RONALDO - Gazeta Esportiva

O Fenômeno

Um dos jogadores com passagem mais marcante pela Seleção Brasileira, Ronaldo Luís Nazário de Lima teve uma trajetória de títulos, drama e superação com a camisa verde e amarela.

Detentor de dois títulos mundiais pelo Brasil, o Fenômeno alcançou recordes e foi o dono da camisa 9 por mais de uma década.

Depois de convocações para as equipes de base, o então destaque do Cruzeiro recebeu sua primeira oportunidade no grupo principal em 1994, pouco antes da Copa do Mundo nos Estados Unidos. O técnico Carlos Alberto Parreira deu uma chance ao garoto no decorrer do amistoso contra a Argentina, no dia 23 de março daquele ano, entrando no lugar de Bebeto, autor dos dois gols da vitória brasileira por 2 a 0.

Em seguida, o atacante foi titular no confronto com a Islândia e até marcou um gol, além de ter entrado contra Honduras. Assim, aos 17 anos, foi confirmado na lista de convocados de Parreira para a Copa do Mundo de 1994, mas não teve a chance de entrar em campo na conquista do tetracampeonato. Formado pelo São Cristóvão e com ascensão rápida pelo Cruzeiro, o jogador chamou a atenção no exterior.

Depois do torneio pelo Brasil nos Estados Unidos, o atleta se transferiu do clube mineiro para o PSV, da Holanda, e teve um crescimento rápido na Seleção, tendo várias chances como titular do técnico Mário Jorge Logo Zagallo em 1995.

Ao mesmo tempo em que brilhava na Europa, saindo da equipe holandesa para defender o Barcelona, Ronaldo também evoluía na Seleção e atraía cada vez mais as atenções. Sempre lembrado pelo treinador canarinho, o atacante assombrou a todos com suas atuações pelo Barça e levou pela primeira vez o prêmio de melhor do mundo em 1996.

Protagonista

 

Titular absoluto do Brasil ao lado de Romário no ano seguinte, o atacante assumiu seu papel de protagonista e conquistou a Copa América e a Copa das Confederações, além de ter obtido novamente o prêmio da Fifa de principal jogador do planeta, já depois de ter se transferido do Barça para a Internazionale de Milão.

Os dois anos anteriores fizeram Ronaldo chegar à Copa do Mundo de 1998 como maior jogador da Seleção, até por conta da ausência de Romário, cortado devido a uma lesão.

O jogador foi titular na campanha do Brasil e tudo levava a crer que confirmaria seu papel de destaque com gols, mas um problema no dia da final marcou negativamente aquele torneio. Ronaldo teria sofrido uma convulsão horas antes da decisão, mas, mesmo assim, participou da derrota por 3 a 0 para a França, com uma atuação apática, assim como a de todo time.

O drama

 

Substituto de Zagallo depois da Copa, Vanderlei Luxemburgo continuou apostando no atacante, inclusive sendo campeão da Copa América de 1999, mas logo começaram as lesões. Com uma operação no joelho direito em novembro daquele ano, Ronaldo só voltou aos gramados cinco meses depois, mas, logo nos primeiros minutos em que esteve em campo, o jogador sofreu uma grave lesão no mesmo joelho e caiu, chorando. As câmeras de TV exibiram em detalhes o drama do Fenômeno para o mundo todo. Ficou mais um ano afastado.

Apesar de todos os problemas, Ronaldo ganhou a confiança de Luiz Felipe Scolari para a Copa do Mundo de 2002. A recuperação só terminou pouco antes do torneio, mas a decisão do treinador se mostrou acertada.

O Fenômeno foi o grande destaque do torneio no Japão e na Coreia do Sul, marcando, inclusive, dois gols na vitória por 2 a 0 sobre a Alemanha na final. Acabou coroado como campeão e artilheiro (oito gols).

Mesmo sem o prêmio de melhor da Copa (honraria destinada ao goleiro alemão Oliver Kahn, que falhou na decisão), Ronaldo se consagrou novamente no fim do ano, quando recebeu seu terceiro prêmio de melhor do mundo, já depois da transferência para o Real Madrid.

Na equipe espanhola, o brasileiro fez parte de um elenco intitulado de ‘galáctico’, por conta do grande número de estrelas reunidas. Apesar de toda a expectativa, o clube merengue não conseguiu os almejados troféus europeus neste período e teve de se contentar com conquistas locais. Já Ronaldo continuou na Seleção, ficando fora da Copa das Confederações de 2005.

Para o Mundial da Alemanha, Carlos Alberto Parreira apostou em um sistema ofensivo que ficou conhecido como quadrado mágico: Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Adriano. Porém, com os dois atacantes sendo criticados pela má forma física, o Brasil voltou a cair diante da França, desta vez nas quartas de final. O que serviu de alento foi o Fenômeno ter se tornado o maior artilheiro da história das Copas, chegando a 15 bolas nas redes e superando a marca do alemão Gerd Muller, que contabiliza 14.

Depois do torneio, o atacante seguiu do Real Madrid para o Milan, sem repetir pelo time italiano as atuações das temporadas anteriores. No fim de 2008, uma reviravolta na carreira: o retorno ao futebol brasileiro. Mesmo tendo feito um período de treinos no Flamengo, seu time de preferência na infância, o atleta foi anunciado como reforço do Corinthians, sendo o astro do Alvinegro nas conquistas do Paulistão e da Copa do Brasil de 2009.

Com a missão de ser ‘mais um louco do bando’, Ronaldo não conseguiu a tão sonhada Libertadores, mas abriu caminho para contratos milionários do clube na área de marketing. Neste período, o jogador já convivia com as críticas em relação ao seu excesso de peso, mas atraía as atenções por onde passava defendendo o clube.

Além disso, o atacante foi determinante em dois títulos pelo time então dirigido por Mano Menezes: Campeonato Paulista e Copa do Brasil, em 2009. Na decisão do Estadual, marcou um golaço por cobertura sobre o goleiro santista Fábio Costa, na Vila Belmiro. O troféu, então, foi obtido de maneira invicta.

Porém, no dia 14 de fevereiro de 2011, chateado pela vexatória eliminação diante do Tolima na fase preliminar da Copa Libertadores e abatido com os protestos da torcida, o atacante se emocionou ao anunciar sua aposentadoria, colocando um fim em uma das mais brilhantes carreiras do futebol.

Em 7 de junho do mesmo ano, a despedida oficial pela Seleção foi feita em amistoso contra a Romênia, no estádio do Pacaembu. Último amistoso antes da Copa América da Argentina, a festa terminou com vitória por 1 a 0 para o Brasil, que teve Ronaldo em campo por apenas 15 minutos, em uma equipe que tinha Fred, Neymar e Robinho, entre outros.

Com seu status no futebol, o aposentado Ronaldo assumiu outra função para participar da Copa do Mundo de 2014, a de dirigente. O Fenômeno, que também é dono de uma agência de marketing esportivo responsável, inclusive, pela carreira de Gabriel Jesus, foi nomeado em 2011 integrante do Comitê Organizador da Copa do Mundo no Brasil.

*Narração: Marina Panizza. Edição de áudio: Bruna Matos