Gazeta Esportiva

Garcia nega ajuda a Andrés e promete afastar irmão do clube

Garcia se aliou a Adauto e a Piovesan, que integraram a gestão de Roberto de Andrade (foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

Último candidato a confirmar intenção de concorrer à sucessão de Roberto de Andrade na presidência do Corinthians, Paulo Garcia lançou oficialmente a sua chapa na manhã desta segunda-feira, em um hotel da região central de São Paulo. O evento serviu para ele negar que só esteja no pleito para beneficiar um oponente, o ex-presidente Andrés Sanchez, e prometer desvincular um eventual mandato do seu irmão, Fernando Garcia, agente de jogadores influente no clube.

“Vou falar logo, antes que alguém me pergunte”, disse Garcia, espontaneamente, assim que empunhou o microfone. “Existe um mito de que recuei na última eleição, o que não é verdade. O que houve foi uma composição política com o Roque Citadini, em que fiquei como candidato a presidente do Conselho”, justificou em seguida.

Paulo Garcia retirou a sua candidatura na última eleição à presidência do Corinthians, manifestando apoio a Antonio Roque Citadini, um dos seus adversários no pleito atual. Para alguns membros da oposição, a iniciativa de concorrer novamente agora, de última hora, seria uma estratégia para dividir os votos endereçados a Felipe Ezabella, Romeu Tuma Júnior e o próprio Citadini, colaborando com Andrés Sanchez.

“Essa possibilidade de me unir ao Andrés ou a qualquer outro candidato não existe”, assegurou Garcia, que ainda apresentou uma justificativa para a candidatura tardia. Os seus proponentes à vice-presidência são Flávio Adauto e Emerson Piovesan, que eram diretores de futebol e financeiro de Roberto de Andrade, respectivamente. “Eles precisavam ficar nos seus cargos até o fim do Campeonato Brasileiro. O Emerson até mais, para fechar o balanço anual.”

As presenças de Adauto e Piovesan na chapa reforçariam a tese de que Paulo Garcia estaria próximo da situação, que apoia Andrés Sanchez. “Se a nossa chapa é considerada de oposição, eu sou de oposição”, contrapôs Adauto. “Somos independentes”, corrigiu Garcia. “É isso. Ele abriu. Não estamos ligados a ninguém”, concordou, então, o antigo diretor de futebol do Corinthians.

Adauto ainda colaborou com Paulo Garcia na argumentação de que o poder do empresário Fernando Garcia, irmão do candidato, não seja tão grande no departamento de futebol corintiano. “Do Cássio ao Jô, hoje, quem tem vínculo com o Fernando? Ele tinha dois jogadores titulares. Um deles era o Arana, com quem já houve negociação (o lateral esquerdo foi vendido ao Sevilla, da Espanha), e agora não há nenhum”, disse. Do elenco profissional, os clientes do agente são o goleiro Walter, o zagueiro Vilson e o volante Maycon, que terminaram a temporada como reservas.

O número de jogadores agenciados por Fernando Garcia no Corinthians não aumentaria em uma possível gestão do irmão. “O Fernando era um conselheiro vitalício, fez um empréstimo para o Corinthians e acabou se envolvendo nesse negócio. Comigo, não vai ter ligação alguma. Acho lícito, mas não moral. Daria margem para que todo o mundo desconfiasse de alguma coisa. Apesar de o Fernando ser bem íntegro, de eu conhecê-lo desde o dia em que nasceu, não acho legal”, disse Paulo Garcia.

O candidato também “não acha legal” atacar os seus concorrentes. Questionado sobre a recente denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o deputado federal Andrés Sanchez, por um crime tributário de R$ 8,5 milhões, Garcia contemporizou. “O Andrés se encontrou comigo e disse que não tem nada a ver, que ele esteve nessa empresa do processo em 2001 e a ação começou em 2005, que o condenaram antes de julgá-lo. Pode ser que isso tenha ocorrido realmente. Espero que sim”, afirmou.

A polêmica dos sócios anistiados
No lançamento de sua campanha, Paulo Garcia também se posicionou sobre uma controvérsia em que se envolveu antes mesmo de candidatar. Com o seu aval, o secretário-geral Antônio Jorge Rachid Júnior havia aproveitado uma promoção de 50% de desconto para regularizar sócios inadimplentes, em troca de votos no pleito de 3 de fevereiro. A comissão eleitoral, no entanto, vetou a participação desses eleitores, já que o estatuto do Corinthians proíbe qualquer anistia financeira aos associados no ano anterior à eleição.

“Soubemos desses 50% de desconto em uma sexta-feira. No sábado de manhã, o Rachid me ligou para regularizarmos algumas pessoas, já que a situação havia feito isso com mais de 700. Foi um negócio premeditado da parte deles. Não vi problema algum. Paguei e declarei no imposto de renda. Acho errado e imoral, mas o meu pai (Damião Garcia, falecido em 2016) ficou dez anos brigando na Justiça por essa mesma questão”, defendeu-se Paulo Garcia, um dos que precisarão prestar esclarecimentos à comissão eleitoral.

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