Maurício Precivalle Galiotte busca o segundo mandato como presidente da Sociedade Esportiva Palmeiras neste sábado. Como adversário de Genaro Marino Neto, o dirigente promete elencos fortes e associa o protagonismo do clube no futebol ao investimento da patrocinadora Crefisa.
Indicado como sucessor por Paulo Nobre, Galiotte iniciou a gestão com Genaro como um de seus quatro vices. Durante o mandato, no entanto, o presidente se afastou de ambos ao defender a legalidade da eleição de Leila Pereira, proprietária da patrocinadora, ao Conselho Deliberativo.
“O Palmeiras sem a Crefisa também manteria um trabalho, mas diminuiria o tamanho do projeto”, afirmou Galiotte em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva. Caso seja eleito, ele planeja renovar o contrato de patrocínio, válido até o final da temporada, por mais três anos.
Formado em administração de empresas, Galiotte tem 49 anos, virou sócio do Palmeiras em 1978 e conselheiro, em 2004. Na reta final da campanha, ele falou à reportagem sobre a importância de Dudu no provável título brasileiro, rebateu recente manifestação de Paulo Nobre e descartou a hipótese de reatar com a Federação Paulista de Futebol (FPF).
ANÁLISE DA GESTÃO
Esse trabalho de dois anos foi de continuidade. Iniciamos em 2013 na vice-presidência em um momento muito difícil do Palmeiras, com uma grande crise financeira e esportiva. Em 2015, com a arena já inaugurada e a chegada da Crefisa, houve uma reestruturação profunda do departamento de futebol e o Palmeiras ascendeu ao caminho correto. Hoje, o clube tem uma categoria de base muito bem estruturada e ganhadora. Investimos muito nas crianças, com o projeto Torcedor do Futuro e o Setor Família. São crianças que estarão por toda a vida ao lado do Palmeiras. Investimos muito no clube social e agregamos valor com serviços cada vez melhores aos sócios. O Palmeiras valorizou muito a marca, que triplicou de tamanho. O clube, hoje, tem um leque de fontes de recursos e isso nos propicia trabalhar pelos próximos anos com equilíbrio financeiro. Esportivamente, estamos disputando títulos e é isso que o Palmeiras tem que fazer.
ALGUM ARREPENDIMENTO?
Quando a gente administra um clube do tamanho do Palmeiras, um dos maiores do mundo, vamos errar e acertar. O importante é a gente acertar mais do que errar. Se temos equilíbrio financeiro e organização administrativa, somos protagonistas no futebol e reformulamos a base, significa que nosso trabalho teve mais acertos do que erros. É exatamente isso que temos como objetivo.
IMPORTÂNCIA DA CREFISA
A Crefisa chegou ao Palmeiras em janeiro de 2015, em um período muito difícil. É fato que ela foi fundamental para o clube se reorganizar dentro de um contexto em que ainda não tínhamos as fontes de receita que temos hoje. O patrocínio possibilitou a compra de jogadores e um trabalho melhor em termos de qualidade. Até hoje, é fundamental para o Palmeiras. Desde que a Crefisa chegou, o clube está melhor, mais competitivo, mais organizado e mais equilibrado financeiramente. Tivemos problemas pessoais, problemas de relacionamento e eu, durante um período, acabei tendo que participar disso. Fiz todos os esforços para que a patrocinadora continuasse conosco, porque, realmente, é muito importante para o clube ter um alicerce financeiro. O futebol é muito caro. Para ter grandes talentos, você precisa de recursos financeiros. Os clubes que mais disputam títulos no mundo são os que estão melhor estruturados financeiramente e, aqui no Brasil, não é diferente. É como uma pirâmide: precisamos de uma base financeira muito sólida e, depois, você tem os processos, os profissionais e o trabalho do dia a dia para chegar ao topo da pirâmide, que são os títulos.
