Cássio 500 - Gazeta Esportiva
Tiago Salazar
São Paulo (SP)
01/28/2021 07:00:26
 

28 de janeiro de 2021, Arena Fonte Nova, Salvador. Dia e palco de um jogo histórico para um dos maiores da história do futebol brasileiro. Cássio, goleiro do Corinthians, depois de estrear em outro dia 28, na ocasião pelo mês de março e ano de 2012, vai completar 500 jogos pelo clube do Parque São Jorge.

O adversário será o Bahia, a disputa pela 30º rodada do Campeonato Brasileira, ainda de 2020, e o público poderá acompanhar só de longe. A pandemia do novo coronavírus vai impedir uma homenagem do tamanho do Gigante.

No recorte corintiano, ao longo de pouco mais de 110 anos de memórias, à frente de Cássio apenas oito jogadores: Wladimir (806 jogos), Luizinho (606), Ronaldo Giovanelli (602), Zé Maria (598), Biro-Biro (590), Vaguinho (551), Cláudio (550) e Olvado (507).

A trena que ajuda a mensurar a carreira de Cássio, aparentemente longe do fim, é o fato dela já ter sido traduzida em livro, este lançado em 2020, graças a obra de Celso Unzelte, de título taxativo: “Cássio. A trajetória do Maior Goleiro da História do Corinthians”.

 

Ronaldo na mira
Para chegar ao 500º jogo pelo Corinthians, Cássio precisou de 3.103 dias. A média é de uma atuação a cada 6,2 dias.

Sem considerar as variáveis dos períodos de temporadas passadas e futuras, portanto, nos limitando a esta média, o fã da camisa 12 vai precisar de apenas mais um ano e nove meses para ultrapassar Ronaldo e se tornar o arqueiro corintiano com maior número de jogos na história.

Número 1?
Será que dá para superar Wladimir e assumir o topo? Bem, a meta não é das mais simples, afinal, novos 307 jogos serão necessários para isso.

Da estreia ao jogo 500, foram oito anos e 10 meses. Cássio vai precisar de mais cinco anos e dois meses, se a média for mantida, para cravar 807 partidas pelo Corinthians.

Cássio teria 38 anos de idade na hipotética data, quatro anos a menos do que tem, hoje, Fernando Prass, que segue em atividade. Também com 42 anos se aposentaram Rogério Ceni e Marcos, referências que ajudam a vislumbrar a possibilidade.

Sem pausas forçadas, como ocorrera recentemente devido a covid-19, com muito cuidado para evitar lesões, mediante a manutenção da titularidade, algo que chegou a ser perdido em 2016, Cássio pode abreviar o tempo necessário para escrever novas páginas na história do Corinthians e do futebol mundial.

Colecionador de taças
Entre as metas pessoais que motivam o jogador de 33 anos, uma delas já foi alcançada e tem tudo para ser ampliada. Esta, porém, depende da força coletiva da equipe liderada pelo capitão que protege o gol alvinegro.

Cássio tem tudo para se isolar como maior campeão da história do Corinthians.

Por ora, são nove taças de competições oficiais, mesmo número atingido por Marcelinho Carioca. O Pé de Anjo ainda tem o Troféu Ramón de Carranza no currículo, mas trata-se de um torneio amistoso.

O goleiro Júlio César também participou de nove conquistas. Entretanto, a maior parte delas no banco de reservas.

Com Marcelinho aposentado e Júlio em outro clube, o caminho está aberto para Cássio erguer taças e disparar.

Pé quente
Aliás, além de ser um grande goleiro, Cássio é protagonista de uma época gloriosa do clube. Até agora, ele tem mais títulos do que tempo de casa.

Com Cássio em campo, e com atuações cruciais em muitos momentos, o Corinthians conquistou um Mundial de Clubes (2012), uma Libertadores da América (2012), dois Campeonatos Brasileiros (2015 e 2017), quatro Campeonatos Paulistas (2013, 2017, 2018 e 2019) e uma Recopa Sul-Americana (2013).

A Copa do Brasil, que chegou perto em 2018, e a Copa Sul-Americana são as taças ausentes, por enquanto.

O homem
Cássio, do Corinthians, é aquele que largou a bebida ao perceber os exageros, se converteu a uma vida mais religiosa, superou baques familiares e divergências no clube. Um jogador que esteve perto de sair pelo menos duas vezes e que foi pego de surpresa quando se deparou com cobranças mais pesadas.

Tido como mal-humorado em alguns momentos, principalmente pela manhã, como relatam grandes amigos, Cássio não viveu apenas momentos agradáveis para chegar ao 500º jogo pelo Corinthians.

Mas foi este caminho trilhado até aqui que levou o goleiro a se tornar ídolo de um dos maiores clubes do mundo, referência de uma geração. Este é Cássio, da defesa de Diego Souza, dos milagres no Japão, dos pênaltis em clássicos, das grandes decisões, das passagens pela Seleção Brasileira, a caminho de se tornar o maior de todos com a vestimenta alvinegra.

Cássio é 500 vezes Corinthians, e pode muito mais.