Corrupção da Fifa nasceu no Brasil, denuncia jornalista da BBC em CPI - Gazeta Esportiva
Corrupção da Fifa nasceu no Brasil, denuncia jornalista da BBC em CPI

Corrupção da Fifa nasceu no Brasil, denuncia jornalista da BBC em CPI

Gazeta Esportiva

Por Redação

03/09/2015 às 18:04

São Paulo, SP

O senador Romário (PSB-RJ) cumprimenta o jornalista Andrew Jennings na CPI do Futebol (Foto: Divulgação/Ascom Romário)
O senador Romário cumprimenta o jornalista Andrew Jennings na CPI do Futebol (Foto: Divulgação/Ascom Romário)


Autor dos livros usados de base pelo FBI (polícia federal norte-americana) para lançar a operação que desmantelou um esquema de corrupção na Fifa, o jornalista escocês Andrew Jennings esteve nesta quinta-feira em Brasília para ser ouvido pela CPI do Futebol. Jennings, que trabalha para a rede britânica BBC, denunciou que a rede criminosa que se instaurou na entidade máxima do futebol teve início no Brasil. “Começou na década de 1970 quando [João] Havelange se elegeu para a presidência da Fifa. Joseph Blatter foi seu principal assessor e deu continuidade ao modus operandi”, disse o jornalista.

Presidida pelo senador Romário (PSB-RJ), a comissão de inquérito iniciou as atividades após o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, ser preso pelas autoridades suíças acusado de integrar a rede de corrupção chefiada por presidentes de federações internacionais influentes na Fifa. Há a suspeita de que os ex-dirigentes brasileiros João Havelange e Ricardo Teixeira e o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, também estejam envolvidos nas fraudes. “A Fifa e a CBF são entidades podres e que precisam urgentemente de um novo estatuto para que elas não tomem mais o dinheiro das pessoas”, afirmou Jennings.

“Estamos falando sobre uma conspiração criminosa. Não são atos individuais. É uma formação de quadrilha”, disse o jornalista. Diante das suspeitas que recaem sobre dirigentes brasileiros, Jennings acredita que a Polícia Federal e o Ministério Público devem colaborar com as autoridades norte-americanas e suíças para abranger o alcance das investigações. “Precisamos de cooperação internacional para combater a corrupção internacional. Vocês têm tudo para dar um banho de investigação”, afirmou. “Esta pode ser a caixa de Pandora que pode mudar o futebol aqui e na América do Sul”.

Jennings disse à comissão de inquérito que as investigações que conduziu nos últimos anos provam a existência de um esquema em que intermediários recebem subornos milionários e se beneficiam da lavagem de dinheiro e do superfaturamento de contratos. A corrupção em escala internacional estaria presente, segundo o jornalista, na venda de patrocínio e direitos de imagem e em empresas de marketing esportivo e de comunicação. Para ele, deveria haver uma operação que buscasse indícios de atividades criminosas nos contratos que envolvem a transmissão e publicidade dos jogos da Seleção Brasileira e os aviões e hotéis utilizados pelos atletas convocados.

A Copa do Mundo de 2014 também foi denunciada por Jennings. Ele se indignou com as concessões que o governo brasileiro fez à Fifa para que o torneio pudesse ser organizado conforme os padrões da entidade. “Que tipo de orgulho um país tem ao deixar que gângsteres entrem e ditem as regras?” indagou o jornalista. Antes de concluir o depoimento à CPI, Jennings ironizou a presença de assessores da CBF que acompanhavam a sessão. “Fiquem até o fim, voltem para o Rio de Janeiro, fechem aquela entidade e a reabram redemocratizada para a sociedade brasileira”, afirmou.

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