RENOVAÇÃO COM A CREFISA
A ideia é, se formos reeleitos, renovar com a Crefisa durante o período de mandato de três anos. Não temos ainda definido como será (em termos de valores) o próximo contrato com o patrocinador, mas a nossa expectativa é que seja um contrato bastante importante para o clube, como têm sido os últimos que fizemos com o patrocinador.
PALMEIRAS SERIA COMPETITIVO SEM A CREFISA?
O Palmeiras sem a Crefisa e sem outras fontes de receita também manteria um trabalho, mas diminuiria o tamanho do projeto. O Palmeiras continuaria, o Palmeiras é eterno, muito grande. Mas reduziria o tamanho do projeto. Eu não quero mais um Palmeiras que fique entre o nono e o 15º lugar, como aconteceu nos últimos 15 anos. Queremos um clube que vença, que esteja próximo do título em todos os campeonatos que disputa.
ELEIÇÃO DE LEILA PEREIRA AO CONSELHO
Esse tema foi tratado no início da minha gestão. Eu não quis tratá-lo de maneira monocrática e levei ao Conselho Deliberativo. O assunto foi debatido amplamente, votado e aprovado. Então, tenho esse assunto como encerrado, uma vez que o próprio Conselho Deliberativo homologou.
COMPORTAMENTO DE LEILA PEREIRA
Em nenhum momento, a Leila Pereira ou o José Roberto Lamacchia nos solicitam alguma coisa, pedem alguma coisa ou interferem em alguma coisa. Isso, eles não fazem. Nunca pedem absolutamente nada. A única coisa que exigem é o que está no contrato: exclusividade nos uniformes de jogo para as marcas deles. No dia a dia do clube, absolutamente nenhuma interferência ou ingerência. São parceiros do Palmeiras. Fazem exatamente aquilo que o Palmeiras precisa e eles podem ajudar. Só isso.
OBRIGAÇÃO DE RESSARCIR A CREFISA EM R$ 120 MILHÕES
Esse é um compromisso coberto. Temos os jogadores como ativos e, na venda dos atletas, devolvemos o dinheiro à Crefisa. Sempre tivemos esse compromisso, tanto no primeiro contrato, como no segundo. Sempre tivemos um compromisso moral com a patrocinadora. Quem diz o contrário, eu penso e, às vezes, me pergunto se tinha a ideia de devolver o dinheiro à patrocinadora. Mas acho que temos que ser absolutamente transparentes com o patrocinador. Vendeu o jogador, devolve o dinheiro. A diferença entre os dois contratos é que, no primeiro, caso vendêssemos o jogador por um valor inferior, a responsabilidade seria da Crefisa. E, hoje, a responsabilidade é do clube. Os contratos que temos com a Crefisa são absolutamente idênticos aos que tínhamos com o Mina e com o Roger Guedes, firmados na gestão anterior. Como conceito, como modelo, é exatamente o mesmo.
AFASTAMENTO DOS QUATRO VICE-PRESIDENTES
Vejo de maneira natural. Eu enxergo que as pessoas têm total direito e liberdade de interpretar as coisas da sua maneira. Desde o início da minha gestão, eles já se posicionaram contra. Eu entendi. Agora, para o meu segundo mandato, caso eleito, reestruturei. Busquei pessoas que estavam no dia a dia do clube, com funções importantes e fundamentais, como diretores financeiro, administrativo e jurídico.
CARTA DE PAULO NOBRE
O presidente Paulo Nobre teve um trabalho importante no Palmeiras. Serviu ao clube e, depois, se afastou. Fez uma manifestação em um momento esportivo muito importante do clube. Eu entendi que não seria o momento adequado para se expor as diferenças. Obviamente, as diferenças existem. Caso contrário, não haveria distanciamento. Mas o entendo que o momento não foi o mais adequado. Não vou tratar detalhadamente da exposição feita pelo Paulo, mas, em um segundo momento, depois que terminarmos o Campeonato Brasileiro, podemos tratar todas as questões, sem problema. O fato é que cada um tem a sua versão, cada um diz o que lhe convém e as pessoas têm que saber exatamente o que ocorreu. Ele tem a versão dele e eu, a minha. Infelizmente, no momento que antecede as eleições temos esse tipo de manifestação, temos o vazamento de informações internas do clube… A gente lamenta tudo isso, mas vamos continuar nosso trabalho.
