Abilio Diniz, empresário e membro do Conselho Consultivo do São Paulo, tornou público nesta terça-feira o texto de uma carta que endereçou ao presidente do clube, Carlos Miguel Aidar, para cobrar transparência nas decisões administrativas da diretoria. O documento, replicado em seu blog no portal Uol e enviado a todos os conselheiros do Tricolor, faz referência a controvérsias protagonizadas por Aidar nas últimas semanas, incluindo a demissão do CEO Alexandre Bourgeois e a divulgação do valor da dívida são-paulina abaixo do montante real.
Indicado pelo próprio Diniz, Bourgeois foi oficialmente demitido por não cumprir as metas que havia proposto para o São Paulo. Ao jornal Folha de S. Paulo, nesta terça-feira, o ex-CEO disse que foi impedido de trabalhar e chegou a ser ameaçado de agressão por um funcionário do clube. “Agradeço a mensagem que você [Aidar] me enviou tentando explicar os motivos para demitir o CEO do São Paulo. Infelizmente, não acredito no que foi alegado”, escreveu Diniz ao presidente.
“Da minha parte, quero seguir colaborando para evitar a destruição do clube. Como venho falando já faz algum tempo, minha preocupação mais urgente é com a situação financeira”, prosseguiu o empresário. No dia 4 deste mês, Aidar convocou entrevista coletiva para anunciar a criação de novos cargos remunerados e um novo organograma da administração. Ao comentar o valor da dívida são-paulina, o mandatário citou uma quantia de R$ 137 milhões a ser paga. Dias depois, um estudo do Itaú BBA rebateu Aidar ao estipular o valor da dívida em R$ 272 milhões. O banco já havia dito, em agosto, que “não resta muito tempo até a explosão” do clube.
Para Diniz, chegou a hora de o São Paulo realizar uma auditoria completa de sua situação financeira. O empresário indicou a firma PriceWaterhouseCoopers para fazer o estudo e se ofereceu para arcar com os custos. “A PWC pode fazer de maneira imediata e isenta um levantamento completo e indispensável da situação financeira, com acompanhamento e previsão do fluxo de caixa para os próximos meses e análise de todos os contratos do clube”, disse. “Não podemos viver da antecipação dos recursos previstos para os próximos anos, pois assim estaremos comprometendo também o futuro do São Paulo e perpetuando essa crise”.
O empresário, no entanto, afirmou que só fornecerá aporte financeiro ao São Paulo se houver transparência por parte da diretoria. “Como venho dizendo sempre, este é o momento de união no São Paulo para que nosso clube possa sair da maior crise de sua história recente e recuperar suas glórias de time pioneiro e inovador”, declarou. “Carlos Miguel, é fundamental que você torne transparente a gestão do São Paulo e divida com o Conselho Deliberativo suas decisões neste momento difícil”. Não houve resposta da diretoria tricolor até o momento.