Com o Estádio Olímpico do Ibirapuera como palco principal, o formato da competição segue o mesmo. Na primeira partida, duas equipes disputarão para decidir quem será o “Galo”, ou seja, o melhor time da várzea. O vencedor se torna o “campeão” e será desafiado por outras equipes selecionadas em sorteio. Ao término da temporada, os times com melhor desempenho fazem a final, apelidada de Super Galo.
Futebol raiz na manhã dos brasileiros
No início dos anos 70, Nilton Travesso e Antonio Augusto Amaral de Carvalo, o Tuta, idealizaram o Desafio ao Galo, principal torneio da várzea nacional que se tornaria uma marca registrada da TV Record na manhã de domingo das décadas 70 e 80. Diante de um esporte tão presente na cultura popular, a intenção era criar uma competição televisionada em que times de bairros, comunidades e até empresas pudessem se enfrentar para definir o grande campeão.
As partidas eram disputadas, a princípio, na Rua Javari, casa do Juventus, e depois passaram a ser no CMTC Clube, no Pari. O estilo irreverente e competitivo do campeonato logo caiu no gosto dos paulistanos, que começaram a lotar as arquibancadas do estádio na zona norte de São Paulo. Caravanas eram formadas por dezenas de ônibus e rumavam para apoiar seus bairros.
O maior vencedor da história do torneio
Dificilmente um clube da várzea fará tanto sucesso como fez o C. A. Parque da Mooca. Fundado em 1924 por um grupo de amigos na zona leste paulistana, a agremiação dominou o Desafio ao Galo durante dois anos, vencendo as edições de 1974 e 1975. Nesse período, a equipe ficou incríveis 26 partidas sem conhecer uma derrota.
A supremacia no futebol amador foi tamanha que o clube decidiu se aventurar no profissional. Após garantir vaga na terceira divisão do Campeonato Paulista, o Parque da Mooca conquistou a Copa Paulista jogando contra times tradicionais como Bragantino, Jabaquara e Portuguesa Santista. Com a visibilidade no futebol paulista, a equipe ainda foi convidada a enfrentar o River Plate, na Argentina, em um amistoso internacional.
Revelações dentro e fora do campo
O Desafio ao Galo foi responsável por revelar craques do futebol brasileiro. Casagrande, Viola, Denílson, César Sampaio e Juninho Paulista surgiram para o amante do esporte nacional em equipes que disputavam o torneio da várzea. Existe a lenda de que Telê Santana, então treinador do São Paulo, viu Cafu atuando na competição e o convidou para fazer um teste no Tricolor Paulista.
"Nós temos os veteranos e obrigatoriamente dois menores de 18 anos. Esses menores de 18 anos da época que eu narrava hoje se chamam Casagrande, Dener, que morreu, Cafu e vai por aí afora. Quer dizer nós revelamos no Galo meninos que não tinha oportunidade, já que não estavam no São Paulo, Corinthians e Palmeiras, e sim nesses times que vocês viram", disse Joseval Peixoto em participação no programa Mesa Redonda, da TV Gazeta.
O campeonato, no entanto, não revelou apenas atletas. Muitos dos responsáveis pela transmissão seguiram carreira e se tornaram nomes relevantes do jornalismo nacional. Um exemplo disso é Fausto Silva, que foi repórter de campo e, posteriormente, narrador. Silvio Luiz e Thiago Leifert também passaram pela beira do gramado do CMTC Clube.
De voz nova, mas nem tão nova
No auge de seus 80 anos, Joseval Peixoto está de volta à narração esportiva após quase quatro décadas. O jornalista, que chegou a comandar a transmissão da competição na década de 80, será o responsável pelo retorno do Desafio ao Galo à televisão aberta. As reportagens no gramado serão de Elias Scaf e Cleo Brandão (ex-apresentadora do Show do Esporte, da Band).
"(O time) só cairá do ponto de Galo se for derrotado. Enquanto não for derrotado, ele é o Galo. Por isso que o torneio é bonito, é uma final a cada domingo", analisou Joseval.
A primeira transmissão está programada para este domingo, às 13 horas (de Brasília), na TV Gazeta, já sob o comando de Joseval Peixoto e sua nova equipe. O primeiro confronto será entre o Barranco da Esquina, de Osasco, e o Gardenais, de Carapicuíba.
