Fora das competições, XV de Jaú já foi modelo para futebol asiático - Gazeta Esportiva
Fora das competições, XV de Jaú já foi modelo para futebol asiático

Fora das competições, XV de Jaú já foi modelo para futebol asiático

Gazeta Esportiva

Por Marcos Vieira, especial para a Gazeta Esportiva.Net

15/04/2015 às 08:00

Jaú, SP


Com frequência, o Brasil vem perdendo atletas para novos pólos do futebol mundial. Um deles é o Japão, cujo campeonato nacional, denominado J. League, data de 1993. Entretanto, a evolução do esporte bretão em domínio nipônico teve participação providencial do XV de Jaú. Em agosto de 2015, vão se completar 20 anos da excursão histórica do Galo da Comarca pela terra do sol nascente. Curiosamente, temporada em que a equipe interiorana se licenciou da Federação Paulista de Futebol por causa de dívidas, abrindo mão de disputar a quarta divisão estadual.


O laço entre o Galo da Comarca e a terra do sol nascente teve origem em 1984. No dia do aniversário de Jaú, os dirigentes quinzistas organizaram partidas amistosas contra o Shimizu FC, representante da província de Shizuoka. Os confrontos, que envolveram duas categorias inferiores (infantil e juvenil), atraíram os olhares da população e tornaram os clubes irmãos.


De acordo com a revista comemorativa dos 61 anos de fundação do XV, lançada em 1985, os dirigentes do Shimizu se surpreenderam com a organização da escolinha de futebol do clube verde e amarelo e resolveram adotar a mesma filosofia de lapidação de jovens no Japão. Assim, em novembro de 1984, a diretoria do clube jauense e o técnico Chiva viajaram para Shizuoka, onde assinaram um convênio.

Influência para o futebol japonês, o XV manda seus jogos no estádio Zezinho Magalhães (Foto: Luiz Ricardo Fini)
Influência para o futebol japonês, o XV manda seus jogos no estádio Zezinho Magalhães (Foto: Luiz Ricardo Fini) - Credito: Gazeta Press
O documento, divisor de águas para as duas equipes, trazia consigo a seguinte norma: todo ano, o Galo da Comarca receberia jogadores nipônicos interessados no desenvolvimento da “técnica brasileira”. Em troca, a formação paulista mandaria seu comandante para o país asiático, com a responsabilidade de ministrar palestras e conferências para os treinadores locais.


O satisfatório trabalho desenvolvido por Chiva fez com que o XV garantisse presença na SBS Cup, torneio de base patrocinado pela empresa SBS Television, de Shizuoka. Neste ínterim, o Galo da Comarca foi convidado para disputar quatro partidas na parte leste do Japão, a pedido da Asics Tiger.


Responsável por apresentar os artifícios brasileiros aos atletas da terra do sol nascente, Chiva virou ídolo em Shizuoka e viu a cidade de Shimizu ganhar a alcunha de “capital do futebol japonês”. A popularidade do técnico o obrigou a deixar a delegação galista durante o andamento da excursão seguinte, em agosto de 1985, para ministrar uma palestra, a convite da Associação de Futebol do Japão (JFA). Cerca de 40 treinadores nipônicos ouviram os ensinamentos do dono da prancheta quinzista.

A atual potência do futebol de Shizuoka é o Shimizu S-Pulse, que já teve Emerson Leão e Rivelino como técnicos
A atual potência do futebol de Shizuoka é o Shimizu S-Pulse, que já teve Emerson Leão e Rivelino como técnicos - Credito: Reprodução/Facebook
Atualmente, Shizuoka possui apenas uma equipe na elite do Campeonato Japonês: o Shimizu S-Pulse, fundado em 1991. O clube não teve Chiva como técnico, mas sim Emerson Leão (1992-94) e Rivelino, que sucedeu o ex-goleiro da Seleção, mas não permaneceu mais de um ano à beira do campo. Nomes como Djalminha, Mirandinha e Ronaldão vestiram as cores da formação nipônica, que possui como principal título a Liga dos Campeões da Ásia, na temporada 1999-00.


A outra potência do futebol da província é o Júbilo Iwata, que milita na segunda divisão. O clube já teve Luiz Felipe Scolari (1997), Adílson Batista (2006-07) e Péricles Chamusca (2014) como comandantes, e Dunga, atual técnico da Seleção Brasileira, como jogador. Atualmente, a formação possui um atleta brasileiro em destaque: o atacante Adaílton, vice-campeão da Copa Sul-Americana de 2014 defendendo a surpreendente Ponte Preta.


Em 2015, ao passo que o Shimizu S-Pulse se estrutura para encarar a primeira divisão, e o Júbilo Iwata reúne suas forças para garantir o acesso, os torcedores do XV de Jaú verão sua equipe longe das competições profissionais. Panorama triste para um valente clube, que encantou e revolucionou o futebol japonês, mostrando ao continente asiático garotos talentosos e a eficiência da metodologia brasileira.

O atacante Adaílton, com passagem recente pela Ponte Preta, é um dos destaques do Júbilo Iwata
O atacante Adaílton, com passagem recente pela Ponte Preta, é um dos destaques do Júbilo Iwata - Credito: Reprodução/Facebook

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