Com transmissão para árabes, Palestino usará mapa histórico na camisa - Gazeta Esportiva
Com transmissão para árabes, Palestino usará mapa histórico na camisa

Com transmissão para árabes, Palestino usará mapa histórico na camisa

Gazeta Esportiva

Por Bruno Núñez, especial para a GE.net

02/02/2015 às 10:01 • Atualizado: 10/08/2015 às 22:27

São Paulo, SP

Após 36 anos sem participar da principal competição de clubes do continente sul-americano, o Palestino, do Chile, será um dos integrantes da Copa Libertadores da América de 2015. Clube da colônia palestina no país andino, a equipe terá seus jogos transmitidos para os fãs do Oriente Médio.

A emissora catariana de televisão Al Jazeera anunciou que as duas partidas da equipe chilena contra o Nacional, do Uruguai, serão transmitidas. O canal abrange grande parte do mundo árabe, alcançando países do Norte da África e do Oriente Médio.

A transmissão se deve à popularidade do clube na região. A notícia da classificação da equipe à Libertadores foi destaque em periódicos palestinos. O feito também levou a um vídeo feito por habitantes da Palestina, felicitando o clube de Santiago pelo feito.

Apoiado por Abbas e banco palestino, clube chileno vive sonho

O presidente do Palestino, Fernando Aguad, em entrevista à Gazeta Esportiva.Net afirmou que está orgulhoso pela repercussão que o time causou. Exaltando a equipe, bicampeã chilena em 1955 e 1978, o mandatário fica feliz com o reconhecimento entre os árabes.

“Somos parte da história do futebol profissional chileno. Fazia 36 anos que não saíamos do Chile para jogar copas internacionais. Isso nos enche de alegria, principalmente o fato que transmitam nossos jogos no Oriente Médio”, disse.

A colônia palestina no Chile


A história da colônia palestina no Chile data do ano de 1912. Na época, o território asiático era dominado pelo Império Otomano. Vários árabes buscaram refúgio em terras chilenas. Atualmente, a coletividade no país sul-americano é constituída por cerca de 300 mil pessoas, sendo a maior fora do Oriente Médio


A equipe de Santiago tem uma das menores médias de público do Campeonato Chileno, mas o apoio vindo de fora ajuda a motivar a direção do clube. “Somos poucos, mas somos leais. Que exista gente que nos apoie do estrangeiro é algo muito especial para o time”, afirmou.

Com tanto apoio vindo da Palestina, Aguad afirma que tem projetos para investir no território asiático. Fazer intercâmbio com jogadores, treinadores e outros tipos de ações estão nos planos da representação chilena.

“Nós somos um grupo de empresários de descendência palestina, mas não temos recursos para fazer isso no momento. Eu pretendo fazer isso no futuro: levar jogadores para lá, treinadores e escolinhas de futebol. É um projeto que estamos estudando. Nós já mandamos alguns atletas para lá uma vez e inclusive jogamos um quadrangular em 2011, mas nada além disso”, explicou.

Para se manter perto da Palestina, o clube chileno importou algumas tradições na hora de ir a campo. A bandeira do Estado asiático sempre está hasteada no estádio da equipe, além de tocar música típica nos intervalos das partidas.

A bandeira da Palestina sempre está hasteada no Estádio La Cisterna, casa da equipe de Santiago
A bandeira da Palestina sempre está hasteada no Estádio La Cisterna, casa da equipe de Santiago - Credito: Reprodução/Facebook


“Aqui em La Cisterna (estádio onde o clube manda os jogos) a bandeira palestina sempre está hasteada. A bandeira nos acompanha em todos os jogos como mandante. Além disso, tocamos música árabe nos intervalos das partidas. Antigamente os torcedores traziam timbales (instrumento de percussão), mas infelizmente uma lei proibiu isso”, declarou Aguad.

A equipe também resolveu colocar o mapa da região histórica da Palestina, antes da criação do Estado de Israel, em forma de número na camisa, mas a atitude causou polêmica no Chile. Segundo Aguad, muitos encararam a silhueta do território como uma afronta a comunidade judaica no país. Apesar de tudo, a imagem está mantida, só que na manga do uniforme do clube.

“O problema do mapa foi que ele não poderia representar um número. Também acabou dando problema com os judeus daqui, apesar de não ser um símbolo político ou que incentive a violência. É um ícone dos palestinos que vieram para cá. Apesar de tudo, usamos o mapa na manga e ninguém reclamou até o momento. No futuro pretendemos colocar o mapa é um lugar da camisa onde possamos ressaltá-lo mais”, explicou.

Quando o mapa apareceu nos números da camisa do Palestino, o Ñublense, equipe do Campeonato Chileno, apresentou uma denúncia para a Associação Nacional de Futebol Profissional (ANFP). O presidente do clube denunciante, Patrick Kiblisky, faz parte da comunidade judaica no país sul-americano. Na época, o mandatário alegou que “o futebol não é política”.

Com o mapa na manga, o Palestino fará sua estreia na Copa Libertadores na quinta-feira, às 20h45 (de Brasília), contra o Nacional, do Uruguai, no estádio Santa Laura, em Santiago. A partida é válida pela fase preliminar da competição continental.

O mapa em formato de número causou muita polêmica. Na Libertadores, ele aparecerá na manga da camisa
O mapa em formato de número causou muita polêmica. Na Libertadores, ele aparecerá na manga da camisa - Credito: Reprodução/Facebook

Conteúdo Patrocinado