendo novo, é a afirmação de que estou no caminho certo", relatou o arqueiro à Gazeta Esportiva.

(foto: Divulgação/Word Archery)
Aos 17 anos, Marcus Vinícius D'Almeida se tornou o arqueiro número 1 do Brasil (foto: Divulgação/Word Archery)


Há um ano, no dia 7 de setembro de 2014, o atleta alvejava mais uma flecha no mapa do esporte. Então dono da inédita prata nas Olimpíadas da Juventude de Nanquim, na China, Marcus foi o arqueiro mais jovem da história a se classificar para a final da Copa do Mundo. Ele acabou derrotado pelo tricampeão Brady Ellison e ficou em segundo lugar, posição suficiente para colocá-lo na história do esporte nacional. E as conquistas não param por aí. Há três meses, ergueu o troféu na classe cadete do Mundial Júnior, em Yankton, nos Estados Unidos. Também era uma das esperanças de medalha no Pan de Toronto, mas parou nas quartas de final.

Marcus passou longe do pódio em Medellín. Foi o melhor entre os brasileiros, mas caiu nas oitavas para o holandês Mitch Dielemans. O tropeço não tira o sono do menino, ciente da evolução que vem apresentando. "Não tive um desempenho como o do ano passado, mas faz parte", conformou-se. "Nem sempre é possível estar no topo. Tive um problema inicial com o equipamento, nas duas etapas iniciais da Copa do Mundo, mas quando eu voltei para o meu arco consegui ser campeão mundial cadete e me mantive sempre entre os dez do mundo. Nem sempre só a medalha é avaliada. Foi um bom ano.”

Sem descanso, o rapaz inicia nesta terça a disputa do Aquece Rio, evento-teste para as Olimpíadas. Realizada no Sambódromo, a competição reúne 122 arqueiros de 30 nacionalidades e vai até o dia 22 de setembro. A agenda ainda conta com o Campeonato Brasileiro em Goiânia, entre 28 de outubro e 01 de novembro.

O carioca concilia os estudos com rotina de viagens, competições e muito treino (foto: Divulgação/World Archery)


Em meio ao empenho para se consolidar entre os melhores arqueiros do mundo e às viagens para competir, Marcus tenta concluir o ensino médio. Ele conta que os professores entendem sua ausência e são maleáveis em relação às formas de avaliação, apoiando abertamente o “espírito esportivo”. O jovem sonha em fazer faculdade, mas essa preocupação só terá lugar depois das Olimpíadas.

Se existe algo que tira o sossego do carioca, é a expectativa para as Olimpíadas do Rio de Janeiro. Tido como promessa, o atleta não se exime do fardo que acompanha o talento, mas acredita ser capaz de usá-lo a seu favor.

"Não é uma responsabilidade pequena, mas tudo é uma questão de ponto de vista. Posso encarar pelo lado da pressão, mas posso ver isso como apoio. Prefiro ver por esse lado. Vai ser ótimo poder atirar em casa, com a torcida brasileira. Estão me apoiando, acreditam em mim, e isso me ajuda”, garantiu o menino, que vê no trabalho duro a receita para o sucesso.

“Treinar é o único caminho. Quero muito uma medalha no Rio e me esforço muito para isso. Durmo pensando em pódio olímpico, acordo pensando em pódio olímpico. O que posso fazer é continuar treinando todos os dias e dando o meu máximo”, concluiu.

(Divulgação/Wander Roberto/COB)
Prata nas Olimpíadas da Juventude, Marcus sonha com pódio no Rio de Janeiro (Divulgação/Wander Roberto/COB)

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