Robinho imagina reencontro com Palmeiras e cogita comemoração contida - Gazeta Esportiva
Bruno Ceccon
São Paulo, SP
06/07/2016 09:00:52
 

Robinho viveu intensamente seu curto período com a camisa da Sociedade Esportiva Palmeiras. Emprestado ao Cruzeiro até o final de 2017, o meia imagina o primeiro confronto com o ex-clube e cogita a possibilidade de festejar de maneira contida se fizer gol.

“Quero muito que chegue essa partida”, afirmou Robinho em entrevista à Gazeta Esportiva. Trocado ao lado de Lucas por Fabrício e Fabiano, o meia não chegou a conversar com Cuca antes de deixar o Palmeiras e enfrentará o ex-clube no dia 25 de junho, pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro.

Em pouco menos de um ano e meio como jogador do Palmeiras, Robinho disputou 75 partidas e marcou 11 gols, dois deles de cobertura contra o são-paulino Rogério Ceni. O meia teve atuação decisiva na final da Copa do Brasil 2015 e classifica o título nacional como o grande momento da carreira.

No início de sua trajetória pelo Cruzeiro, Robinho pensa em mostrar serviço suficiente para ser contratado em definitivo pelo time mineiro. Por outro lado, o meia de 28 anos tem vínculo com o Palmeiras até o fim de 2019 e não vê problema em retornar ao clube alviverde.

Robinho teve participação decisiva na decisão da Copa do Brasil 2015 (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)
Robinho teve participação decisiva na final da Copa do Brasil 2015 (Foto: Fernando Dantas/Gazeta Press)

Gazeta Esportiva – No dia 25 de junho, Cruzeiro e Palmeiras jogam no Mineirão. Você e o Lucas vão poder atuar normalmente?
Robinho – Vamos poder jogar, sim. Não tem acordo algum entre os clubes que impeça.

Gazeta Esportiva – Como imagina que vai ser esse primeiro confronto com o Palmeiras?
Robinho – Imagino um jogo tranquilo. É claro que com muitas dificuldades, porque o Palmeiras é um grande time. Mas tranquilo, pela amizade que tenho com os atletas. Quero muito que chegue essa partida para a gente ver como vai ser. Muitas pessoas estão esperando esse jogo para ver o que pode acontecer, se realmente a troca foi boa ou não. Mas eu estou tranquilo. Tenho certeza que vai ser um grande espetáculo, com dois grandes clubes.

Gazeta Esportiva – Imagino que você e o Lucas estejam ansiosos para esse reencontro com o Palmeiras…
Robinho – A gente fica um pouco ansioso antes, mas quando chegar na hora do jogo, vai ser tranquilo. Ficamos ansiosos por causa da expectativa de ver a reação da torcida, dos nossos antigos companheiros do Palmeiras…

Gazeta Esportiva – Muitas vezes, os jogadores evitam comemorar quando marcam gols contra ex-clubes. Se acontecer com você, como vai se comportar?
Robinho – Olha, não tinha parado para pensar nisso. Sinceramente, não sei como vai ser. Provavelmente, se fizer gol a comemoração vai ser um pouco mais contida, até porque tenho contrato com o Palmeiras ainda. Mas agora defendo as cores do Cruzeiro. Então, ainda não sei o que vou fazer. Só na hora mesmo para decidir.

Gazeta Esportiva – O Fabiano ainda não estreou pelo Palmeiras e o Fabrício fez só um jogo como titular. Até agora, quem você acha que se deu melhor com a troca?
Robinho – Não tenho acompanhado muito as notícias do Palmeiras, então é difícil falar. Só vamos ter certeza disso no final do ano. O que eu posso dizer é que o Cruzeiro ganhou dois jogadores capazes de dar a vida pelo clube. A gente vai se dedicar bastante e tenho certeza que eles também vão se dedicar no Palmeiras. Só vamos saber no final do ano, mas acho que as duas equipes vão se dar bem.

Derrota contra o Santos nas quartas do Paulista foi despedida de Robinho (Foto: Cesar Greco/Divulgação)
Derrota contra o Santos nas quartas de final do Paulista foi despedida de Robinho do Palmeiras (Foto: Cesar Greco/Divulgação)

Gazeta Esportiva – Você ainda mantém contato com os ex-companheiros de Palmeiras?
Robinho – Sim, converso bastante. Falo bastante com o Egídio, que concentrava junto comigo, com o Fernando Prass, com o Dudu. A gente tinha até um grupo de Whatsapp no Palmeiras para organizar um pôquer. Esse grupo continua e estamos sempre conversando.

