Construtor do sonho - Gazeta Esportiva
Tomás Rosolino
São Paulo (SP)
09/26/2018 09:30:21
 

Jadson chega caminhando tranquilamente para a conversa com a Gazeta Esportiva em uma tarde outrora ensolarada de segunda-feira no CT Joaquim Grava, mais fria com a iminente chegada da noite. Tranquilo e mostrando a serenidade que o caracteriza dentro de campo, o experiente armador falou com a reportagem sobre a expectativa para a decisão desta quarta, contra o Flamengo, que pode dar ao clube uma vaga na final da Copa do Brasil. Mas o papo não parou por aí.

Dono de visão de jogo privilegiada, o armador reconheceu que os quase 35 anos já o fazem pensar no que fazer depois de terminar a carreira de jogador. Encantado com a vida em São Paulo, cidade à qual se mudou em 2012, o paranaense afirma que deve ficar por aqui mesmo quando acabar seu recém-renovado contrato com o Alvinegro, em 2020. Ocupação? Administrar a J. R. Silva Empreendimentos, empresa do ramo da construção civil, curiosa escolha do principal construtor de jogadas do Timão.

Gazeta Esportiva – Você tem aparecido cada vez mais em vídeos e interações com a torcida, parece bem relaxado no Corinthians. É o seu melhor momento aqui?

Jadson – Fico muito feliz de estar podendo ajudar a equipe, está sendo um ano muito bom para mim. Sou um cara muito feliz, para frente. Aí às vezes acabo fazendo uns stories (ferramenta de compartilhamento de imagens e vídeos do aplicativo Instagram) aí e os torcedores acabam curtindo. Mas eu faço porque é o meu jeito mesmo, não faço nada forçado, tudo natural (risos).

Gazeta Esportiva – A recepção tem sido boa?

Jadson – Os torcedores sempre me trataram muito bem. Conquistei todos esse títulos, acho muito bom ganhar aqui. Me
identifico com a torcida do Corinthians, tem jogadores de referência como Cássio, Ralf…

Gazeta Esportiva – Você.

Jadson – É, tem eu, mas eles ganharam mais, têm mais tempo aqui e por isso são respeitados pela torcida. Espero ganhar mais títulos, mais o respeito de todos. Esse é o meu objetivo, com os pés no chão espero chegar lá.

Meia é o líder em gols e assistências na temporada (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Nos números essa temporada tem sido ótima para você. São 13 gols marcados e 11 assistências, líder do elenco nos dois quesitos.

Jadson – Sempre joguei em prol do grupo, meu jogo é mais coletivo do que individual. Em todos os clubes em que passei sempre tive uma marca expressiva em termos de assistências, gols também. Eu sei o que o Corinthians espera de mim, a torcida, sei que sou um dos líderes do grupo pela idade, tempo de casa. Vou tentar sempre ajudar meus companheiros da melhor maneira possível.

Gazeta Esportiva – Desde a saída do Rodriguinho, que o pessoal brincava com “Jadriguinho”, você também não tem mais alguém para dividir esse protagonismo. Antes teve o Renato Augusto, a dupla “Renadson”. É diferente ser essa referência técnica sozinho?

Jadson – São dois jogadores com quem eu tive um entrosamento bacana. Renato Augusto e depois o Rodriguinho, que estava sendo fundamental para a equipe. A gente já se conhecia desde 2015, por isso acho que foi fácil o entrosamento. Mas tem outros caras para dividir isso aí, Cássio, Ralf, Danilo, Sheik. Tento passar minha experiência para os mais novos e contribuir.

Gazeta Esportiva – Agora você tem a companhia de vários jovens, principalmente no ataque. Como é esse convívio?

Jadson – Os jogadores que vêm de outra equipe acabam demorando um pouquinho para se adaptar. A gente tenta orientar, sou um jogador experiente, tive alguns ensinamentos no futebol que eu acho que foi bacana, procuro passar para eles. Fico feliz de ver jovens talentos no Corinthians, têm tudo para ser grandes jogadores.

Gazeta Esportiva – E como trocar essas ideias com caras que, na maioria, têm mais de dez anos a menos que você?

Jadson – Ah, eu brinco com todo mundo, converso com todos, independentemente da idade. Claro que às vezes você tem mais afinidade com um ou outro, mas acabo conversando com todos. São jovens de qualidade. Gostam mais da correria (risos). Então a gente tenta procurar orientar para, antes de dar mais um drible, tocar de lado. São coisas do jogo, a gente tenta orientar.

