Gazeta Esportiva

Jornalista português analisa estilo de Paulo Fonseca, um dos técnicos na mira do Corinthians

(Foto: Divulgação/Roma)

Após a demissão de Sylvinho, começaram os rumores de um novo comandante à frente do Corinthians logo no mesmo dia. Alguns nomes surgiram, entre eles o do português Paulo Fonseca, que já treinou, entre outros times, Porto, Braga, Shakhtar Donetsk e Roma. Atualmente ele está sem clube.

Para saber um pouco mais sobre as principais características do profissional de 48 anos, a Gazeta Esportiva conversou com Luís Mateus, jornalista e coordenador geral d’A BOLA TV, de Portugal, que trouxe um panorama sobre estilo de jogo de Fonseca, suas principais influências, problemas ou pontos a melhorar e opinião sobre ele ser (ou não) um dos melhores treinadores portugueses da atualidade. Confira!

Influências

Segundo Mateus, a maior influência de Fonseca talvez seja a de Jorge Jesus, que foi seu treinador em final de carreira como jogador. No entanto, “ele já declarou que seguiu o seu caminho, retirando aqui e ali um pouco do que ia vendo nos trabalhos de Pep Guardiola, José Mourinho, Vítor Pereira, André Villas-Boas e Leonardo Jardim”.

Estilo de jogo

Paulo Fonseca atua, de acordo com o jornalista, de forma ofensiva, com modelo “apoiado na posse e controle da partida, construção paciente e progressiva a partir da defesa, pressão sobre as linhas de passe nos momentos sem bola e uma linha defensiva alta para roubar espaço ao adversário”.

A formação preferida do treinador é o 4-2-3-1, tendo o 3-4-3 como sistema secundário, “em que o duplo pivô do meio-campo é complementar, ou seja, incorpora um 6 de equilíbrio, porém competente a nível do passe, e um 8 com capacidade para se juntar ao ataque, seja no transporte ou em momentos de associação com bola”.

“O preferido 4-2-3-1 é, em situações de construção baixa, um 3-4-3 com a descida do médio mais defensivo para junto dos centrais – sempre que tem matéria-prima para tal, Paulo Fonseca opta pela saída lavolpiana ou saída a três –, e a projeção dos laterais para ganhar largura. Os extremos procuram zonas entre linhas e os meios-espaços, por dentro. A rotação posicional, à exceção do médio mais defensivo, é frequente”.

No momento da organização defensiva, ele opta pelo 4-1-4-1 diante de adversários com maior capacidade de aproveitamento do espaço entre linhas ou o 4-4-2. Ele utiliza da pressão para encurralar os rivais junto às alas, “arriscando situações de superioridade numérica – e expondo, com risco assumido, outros espaços – para recuperar a bola e partir para a transição ofensiva, de que também não abdica”.

Problemas no modelo proposto

Para o jornalista d’A Bola, uma das situações que esse modelo não conseguiu resolver é em relação à transição defensiva, “sobretudo quando enfrenta adversários com maior resistência à pressão contrária”.

Além disso, ele afirma que o treinador, por não ser um técnico “de confronto”, diferente de Jorge Jesus, “ressente-se, por vezes, de arrogância e sente mais dificuldades em vestiários que apresentam estrelas ou jogadores consagrados”, dando como exemplos seus trabalhos no Porto e até na Roma, quando teve forte discussão com Dzeko nos bastidores.

Por outro lado, ele teria um relacionamento exemplar com jogadores, torcedores e imprensa, “alguém de fácil acesso e que não tem medo de falar as ideias”.

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“Não conformado”

De acordo com Mateus, Paulo Fonseca é um técnico “não conformado”, sempre em busca de soluções para problemas que apareçam (por exemplo, uma lesão ou suspensão de jogador). “A introdução de Mancini na Roma como camisa 6 é um bom exemplo da capacidade do português para procurar respostas”, disse.

Porém, “por ser um técnico com ideias muito específicas e vincadas e das quais não abdica, o fato de não ter os jogadores certos para determinadas posições, podem tornar o caminho para o sucesso tremendamente complicado”, avaliou.

Opinião

“Fonseca é um dos melhores treinadores portugueses da atualidade e já foi várias vezes apontado ao Benfica. O seu sucesso ou insucesso dependerá sempre muito de ter ou não os jogadores certos para as posições certas, uma vez que as equipes mostram sempre qualidade e refletem um trabalho muito competente nos treinos. Não há qualquer razão para não esperar um eventual impacto positivo no futebol brasileiro, desde que o futuro clube garanta soluções para o modelo de jogo que quer impor sempre por onde passa”, finalizou.

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