Gazeta Esportiva – Sua saída do Palmeiras surpreendeu muitos torcedores. Como você viveu essa negociação?
Robinho – Não fiquei surpreso, já que o futebol é muito dinâmico e as coisas acontecem rapidamente. A gente, que está no meio, sabe que tudo pode mudar de uma hora para a outra. Quando recebi a ligação falando que essa negociação poderia ocorrer, aceitei na hora, porque o Cruzeiro é um grande clube, que recentemente foi bicampeão brasileiro e sabe o caminho das vitórias.

Gazeta Esportiva – Você e o Lucas foram trocados pelo Fabrício e pelo Fabiano. O Cuca chegou a falar com você para explicar alguma coisa ou não teve esse contato direto com ele?
Robinho – Não, não conversei com o Cuca. Não teve esse contato.

Gazeta Esportiva – Você gostaria de ter ouvido alguma explicação dele antes de sair?
Robinho – Não, para mim está tranquilo. Não fico chateado por isso ou aquilo. Aceitei a proposta do Cruzeiro e estou feliz aqui. Se fosse um clube em que não tivesse interesse de trabalhar, eu não viria. Mas estou em um grande clube, que sempre tive vontade de defender. Então, não fiquei chateado de forma alguma.

Gazeta Esportiva – Na metade de abril, já durante a gestão do Cuca, o Palmeiras renovou com você até o fim de 2019. Qual era sua ideia na época?
Robinho – Quando você renova, a expectativa realmente é de ficar por um bom tempo. Já tinha dois anos de contrato com o Palmeiras e acabei renovando por mais um. Mas é como eu disse: futebol é muito dinâmico e as coisas acontecem rápido. De repente, você agrada um e não agrada outro. Isso faz parte. Tenho um ano e meio de contrato com o Cruzeiro e vou procurar trabalhar da melhor maneira possível nesse período. Aí, quem sabe o clube pode me comprar. Se não comprar, posso voltar e desenvolver meu melhor futebol no Palmeiras novamente.

Robinho foi emprestado pelo Palmeiras ao Cruzeiro por um ano e meio (Foto: Washington Alves/Light Press)
Robinho foi emprestado pelo Palmeiras ao Cruzeiro por um ano e meio (Foto: Washington Alves/Light Press)

Gazeta Esportiva – Mas você tem o desejo de retornar ao Palmeiras?
Robinho – Procuro trabalhar o presente. Não sou um cara que fica pensando muito no futuro. É fato que tenho três anos de contrato com o Palmeiras, metade desse período emprestado ao Cruzeiro. Espero poder dar o meu melhor aqui e ser campeão. Consequentemente, imagino que o clube vai ter interesse em renovar. Se houver esse interesse do Cruzeiro, eu também tenho interesse. Caso contrário, espero que o Palmeiras possa me aceitar de volta.

Gazeta Esportiva – Você e o Lucas vêm jogando juntos desde o começo de 2015. Ficaram mais próximos após a troca com o Cruzeiro?
Robinho – A gente já tinha contato no Palmeiras e agora estamos concentrando juntos. Nossas famílias ainda não chegaram em Belo Horizonte, então estamos sempre juntos, jantando fora. Vem sendo legal conhecer um pouco mais do Lucas. Tenho certeza que vai virar um amigo particular.

Gazeta Esportiva – Em um ano e meio de Palmeiras, foram 75 partidas, 11 gols, um título da Copa do Brasil e um vice-campeonato paulista. Que balanço você faz dessa passagem?
Robinho – Cheguei com uma expectativa enorme. Muita gente não criou a expectativa que criei quando cheguei ao Palmeiras e acho que fui bem. O balanço é bastante positivo, com um título em duas finais. Atuei como titular praticamente durante todo o período e pude jogar bastante.

Gazeta Esportiva – Você fez dois gols no Rogério Ceni, o primeiro de placa. Quanto esses lances ajudaram a ganhar moral com a torcida palmeirense?
Robinho – Esses gols não são fáceis de fazer, não saem a qualquer hora. Quando sai um gol desses, ainda mais contra o São Paulo e em cima do Rogério Ceni, marca bastante. Tenho certeza que alguns torcedores ficaram mais felizes com esse gol (de placa) do que com o título, por ter sido em cima de um rival e do Rogério. Vai passar muito tempo e as pessoas ainda vão lembrar desse lance.

Gazeta Esportiva – Você teve participação decisiva na segunda final da Copa do Brasil. Considera que foi o maior momento da sua carreira?
Robinho – Sem dúvida alguma. Vinha buscando esse título nacional há um bom tempo. Dar a assistência para o Dudu e o passe para o Vitor Hugo foi muito importante. A gente estava treinando a jogada do segundo gol há bastante tempo e saiu bem na decisão. Comecei como titular em todas as partidas que disputei na Copa do Brasil e acho que fui um dos principais jogadores na campanha. É algo que para mim ficou marcado.