Editorial - Gazeta Esportiva

05/16/2006 09:00:14
 

“A Gazeta faz anos hoje. É uma data bastante agradável para os que trabalham nesta casa, porque representa a afirmação de uma vitória coletiva. O corpo redatorial, a administração e as oficinas sentiram as mesmas esperanças, sofreram as mesmas tristezas, trabalharam com o mesmo ardor, para que A Gazeta atingisse a situação que hoje desfruta. Um jornal não é apenas um amontoado de máquinas, de onde saem para a rua as expressões do nosso pensamento, o clamor das nossas campanhas, a essência das nossas aspirações.

O jornal é um conjunto de pessoas que, doentes ou com saúde, trabalhando sobre o mesmo teto, com o mesmo ideal e sob a mesma bandeira, realizam com fé religiosa, todos os dias, sem descanso, haja sol ou chuva, calor ou frio, um esforço eficiente, apenas com o objetivo de projetar o jornal para o futuro.


Podemos garantir ao público: na Gazeta todos formamos uma só família, esforçamo-nos por fazer o melhor possível o nosso jornal.

Não é sem propósito dizer as minhas impressões de diretor. A vitória da Gazeta reflete, antes de tudo, o espírito da nossa raça. É nesta, nos seus anseios, nos seus sofrimentos, ou nos seus momentos de prazer, que vamos buscar as emoções para transformá-las em diretriz e programa. É preciso que se saiba que o jornal deve ser o reflexo de sua cidade e não a cidade o reflexo do jornal.

Nosso ponto de vista é procurar a orientação no povo, na massa, na rua, fugindo por princípio à preocupação enfática de certos jornalistas que se julgam capazes de por si só dirigir a civilização e os movimentos políticos de sua terra. São Paulo não suportaria tal pretensão, porque, pela sua cultura, e, sobretudo, pelo seu feitio tradicional, está mais a altura de guiar do que ser guiado. Por assim entender é que a nossa municipalidade inscreveu, dentro de seu próprio escudo, um lema bem significativo e bem paulista – “Non ducor, duco”.


Um jornal não tem amigos; tem diretrizes. Não deve reclamar direitos porque só tem direito.

E foi porque houvéssemos traçado esse caminho na nossa vida profissional que o povo de São Paulo sempre esperou da Gazeta a manifestação de uma grande honestidade profissional e de um grande espírito de justiça.

A situação de prestígio em que se colocou a Gazeta, tanto em São Paulo como no Brasil inteiro, é um reflexo da simpatia unânime pelas nossas diretrizes e a aprovação de tudo quanto temos feito.


E assim vamos seguindo tempo afora com a Gazeta.

Outros diretores virão, mas uma coisa pode ser dita com a máxima segurança: hoje e sempre a Gazeta terá orientação própria. Poderá errar, mas os seus erros serão reflexos das suas convicções e da sua honestidade.

É assim que imaginamos entregar ao tempo a vida da Gazeta.”

Cásper Líbero



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