Cafu crava final da Copa e vê Seleção livre da dependência de Neymar - Gazeta Esportiva - Muito além dos 90 minutos
Cafu crava final da Copa e vê Seleção livre da dependência de Neymar

Cafu crava final da Copa e vê Seleção livre da dependência de Neymar

Gazeta Esportiva

Por Marcelo Baseggio

23/07/2022 às 07:00

São Paulo, SP

O pentacampeão Cafu não tem dúvidas: a Seleção Brasileira chegará ao Catar como a favorita para ganhar a Copa do Mundo. O ex-lateral-direito foi o último jogador a erguer a taça mais cobiçada do planeta vestindo verde e amarelo e acredita que em dezembro, mais de 20 anos depois daquela vitória inesquecível sobre a Alemanha, em Yokohama, no Japão, o Brasil voltará a conquistar o Mundial.

“O Brasil chega, sim, como favorito. Em um patamar acima da Seleção Brasileira eu não vejo ninguém, para ser bem sincero. É claro que vai ter que se dedicar, se empenhar”, comentou Cafu, embaixador da Copa do Mundo do Catar, em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.



Mas, afinal, quem pode bater de frente com o Brasil pelo título mundial? A maioria dos adversários mais difíceis citados por Cafu são justamente aqueles que a Seleção não teve oportunidade de enfrentar nos últimos anos: os europeus.

“Vejo outras grandes seleções também, como França, Inglaterra, Alemanha, Argentina, Bélgica, Dinamarca e Holanda, que estão jogando o fino do futebol e são seleções que poucas pessoas falam, mas vêm jogando muito bem. Portugal, com jogadores atuando na maioria dos principais campeonatos europeus, também. Mas, sou patriota, amo a Seleção Brasileira e vejo a Seleção com bons olhos para essa Copa do Mundo”, completou.

Apesar da longa lista de países europeus entre os favoritos do Mundial, para Cafu, a taça será disputada por dois sul-americanos.

“Se não se enfrentarem antes, os confrontos não se baterem, teremos Brasil e Argentina na final”, cravou o capitão do penta.




Mesmo não tendo enfrentado rivais europeus neste último ciclo para a Copa do Mundo, o Brasil chega ao torneio com mais alternativas. Se antes Neymar era o responsável por ‘carregar o piano’ sozinho, hoje o técnico Tite tem outros jogadores capazes de decidir uma partida, vide o que Vinícius Jr fez na final da Liga dos Campeões pelo Real Madrid, marcando o gol que selou o 14º título do clube espanhol no torneio.

“O Neymar tinha esse peso com ele, tudo o que acontecia na Seleção era culpa do Neymar. Ele tinha essa responsabilidade, porque realmente ele estava sozinho. Ele foi o último craque que o Brasil viu nos últimos 15 anos. Hoje já vejo essa responsabilidade dividida, com o próprio Vinícius Júnior crescendo bastante, Raphinha que vem crescendo muito, Rodrygo que toda vez que entrava no Real correspondia à altura, Coutinho voltou a jogar aquele futebol que conhecemos. Hoje eu vejo a responsabilidade da Seleção dividida. Isso é muito bom, faz com que todo mundo se destaque e se ajude dentro do campo. Mas, isso vai depender muito do nosso treinador. Nosso treinador tem que fazer com que realmente esses jogadores dividam a responsabilidade dentro de campo e joguem como a Seleção Brasileira”, prosseguiu.

Uma das diferenças desse Mundial para os outros é a data em que ele acontecerá. Por causa do forte calor no Oriente Médio em junho e julho, meses em que tradicionalmente é disputada, a Copa desta vez acontecerá em novembro e dezembro. Com isso, os atletas que atuam no futebol europeu chegarão à competição no auge da forma física, uma vez que a temporada no Velho Continente estará na metade.

“Eu acho que vai ser até melhor, até porque os atletas vão estar no ápice da sua forma, novembro está todo mundo ‘voando’. Aí chega dezembro tem aqueles 15 dias de pausa para você retomar os campeonatos em janeiro. Na Inglaterra, por exemplo, não para. Então, não vai ter muita diferença em relação a isso. Se a gente tivesse a maioria dos jogadores da Seleção jogando no Brasil, indo para uma Copa em novembro, aí sim falaria para você que os jogadores estariam desgastados. A maioria dos titulares da Seleção joga na Europa. Não vejo problema nenhum nisso com desgaste, cansaço. Não tem desculpa, porque eles vão chegar no auge físico para disputar essa Copa do Mundo”, afirmou Cafu.

