Incerteza ganha força em um futebol francês paralisado pelo coronavírus - Gazeta Esportiva
Incerteza ganha força em um futebol francês paralisado pelo coronavírus

Incerteza ganha força em um futebol francês paralisado pelo coronavírus

Gazeta Esportiva

Por AFP

05/04/2020 às 15:53

São Paulo, SP









Quebra-cabeça com o calendário, dúvidas sobre a duração do confinamento e da suspensão dos direitos de transmissão: a hipótese de um cancelamento definitivo do Campeonato Francês ganha força em plena crise do coronavírus, embora alguns ainda rejeitem este cenário.

Pouco a pouco, o discurso evolui. Após três semanas de suspensão do campeonato, a ideia dominante entre os dirigentes dos clubes já não é o reinício "custe o que custar" da competição, com algumas vozes começando a cogitar outras possibilidades.

O presidente do Lyon, Jean-Michel Aulas, admitiu na edição dominical do diário L'Equipe que "hoje há mais incertezas" e que as possibilidades de "terminar todos os jogos são mais escassas".

O presidente do Brest, Denis Le Saint, não escondeu o ceticismo ao afirmar com todas as letras que "a temporada pode não ser reiniciada".

Foto: Divulgação/Olympique Lyonnais


Esta hipótese causou diferentes reações entre outros mandatários da Ligue 1.

Alguns entendem esta possibilidade, como garantiu à AFP o presidente do Amiens, Bernard Joannin: "Le Saint tem um posicionamento muito humano que coloca a saúde à frente de tudo. É uma maneira de ver as coisas compartilhada por muitos no mundo do futebol".

"É preciso entender que o único comandante é a Covid-19. Infelizmente é ela que dita o ritmo", continuou.

Outros clubes sentem indignação com o discurso apocalíptico. "Queremos que o campeonato termine se for possível. Me incomoda ver algumas pessoas com uma espécie de vergonha em assumir que o futebol quer voltar no momento apropriado. Eu admito querer isso em alto e bom tom", afirmou à AFP o diretor-geral do Le Havre (2ª divisão), Pierre Wantiez.

"Essa teimosia de dizer: 'Acabou, não podemos fazer nada', eu acredito ser precipitada. É uma hipótese que existe, mas vamos esperar antes de dizer que está tudo acabado", continuou.

"Quando pudermos retomar o campeonato, precisamos chegar até o fim (...) para salvar as receitas dos 40 clubes (da Ligue 1 e Ligue 2), porque os 40 estamos no mesmo barco", garantiu o novo presidente do Rennes, Nicolas Holveck.

Foto: Divulgação/Ligue 1

- "É urgente esperar" -

Mas a situação pode acabar atrapalhando os planos dos dirigentes. O confinamento na França foi prolongado até pelo menos 15 de abril e a maioria dos clubes, e muitos jogadores, passaram a seguir regras de trabalho parcial, com algumas estrelas estrangeiras, como o astro Neymar, tendo voltado para seus países de origem.

E, para piorar, os detentores dos direitos de televisão, Canal+ e beIN Sports, suspenderam os pagamentos ao campeonato, principal fonte de receita dos clubes.

Neste contexto, a Liga de Futebol Profissional (LFP), que vem multiplicando as teleconferências, tenta temporizar à medida que solta poucas informações sobre os planos futuros.

"Hoje, quem pode dizer o que vai acontecer? Estamos nos preparando para tudo. No momento, acredito que é urgente esperar", justificou à AFP Olivier Delcourt, presidente do Dijon.

"É um debate estéril (...) É sempre preciso tentar se antecipar, mas não é urgente tomar uma decisão agora", palpitou o presidente do Auxerre (2ª divisão), Francis Graille.

"Não adianta falar e não dizer nada. Vamos tomar nosso tempo para analisar a situação. Precisamos de 15 dias para ver como evoluem as coisas", completou Bernard Joannin.

Foto: Divulgação/Ligue 1

- Duas semanas cruciais -

Serão duas semanas para esclarecer o que irá acontecer em vários frontes.

Na questão dos direitos de transmissão, negociações com o Canal+ acontecerão a partir desta semana, e um dos interlocutores será o presidente do PSG, Nasser Al-Khelaifi, que também é o homem forte da beIN mídia, confirmaram fontes concordantes.

Na questão do calendário, é necessário mais tempo para tomar uma decisão, já que também depende da postura das autoridades em relação à duração do confinamento obrigatório da população. E, em um nível mais baixo, depende também da Fifa e da Uefa. A primeira precisa definir como será feita a próxima janela de transferências, enquanto a segunda se mostrou disposta a adiar as competições europeias até julho ou agosto para dar tempo para que sejam concluídos os campeonatos nacionais.

Mas, de acordo com diversos dirigentes, é preciso definir rapidamente uma "data limite" para o reinício do campeonato.

Pierre Wantiez alerta: "Um reinício sem data limite repercutirá no campeonato seguinte".

 










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