O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo emitiu no dia 22 de março uma decisão contra o América Futebol Clube que poderia colocar o Estádio Benedito Teixeira, maior patrimônio do clube, no chão. De acordo com o processo, movido pela Prefeitura de São José do Rio Preto, a obra, que teve início em 1979, foi realizada sem os alvarás necessários e, caso a equipe não cumprisse as exigências municipais, o Teixeirão seria demolido.
Entretanto, José Carlos Pereira Neto, presidente do América, não acredita no pior e garantiu que o clube irá resolver a situação. “Não existe possibilidade de o estádio ser demolido. Já temos tudo acertado com a Prefeitura, agora é só vermos com a empresa de engenharia. Tem que ver metragem, área de construção e todas essas coisas”, disse o mandatário em entrevista à Gazeta Esportiva.
Apesar de a sentença ter sido emitida pelo Tribunal de Justiça no dia 22 de março, o prazo para regularização do estádio começa a contar apenas quando a parte ré, ou seja, o América, toma ciência do processo por escrito, o que ocorreu na última quinta-feira, quando o advogado do clube retirou a papelada. Após o ato, o clube terá 30 dias para regularizar a situação e mais 15 com multa diária de R$ 350, resultando na demolição caso as demandas não sejam cumpridas.
Para que o Teixeirão não venha abaixo, o América estuda duas possibilidades. A primeira delas implica em um recurso do clube contra a primeira instância estabelecida a favor da Prefeitura de São José do Rio Preto. No caso, como o próprio José Carlos admite, a decisão apenas adiaria ainda mais o problema.
“É uma responsabilidade que têm de ser feita. Empurramos com a barriga desde o início. Isso não é coisa minha, da minha gestão. Isso vem desde a gestão do Birigui (presidente responsável pela construção do estádio utilizando apenas recursos próprios). Não existe fazer uma obra sem alvará, sem habite-se. Agora temos que usar o bom senso para colocar as coisas em ordem”.
“Isso já foi adiado antes, por outras gestões, e podemos pedir mais 90 dias, seis meses.... Foi empurrado com a barriga desde lá atrás e eu mesmo adiei a situação também. A culpa é de todos”, afirmou.
Outra possibilidade é a de conseguir o alvará através de uma empresa de engenharia. De acordo com José Carlos, a expectativa é de que a documentação custe em torno de R$ 12 mil, valor que seria parcelado. Há ainda uma chance de o negócio sair de graça, caso o presidente consiga parceiros para realizar o visto.
“Eu imagino que o alvará e o Habite-se custem uns R$ 12 mil. Dividiríamos em três ou quatro vezes, mas pode sair até de graça. Vai que eu consiga um grupo de engenheiros amigos meus que possa fazer esse trabalho de graça, sem cobrar nada. Eu imagino uns 12 mil, mas vamos ver’, revelou.
Apesar de não fugir da responsabilidade, José Carlos fez questão de relembrar administrações passadas para justificar os atrasos. Além disso, o dirigente ressaltou o fato de que as obras, de modo geral, não eram tão fiscalizadas na época de construção do Teixeirão. Vale lembrar que o terreno para construção da Toca do Rubro foi doado pela Prefeitura.
“Se você mora em um apartamento, em uma casa, pode ter um metro a mais, um a menos de terreno. Tem que entender que, naquele tempo, era tudo feito nas coxas, tudo ia passando. É como você dirigir sem habilitação. Pode não ser pego, mas se um guarda te parar, vai ter problema. É uma irresponsabilidade e a conta chega. Não é questão de ser uma obra clandestina. O América não é clandestino, vamos acertar as coisas”, admitiu.
O Estádio Benedito Teixeira foi inaugurado em 10 de fevereiro de 1996, quando a equipe da casa foi derrotada pelo São Paulo por 3 a 2 em confronto que atraiu mais de 17 mil pagantes. O Teixeirão é uma homenagem ao presidente homônimo, que comandou o América-SP por 23 anos. Falecido em 2001, Benedito, conhecido como Birigui, foi o presidente que coordenou a construção do local, além de ter sido também técnico, jogador, diretor de futebol e vice-presidente do Diabo.
O Teixeirão já foi palco de um jogo da Seleção Brasileira e da partida final do Campeonato Brasileiro de 2004, que garantiu o título ao Santos. Já recebeu também um clássico Majestoso entre São Paulo e Corinthians, além de um Choque-Rei entre o Tricolor e o Palmeiras. Apesar de ter iniciado em 1979, o estádio Teixeirão até hoje não foi completamente concluído. Pela falta de manutenção, em janeiro, a Toca do Rubro chegou a ser interditada pela Federação Paulista de Futebol pela falta do laudo se segurança. Hoje, apenas 20 anos após a inauguração, apenas mato enche as arquibancadas do estádio.
Em meio ao imbróglio com o estádio, o América disputará a Segunda Divisão do Campeonato Paulista. O primeiro compromisso da equipe será justamente no Benedito Teixeira, domingo, dia 24 de abril, às 10h (de Brasília), contra o José Bonifácio. José Carlos, por fim, comentou a preparação da equipe para o torneio.
“O América está fazendo uma equipe dentro de suas possibilidades. Estamos com 70 jogadores e podemos trazer até alguns outros. Vão ficar 20 na equipe e até um desperdício porque tem tanto garotos de talento, que com certeza alguns bons valores irão perder espaço”, finalizou.
*Especial para a Gazeta Esportiva
