Um joão tricolor - Gazeta Esportiva
Marcos Guedes*
São Paulo (SP)
03/02/2016 05:23:24
 

Mané Garrincha disputou apenas 13 partidas pelo Corinthians e acabou se tornando uma das muitas apostas frustradas do clube do Parque São Jorge na tentativa de encerrar um jejum de títulos que chegaria a 23 anos. Houve, no entanto, momentos memoráveis, como o golaço marcado contra o São Paulo, calando um joão que ousou se julgar superior ao craque decadente.

O início havia sido ruim. Depois de estrear com derrota por 3 a 0 para o Vasco, o ponta-direita foi ao Maracanã rever os amigos do Botafogo e ser por eles castigado: 5 a 1. Só aí vieram atuações melhores. Em 13 de março de 1966, no Mineirão, o camisa 7 esteve bem mais perto daquele que o público estava acostumado a ver e anotou o gol da vitória por 2 a 1 sobre o Cruzeiro, aos 39 minutos do segundo tempo.

“Garrincha brilhou intensamente, marcou um gol e saiu de campo debaixo de aplausos. Sua atuação foi significativa, marcando o reencontro do craque com seu grande futebol”, relatou A Gazeta Esportiva. “Garrincha deu um show em Belo Horizonte. Deixou Neco falando sozinho, empolgando o estádio com algumas jogadas sensacionais.”

Tonho se esticou e não achou nada (foto: A Gazeta Esportiva)
Tonho se esticou e não achou nada (foto: A Gazeta Esportiva)

O chute “completamente sem ângulo” que enganou o goleiro Tonho não pareceu ter deixado preocupado Renato, do São Paulo. Responsável por marcar o Mané no final de semana seguinte, em clássico marcado para o Pacaembu, o tricolor arrotou confiança. Ser “joão”, como eram referidos os marcadores tratados como quaisquer pelo craque, não era com ele.

“Tenho contas a ajustar com Garrincha. Na última Seleção Brasileira, para a qual fui convocado, não me empreguei com firme disposição no treinamento, respeitando acima de tudo que Garrincha vinha de uma contusão. Agora, o Mané está recuperado. Ambos estamos disputando uma possibilidade de convocação. Ele quer mostrar que está bem, e eu, também”, bradou.

Renato foi além. “Posso apenas dizer que tenho contas a ajustar com Mané Garrincha e que desta feita não serei nenhum joão. Vamos para o campo para lutar e ver se conquistamos dois preciosos pontos. Acho que será, para a torcida, um duelo bom, pois vou fazer força para anular Garrincha.”

Vai, sim, Renato (reprodução/A Gazeta Esportiva)
Vai, sim, Renato (reprodução/A Gazeta Esportiva)

O ponta não foi anulado. Aos 34 minutos da etapa inicial, recebeu de Tales no bico da área e, sem o combate daquele que prometia o aniquilar, viu-se diante de Tenente. A patente não assustou.

“Deu-lhe um drible total e avançou para a linha de fundo. Sem ângulo, fuzilou direto, com efeito: a bola passou por Fábio, bateu no lado interno da trave e foi às redes”, descreveu A Gazeta Esportiva. Já no segundo tempo, Tales deixou sua marca e acabou com qualquer chance de Renato acertar as contas que havia mencionado.

*Colaborou Helder Júnior



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