A Seleção Brasileira estreia no Mundial no dia 24 de novembro, às 16h (de Brasília), no estádio Lusail, contra a Sérvia, pela primeira rodada do Grupo G da competição. A FIFA iniciou a última etapa de venda de ingressos no começo de julho. As entradas ficarão disponíveis até 16 de agosto, por ordem de chegada. Quem adquirir bilhetes para os jogos terá que obter o "Hay’ya Card", equivalente ao Fan ID. Esta identificação, física ou digital, será o documento de entrada ao país e reunirá informações de ingressos, acomodação e status da Covid-19, além de fornecer acesso gratuito ao transporte público nos dias dos jogos.

Abaixo, você confere outros trechos da entrevista com o pentacampeão do mundo Cafu:

Pressão pelo fato de a Seleção não vencer uma Copa há 20 anos e poder igualar o maior jejum de sua história se não ser campeã no Catar.

Cada um lida de uma maneira diferente. Uns sentem mais, outros sentem menos, outros não sentem. Depois de 1970 ficamos 24 anos sem conquistar um título, fomos ganhar na Copa de 1994. Estamos há 20 anos sem uma conquista do Mundial. Querendo ou não, é um pouco de pressão para essa garotada, para esses meninos que estão prestes a disputar uma Copa do Mundo. Sabemos o quanto a Seleção Brasileira é pressionada por títulos, Copa do Mundo. Espero que esses meninos possam absorver essa pressão de uma maneira muito tranquila, até porque são jogadores experientes, titulares em seus times, capitães, campeões. Mas, a pressão de conquistar uma Copa do Mundo após 20 anos realmente pesa um pouco desde que você tenha ciência disso e responsabilidade. Mas, cara, é entrar em campo e fazer o que eles vêm fazendo até agora. O Brasil se classificou com seis jogos de antecedência, todo mundo jogando muito bem. Até a Copa do Mundo esses jogadores estarão melhores, mais entrosados. Espero que eles possam passar por essa pressão de maneira bem tranquila.

Diferenças culturais e de calendário para a Copa do Mundo do Catar

Eu sou embaixador do Catar para a Copa do Mundo, então espero que seja uma Copa do Mundo excelente, que vai deixar o mundo todo boquiaberto em relação à tecnologia, estádios, enfim, vejo com muitos bons olhos. É uma região com uma cultura diferente, temos que nos adaptar às culturas dos outros países. Temos 32 seleções, então o Catar vai ter que se adaptar a 32 culturas diferentes? Não. Nós temos que nos adaptar à cultura do país. Esperamos que tudo isso possa ser cumprido. Vai ser uma Copa do Mundo completamente diferente de todas as outras. Teremos a oportunidade de ver três jogos no mesmo dia, todas as sedes serão na mesma cidade, não vai precisar pegar avião pra ver jogo, trocar de hotel, de CT. As facilidades que o Catar está dando para todo mundo eu vejo com bons olhos.

Estádios mais impressionantes

Sem dúvida nenhuma o Lusail, da final da Copa do Mundo. É um estádio muito imponente, completamente diferente. Apesar que todos os estádios têm ar condicionado, uma excelente infraestrutura. Temos o estádio 974, feito com containers, algo completamente diferente de tudo. Container de verdade. Eles não economizaram em relação a estádio, infraestrutura, em deixar o país pronto pra sediar uma Copa do Mundo.

Torcida brasileira na Copa

Espero que vá uma legião brasileira pro Catar, embora o pacote para ir pro Catar esteja caríssimo, bem salgado. Mas, espero que eles se divirtam bastante, curtam bastante, mas que tenham atenção à legislação do país, aquilo que pode ou não pode fazer. O Catar é um país fascinante, vão ver uma cultura completamente diferente. Espero que o brasileiro possa chegar lá levando alegria que sempre levou, os cantos, as músicas, o sorriso e a alegria do povo brasileiro pra marcar o Catar.

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