A luta de um eterno campeão - Gazeta Esportiva
Felipe Leite e Fernanda Lucki Zalcman
São Paulo, SP
01/03/2019 08:00:40
 

No dia 3 de janeiro de 1969, nascia uma lenda, com cabeça de campeão e alma de lutador. Hoje, exatamente 50 anos mais tarde, esta lenda tem nome, sobrenome e alcunha: Michael Schumacher, maior campeão que a Fórmula 1 já teve até hoje.

No grid da principal categoria do automobilismo, o alemão reina sozinho na pole position, sem ninguém à sua frente em números e recordes. Só de títulos, Schumi cruzou a linha de chegada de sua carreira com sete troféus, além das 91 vitórias e 155 pódios ao longo de 21 temporadas.

Há cinco anos, porém, ele deixa saudades. O mundo do esporte ficou em choque e tristeza após o grave acidente do eterno campeão.

(Arte: Gazeta Esportiva)

Acidente e proteção à vida privada

Mesmo com a ascensão de grandes nomes no automobilismo mundial, como Lewis Hamilton e Sebastian Vettel, o alemão Michael Schumacher detém boa parte dos principais recordes e feitos da Fórmula 1. O caminho de glórias teve largada em 1994, na tradicional Benetton, sua segunda equipe na principal categoria da modalidade.

Dez anos depois, o europeu acumulava sete campeonatos mundiais, diversas marcas e uma passagem vitoriosa pela Ferrari, uma das escuderias mais reconhecidas da F1. Após a primeira aposentadoria, em 2006, Schumi até tentou um retorno com a Mercedes, mas optou por se afastar de vez da categoria em 2012.

Foi em dezembro do ano seguinte, no entanto, que tudo mudou na vida do heptacampeão. No dia 29 daquele mês, Schumacher esquiava com seu filho nos alpes franceses quando sofreu um acidente e bateu com a cabeça em uma pedra. Mesmo com capacete, o alemão sofreu graves lesões na região e passou por um grande período no Hospital Grenoble e no CHUV de Lausanne, na Suíça.

Depois dos hospitais e com a condição ligeiramente melhor, Schumi passou a receber cuidados privados em sua residência particular. A partir daí, pouco se divulgou (e divulga) sobre o estado de saúde do ex-piloto alemão – a família do europeu preza por sua privacidade e mantém fãs e imprensa blindados de mais informações sobre Schumacher.

No entanto, notícias recentes, ainda a serem confirmadas pela família, dão conta de que o ex-piloto saiu do coma e respira sem a ajuda de aparelhos, mesmo precisando de auxílio médico. Além disso, o amigo pessoal Jean Todt, ex-chefe da Ferrari e atualmente presidente da Federação Internacional de Automobilismo, revelou ter assistido o GP do Brasil de 2018 ao lado de Schumacher.

“Acho que no começo, obviamente, houve um frisson muito grande por notícias, furos, mas acho que teve um certo respeito e uma habilidade incrível de conseguir a proteção dessas informações. Ao longo desses anos, continuo conversando com amigos próximos do círculo dele e gente importante na Fórmula 1, para tentar conseguir algo, saber se ele está melhor, até em um sentido muito mais pessoal do que jornalístico. Mas de qualquer forma, percebi que era muito difícil confirmar qualquer coisa: ficou tudo nesse nível de rumor, como essa notícia de que ele estaria respirando sem a ajuda de aparelhos”, afirmou com exclusividade à Gazeta Esportiva a jornalista Alicia Klein, autora do livro “A Máquina – Michael Schumacher, o Melhor de Todos os Tempos”.

“O que ficou muito claro para mim, durante o trabalho de pesquisa e acompanhando a carreira dele como um todo, foi a proteção à vida privada feita de uma maneira sem precedentes. Muito pouco se soube da privacidade do Schumacher e da família que eles não quisessem que fosse sabido. A proteção à imprensa foi feita de uma forma impressionante e isso foi levado à máxima potência com o acidente”, concluiu.

O “grande irmão” Felipe Massa

Além de Rubens Barrichello, Schumacher teve outro brasileiro por perto durante sua estadia na Fórmula 1. Em 2006, primeiro ano de Felipe Massa na Ferrari e último de Schumi na escuderia, os dois pilotos dividiram o cockpit da equipe. Apesar do breve período juntos, Massa sempre destacou o aprendizado que teve com o companheiro, muitas vezes chamado pelo paulista de “professor”.

Sem esconder que é um eterno pupilo do alemão, Massa foi além nos adjetivos ao ex-piloto em conversa exclusiva com a Gazeta Esportiva. Além da tutelagem, Schumacher teve outro papel na vida de Felipe, algo deixado claro pelo brasileiro.

“Ele é um grande irmão. Uma pessoa que eu sinto muita falta de estar correndo junto, de ter ele nos autódromos, nas corridas. Sem dúvida, espero o máximo para ele. Espero que ele consiga se recuperar, pelo menos para voltar a ser a pessoa que ele sempre foi”, desejou Massa.

O paulistano também estendeu seus votos de melhora ao ex-companheiro de Ferrari e de Fórmula 1.

“Então, é sempre rezando por ele, para que esses 50 anos sejam mais um motivo para a recuperação dele. Estou sempre na torcida aqui.”

Mick Schumacher: no caminho do pai?

O automobilismo está no sangue da família Schumacher. O filho caçula de Michael, Mick, está no caminho para seguir os passos do pai. Aos 19 anos, o jovem piloto foi campeão da Fórmula 3 neste ano, com oito vitórias nas últimas 16 provas, e agora disputará a F2 em 2019, equipe Prema, que tem uma espécie de parceria com a Ferrari.

Assim, de acordo com informações da mídia italiana, a escuderia italiana estaria próxima de fechar com Mick para sua academia de jovens pilotos. Para tanto, a equipe de Maranello teria vencido a concorrência da Mercedes, coincidentemente – ou não -, as duas equipes que tiveram o pai da jovem promessa em seu cockpit.

A eventual ida de Mick à F1, possivelmente em 2020 ou 2021, seria um sonho realizado pela família Schumacher, que há cinco anos vive a tragédia sofrida pelo lendário heptacampeão.