Mudança na regra de gols fora de casa está longe de ser unanimidade na Europa - Gazeta Esportiva
Mudança na regra de gols fora de casa está longe de ser unanimidade na Europa

Mudança na regra de gols fora de casa está longe de ser unanimidade na Europa

Gazeta Esportiva

Por AFP

14/03/2022 às 20:02

São Paulo, SP

A regra de peso dois para gols marcados como visitante em caso de empate já não está mais em vigor na Europa, mas continua sendo assunto e divide opiniões entre os nostálgicos e os que veem no novo formato um jeito mais simples de entender os resultados.




Mais simples?

O futebol europeu vive uma pequena revolução com a decisão da Uefa de retirar esta regra histórica, instaurada em 1965, numa época em que as viagens continentais eram mais exaustivas e os gols marcados no campo do adversário muitas vezes revelavam uma boa atuação.

Desde o início das fases de mata-mata das competições europeias da atual temporada, em meados de fevereiro, os torcedores devem se habituar a não considerar uma derrota por 2 a 1 fora de casa como um bom resultado, já que uma vitória por 1 a 0 na volta em casa não é mais sinônimo de classificação, mas sim de prorrogação.

“Quando os treinadores foram consultados, eu estava entre a maioria favorável à mudança da regra, porque isso deixa os resultados mais limpos e mais compreensíveis”, disse o treinador do Chelsea, Thomas Tuchel.

“Nunca entendi por que um 3 a 1 devia ser um resultado melhor ou pior do que um 2 a 0”, acrescentou o treinador do atual campeão da Europa, que na próxima quarta-feira visitará o Lille no jogo de volta das oitavas de final da Liga dos Campeões (os ingleses venceram por 2 a 0 na ida).

Mais justiça?

Quando a mudança foi decidida, em junho de 2021, o presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, disse que o peso dois para os gols fora de casa era uma “fonte de injustiça”, especialmente na prorrogação, já que um gol do time visitante obrigava os donos da casa a marcar dois.

“É mais justa a eliminação sem o valor dobrado dos gols no campo do adversário”, disse o treinador do Atlético de Madrid, Diego Simeone, que visitará o Manchester United nesta terça-feira pelas oitavas da Champions (1 a 1 no jogo de ida).

Para Gian Piero Gasperini, treinador da Atalanta, que derrotou o Bayer Leverkusen pela Liga Europa em casa por 3 a 2, a nova regra “muda as coisas”.

“Este novo formato parece mais justo. É sem dúvida mais difícil, mas mais justo porque passa o time que marcou mais gols", disse Gasperini.


Mais espetáculo?

Outro argumento a favor da nova regra: promete partidas mais francas, com os times liberados da calculadora.

“Criará mais suspense. Mais jogos irão para a prorrogação”, opinou Karl-Heinz Rummenigge, ex-presidente do Bayern de Munique e membro do comitê-executivo da Uefa.

Um ponto de vista compartilhado por Thomas Tuchel.

"Por enquanto tenho a impressão de que isso permite ser mais ofensivo, porque se pensa mais em atacar, tendo menos medo de sofrer gols", disse Tuchel.

Reticentes

Por outro lado, algumas personalidades do futebol europeu como o técnico do Liverpool, Jüergen Klopp, mostraram uma menor adesão à mudança.

"Durante muito tempo ao longo da minha vida acompanhei a Liga dos Campeões pela televisão, mais do que disputá-la, eu gostava dessa regra”, comentou o treinador.

“Não sei exatamente porque mudaram, mas agora que não existe está tudo bem. Acredito que não terá um grande impacto”, acrescentou Klopp.

Massimiliano Allegri, treinador da Juventus, também mostrou suas dúvidas.

“Se muda algo? Eu não sei. Sobre o enfoque de uma partida, não muda”, avaliou o italiano.

A Juventus foi eliminada da Champions nas últimas duas temporadas exatamente por causa da regra dos gols gora de casa: contra o Lyon em 2020 (perdeu fora por 1 a 0 e venceu em casa por 2 a 1) e em 2021 para o Porto (perdeu por 2 a 1 fora e venceu por 3 a 2 em casa, na prorrogação).

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