Gazeta Esportiva – Orientar mais quem?

Jadson – Cada jogador tem a sua característica, a gente tenta só passar para eles entenderem em campo. Aqui nos treinos não só eu, mas os mais experientes também procuram passar isso para eles. Espero que eles possam continuar ajudando a nossa equipe.

Gazeta Esportiva – Com um elenco tão jovem e que pode evoluir tanto, você acha que o ano deles será qual? Será esse? 2019? 2020?

Jadson – Olha, temos jovens promessas, o clube tem contratado jogadores novos para ganhar entrosamento entre eles desde já. Pode ser que dê certo já para o ano que vem, para 2020. Tem a Copa do Brasil nesse ano. Depende do encaixe.

O armador procura orientar garotos como o meia Pedrinho nos treinos (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – Dá para ser nessa Copa do Brasil?

Jadson – Eles sabem que é um torneio importante para nós, para o clube. Vai ser um jogo muito difícil contra o Flamengo, a gente tem se cobrado bastante.

Gazeta Esportiva – Seria um título mais especial, por todo o desmanche e dificuldade desse segundo semestre?

Jadson – Independentemente da competição, é sempre importante e gratificante ganhar com a camisa do Corinthians. Claro, teve mudanças, saiu comissão, chegou o Jair. Tomara que a nossa equipe possa jogar bem, que eu possa dar minha contribuição em campo.

Gazeta Esportiva – Você tem contrato até 2020. Acha que vai ter outras chances de ser campeão como essa?

Jadson – Acabei de renovar mais dois anos meu contrato, tem mais dois anos para jogar aqui. E vou sempre buscar títulos. Jogador que passa e não ganha título não é lembrado. Busco sempre onde eu vou ganhar títulos e não vai ser diferente, não. Então espero continuar nessa briga.

Jadson já levantou duas taças do Brasileiro e duas do Paulista pelo Corinthians (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – E depois desses dois anos?

Jadson – Não sei. Vai depender muito de como eu estiver jogando, se eu não tiver lesões. Nunca tive lesão muito grande na carreira, de operar. Tenho feito alguns investimentos, mas isso aí é para o meu futuro

Gazeta Esportiva – Lá no Paraná? (N.R. – Jadson nasceu em Londrina, no norte do Paraná).

Jadson – Não (risos). Eu gostei de São Paulo, cara. Acho que eu vou morar aqui, uma cidade muito boa, já tenho uma empresa de construção civil, venho tocando há algum tempo. São coisas que você tem que fazer para quando você parar ter alguma coisa. Não sei se, quando eu parar, vou continuar no futebol, não.

 

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Fala galera do bem que me segue!😜 Olha aí mais uma novidade que está na reta final da obra.Ainda da tempo de conseguir o seu ap novinho. @jr_silva_empreendimentos #ErthaPalace

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Jadson já divulga sua empresa nas redes sociais e pretende se fixar nesse ramo depois que parar. No Instagram da J. R. Silva é possível ver algumas das edificações administradas pela empresa.

Gazeta Esportiva – No fim, você acha que vai ser lembrado como o Jadson do Corinthians? Ou o Jadson do Shakhtar? Ou de qualquer outro clube, na verdade?

Jadson – Sou muito grato a todos os clubes em que eu joguei. Foi muito marcante minha passagem no Shakhtar, campeão da Uefa, vários títulos nacionais. Tive bons anos lá. E aqui no Corinthians tem muitas conquistas também. Sou muito grato a todos, mas é claro que o Shakhtar e o Corinthians marcaram mais.

Gazeta Esportiva – Para enfrentar o Flamengo, acredita que o Corinthians vai ser mais ofensivo do que foi no Rio?

Jadson – Não sei, vamos ver o que o professor Jair vai fazer aí. Depende muito do jogo, da forma como vai estar, se vai precisar marcar mais em cima, mais embaixo. Vamos esperar o professor definir essa estratégia.

Gazeta Esportiva – Tem favorito?

Jadson – Jogo grande, dois clubes grandes. Não tem favoritismo, não. Às vezes eles podem ter um elenco mais qualificado, como todos falam, mas eu acredito muito na força da camisa do Corinthians.

Gazeta Esportiva – Jogar em casa ajuda?

Jadson – Com certeza, jogando em casa, Arena lotada, vibração que vem ali da arquibancada. Às vezes gera uma energia sobrenatural, nosso ponto forte vai ser jogar em casa com a nossa torcida, casa cheia, vai ser bom demais.

Rodriguinho não é mais o parceiro de meio-campo do 10 (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)