Zagueiro autêntico - Gazeta Esportiva
Bruno Ceccon
São Paulo, SP
12/21/2018 08:00:22
 

O paraguaio Gustavo Gomez precisou de poucos jogos pelo Palmeiras para comprovar sua qualidade à desconfiada torcida alviverde. Em entrevista à Gazeta Esportiva, o zagueiro emprestado pelo Milan manifestou o desejo de prolongar a estadia no clube brasileiro e falou sobre o estilo que agrada ao técnico Luiz Felipe Scolari, ex-jogador da posição.

“Acredito que o defensor precisa ser o mais simples possível”, resumiu, como um autêntico zagueiro. Se disputar metade das partidas até junho de 2019, Gomez garante sua continuidade na Academia de Futebol, já que o Palmeiras seria obrigado a renovar o empréstimo.

Aos 25 anos de idade, o zagueiro com passagem pela seleção paraguaia formou uma sólida dupla ao lado de Luan. Autor de três gols em 17 partidas pela Sociedade Esportiva Palmeiras, ele contabiliza 12 vitórias, quatro empates e apenas uma derrota.

Escalado como titular nos dois confrontos com o Boca Juniors, Gomez projetou a possibilidade de brigar pelo título da Libertadores em 2019 após cair nas semifinais da última edição. Pela seleção paraguaia, o zagueiro deseja participar da Copa América, a ser disputada no Brasil.

Gazeta Esportiva: Você estreou pelo Palmeiras em agosto e tem apenas 17 jogos disputados. Como conseguiu se adaptar tão rapidamente?
Gustavo Gomez: A adaptação é mais fácil quando os companheiros, a comissão técnica, os dirigentes e as pessoas que trabalham no clube ajudam. Eu sempre tenho boas expectativas e, por isso, treino forte para alcançar os objetivos. Por sorte, aqui conseguimos rapidamente. Estou contente por meu primeiro título com o Palmeiras e espero que seja o primeiro de muitos.

Gazeta Esportiva: Você formou uma das duas duplas de zaga armadas pelo Felipão ao lado do Luan. Acha que os dois têm estilos que acabam se completando?
Gustavo Gomez: Desde a primeira partida que jogamos juntos, a verdade é que nos completamos bem. O Luan é um grande atleta, também jovem, mas já com várias partidas. Estou muito contente de tê-lo como companheiro.

Gazeta Esportiva: Dentro de campo, parece que você sempre opta e procura executar a alternativa mais simples em cada lance. Há quem diga que o futebol não é tão complexo. Concorda?
Gustavo Gomez: O primeiro que trato de fazer é jogar simples, mas também é isso o que o técnico pede: o Felipão quer que os defensores joguem com simplicidade. Obviamente, se surge a oportunidade de sair jogando e criar situações, você pode, mas acredito que o defensor precisa ser o mais simples possível.

Gazeta Esportiva: Você fez dois gols de pênalti pelo Palmeiras. Gosta de bater?
Gustavo Gomez: A gente treina. Houve um período em que nossos batedores estavam errando e o técnico decidiu trocar. Isso caiu bem ao grupo. Não bato só eu, mas também o Bruno, o Scarpa. Então, é muito bom para o time.

Gomez e o parceiro Luan participaram do jogo decisivo contra o Vasco (Foto: Sergio Barzaghi/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva: Falando no Felipão, ele chegou ao Palmeiras mais ou menos na mesma época que você. Como vem sendo trabalhar com ele?
Gustavo Gomez: É um senhor que conhece bastante de futebol, que monta muito bem o grupo, uma grande pessoa. Isso é o mais importante para um time: que o elenco esteja unido. O fato de termos formado uma família foi fundamental.

Gazeta Esportiva: Você ainda está vinculado ao Milan e conhece a realidade europeia. Em termos de estrutura, o que achou do Palmeiras?
Gustavo Gomez: Acho que as instalações do Palmeiras estão no mesmo nível das instalações do Milan, que é uma potência mundial e conta com uma estrutura muito grande. O Palmeiras está à altura.

Gazeta Esportiva: Quais foram suas primeiras impressões sobre a torcida do Palmeiras?
Gustavo Gomez: São muito fanáticos. A torcida é incrível. Desde o primeiro dia, isso me surpreendeu. Quando jogamos o clássico contra o Corinthians, foi impressionante.

Gazeta Esportiva: Seu compatriota Carlos Gamarra, com passagens por Internacional, Corinthians e Palmeiras, é uma referência no Brasil. É uma inspiração para você?
Gustavo Gomez: Sim, foi um grande jogador. Eu vi pouco o Gamarra atuar, quando já estava se aposentando. Mas é um ídolo no Paraguai e, obviamente, nós, defensores, queremos nos parecer um pouco com ele, também por tudo que viveu aqui no Brasil.

De cabeça, zagueiro paraguaio marcou no clássico contra o São Paulo (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva: Quando encarava um adversário com a bola dominada, o Gamarra costumava marcar um pouco agachado. Às vezes, por causa desse posicionamento, você me lembra um pouco ele…
Gustavo Gomez: Já tinham me falado isso e agradeço às pessoas que me comparam com o Gamarra, mas ele construiu a própria história no Brasil e, agora, espero fazer a minha aqui no Palmeiras.

Gazeta Esportiva: O Arce, antigo companheiro do Gamarra na seleção paraguaia, avalizou sua contratação ao Felipão. Como é sua relação com ele?
Gustavo Gomez: Muito boa. O Arce foi meu técnico na seleção paraguaia. É um ídolo aqui no Palmeiras e bastante conhecido no Brasil. Sempre nos cumprimentamos e desejo o melhor para ele em sua carreira como treinador.

Gazeta Esportiva: Seu empréstimo vence no fim de junho de 2019. De acordo com o contrato, se você disputar metade dos jogos até lá, o Palmeiras fica comprometido a renovar o compromisso. É o que deseja?
Gustavo Gomez: Tenho que cumprir meu contrato até junho e, depois, ver os números. Se atingir o que está acordado, seguramente vou renovar. Então, nesse sentido fico muito tranquilo. Estou feliz no Palmeiras e espero seguir dessa maneira. Tomara que possamos renovar.

Gazeta Esportiva: Você participou dos dois jogos contra o Boca Juniors. Qual foi a sensação que ficou após a queda nas semifinais da Copa Libertadores?
Gustavo Gomez: A sensação é que podíamos um pouco mais, mas o futebol é assim. Seguramente, no próximo ano vamos lutar de novo pela Libertadores e nosso grande desejo é ganhar esse torneio.

Gazeta Esportiva: O objetivo de disputar a Copa América no Brasil pela seleção paraguaia também é um dos seus principais para 2019?
Gustavo Gomez: Sim. Temos um elenco muito jovem, que agora começa uma nova etapa. Acho que a Copa América vai nos ajudar bastante para tratar de conseguir a classificação ao Mundial de Catar.