RELAÇÃO COM A FPF
Prefiro manter o distanciamento que existe hoje. O Palmeiras respeita quem respeita o Palmeiras, e o Palmeiras não foi respeitado (pela FPF). Obviamente, houve uma situação com a qual não concordamos (na final do Campeonato Paulista), não é isso que queremos no futebol. Então, o Palmeiras, através desse distanciamento, provoca uma reflexão e faz com que as coisas sejam feitas de forma cada vez melhor para o futebol, como árbitro de vídeo, gravação da conversa dos auxiliares e talvez uma reformulação das pessoas que conduzem o departamento de arbitragem. O Palmeiras vai respeitar todos que respeitarem o Palmeiras.
CAMPEONATO PAULISTA
O torneio regional será tratado de maneira estratégica. Será um período de preparação para os outros grandes campeonatos. O torneio regional é pequeno perto dos demais. Então, o Palmeiras vai usar esse período de início do ano para se preparar para os campeonatos maiores que terá longo de 2019.
ALEXANDRE MATTOS
Nosso objetivo é a manutenção de todos os profissionais do departamento de futebol e a manutenção do processo que existe no departamento. Com isso, caso eleito, eu gostaria, sim, de renovar com Alexandre Mattos, com o Cícero Souza. O Felipão e a comissão técnica também já têm contrato conosco. A ideia é que todos permaneçam.
IMPORTÂNCIA DE DUDU EM POSSÍVEL TÍTULO BRASILEIRO
Ele é um jogador extraordinário, realmente diferenciado e tem sido muito importante para nossa equipe. Vem fazendo a diferença e está entre os melhores do Campeonato Brasileiro. No início de 2018, renovamos o contrato do Dudu (até o fim de 2022) e é fato que, na metade do ano, surgiu uma proposta importante para o atleta (do chinês Shandong Luneng), com valores muito significativos. Conversei bastante com o Dudu. Tínhamos esse atleta como uma peça fundamental para todo o planejamento do ano e a saída dele, sem dúvida, comprometeria o projeto. Expliquei isso, ele entendeu. O Dudu é muito identificado com nosso torcedor, com a nossa camisa e a expectativa é que a gente conquiste o título. Vamos brigar muito para isso e ele tem sido fundamental.
TEME PERDER DUDU PARA O EXTERIOR?
Vamos esperar o término do Campeonato Brasileiro para, se formos eleitos, tratar cada um dos casos e situações. O fato é que o Palmeiras, com certeza, estará muito forte em 2019 e 2020. Estamos em uma curva crescente, com um momento muito positivo. Gostaríamos que todos os jogadores talentosos ficassem na equipe, além de poder agregar algum valor, se tivermos oportunidade de mercado. Mas vamos tratar disso no momento oportuno, que é após o Campeonato Brasileiro. O mesmo vale para os atletas com contrato até o fim da temporada.
RICARDO GOULART
Ele está na Academia de Futebol apenas fazendo um tratamento de recuperação física, até pela estrutura que o Palmeiras oferece. Ele solicitou um período para se recuperar. Temos absolutamente todo o suporte que um atleta de ponta necessita, uma das melhores estruturas do Brasil. Mas é só um período de recuperação do atleta.
DEYVERSON
Ele tem sido muito útil, vem fazendo gols importantes, com uma participação fundamental para o time nesse ano. Obviamente, com alguns problemas, algumas situações pontuais, que estamos tratando. O Felipão vem conversando muito com o Deyverson, mas o importante é que ele tem participado e colaborado bastante conosco.
ELENCOS FUTUROS
Teremos, sim, um elenco muito forte no ano que vem. Tanto em 2019, como em 2020. Com certeza, o elenco do ano que vem será muito forte. Disputará títulos, como o desse ano, sem dúvida nenhuma.
SUCESSO DE FELIPÃO NOS PONTOS CORRIDOS
A gente esperava exatamente isso. Conhecemos o Felipão, sabemos do seu potencial e capacidade. É um treinador que conhece clube e torcida. É um vencedor, inclusive conosco. Campeão mundial, de Libertadores, de Copa do Brasil. Enfim, um colecionador de títulos. Tem todo nosso respeito e admiração. No momento em que trocamos a comissão técnica, tínhamos total convicção de que precisávamos mudar a postura dos atletas, precisávamos de um outro Palmeiras dentro de campo. Pensamos no Felipão, ele aceitou e os resultados estão aí.
FELIPÃO COM TEMPO PARA PLANEJAR 2019
A ideia é que o trabalho do ano seguinte seja sempre melhor que o do ano anterior. Que a gente possa buscar títulos e trazer alegria ao nosso torcedor. Estamos trabalhando muito focados exatamente para isso: ter um Palmeiras cada vez melhor.
A COPA LIBERTADORES É OBSESSÃO?
É óbvio que nos preparamos para ganhar a Libertadores, o Brasileiro, a Copa do Brasil. Trabalhamos para ganhar títulos. Vamos trabalhar, sim, para ganhar a Libertadores. É importante dizer que será a primeira vez na história do Palmeiras em que o clube vai disputar quatro vezes seguidas a Libertadores. Então, esse é o primeiro passo para conseguir ganhar: sempre disputar. Estamos no caminho certo. Em termos de resultado, tivemos evolução de um ano para outro. Agora, com o trabalho que a gente vem fazendo, vamos em busca do título, sem dúvida.
COMO CONDUZIR JOIAS DA BASE AO PROFISSIONAL?
Isso é uma questão de respeitar as etapas. Fizemos um trabalho na base há algum tempo e, agora, estamos colhendo os frutos, com resultados e revelação de atletas importantes que ascenderão, sim, ao time principal, mas no momento adequado. Existe um período de transição, que devemos tratar com muito cuidado. Alguns atletas, inclusive, já estão trabalhando no profissional. Para chegar na equipe principal, é uma questão de tempo, condicionamento, preparação e amadurecimento. Eu não tenho dúvida: nos próximos anos, o Palmeiras terá muitos atletas oriundos da base e contratações, que sempre existirão, mas contratações pontuais.
RELACIONAMENTO COM A WTORRE E MEMORIAL
Hoje, temos um relacionamento muito bom. Há diálogo com os executivos e diretores da WTorre. O que importa para nós é sempre defender o Palmeiras e buscar o melhor para o clube. Existem alguns assuntos que estão na arbitragem, mas os demais vêm evoluindo. Em relação ao memorial, minha ideia é que façamos dentro da arena para que os sócios e as pessoas que estão no estádio possam visitar. Estamos com muitos diálogos, debates e aproximações para que, em um determinado momento, consigamos chegar no ponto de resolver todas as pendências e também fazer o memorial.
MAIOR DESEJO PARA EVENTUAL SEGUNDO MANDATO
A gente sempre trabalha no dia a dia correndo em busca dos títulos. Nosso objetivo maior é trazer alegria e satisfação ao torcedor. E isso se consegue através dos títulos. Para isso, existe trabalho, existem os profissionais, existe um planejamento. Vamos também melhorar o clube social em termos de qualidade, serviço, modernização e equipamentos condizentes com o nível do nosso associado. Queremos um clube como referência administrativa, financeira e esportiva. Esse é nosso trabalho.