Palmeirense paraguaio - Gazeta Esportiva
Bruno Ceccon
São Paulo, SP
10/26/2017 09:00:36
 

Preservada pela Sociedade Esportiva Palmeiras ao longo dos últimos 95 anos, a Taça Guarany viu luz na última segunda-feira. O paraguaio Aníbal Vega, autêntica promessa das categorias de base, teve a chance de empunhar o troféu conquistado pelo Palestra Itália sobre seus compatriotas no dia 26 de outubro de 1922. Fã de Gabriel Jesus, o atacante de 17 anos sonha em seguir caminho rumo à equipe profissional alviverde.

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Nascido em Pedro Juan Caballero, cidade vizinha da sul-mato-grossense Ponta Porã, Aníbal tem pai paraguaio e mãe brasileira. Dono de dupla nacionalidade, o atacante palmeirense vestiu a mesma camisa alvirrubra utilizada pelo ídolo Manuel Fleitas Solich no século passado para disputar o Mundial sub-17 e marcou dois gols durante a campanha que terminou nas oitavas de final.

“Graças a Deus, tive a oportunidade de realizar o sonho de criança de participar de um Mundial. Serviu de aprendizado”, afirmou Aníbal, orgulhoso pelos gols na vitória por 4 a 2 sobre a Nova Zelândia após sair do banco de reservas. “Esse jogo foi demais, um dos melhores da minha carreira até agora. Dei o meu melhor no campeonato e espero ter deixado uma boa impressão para a comissão técnica”, contou.

No primeiro gol que marcou na Índia, Aníbal Vega comemorou à lá Gabriel Jesus, simulando falar ao telefone para homenagear a mãe Adriana da Silva, brasileira. No centro de treinamento das categorias de base, frequentado pelo atual atacante do Manchester City até pouco tempo atrás, o jovem nascido em território paraguaio manifestou sua idolatria.

“É impossível não me espelhar no Gabriel Jesus. É um grande profissional e não vou negar que sou fã. Gosto muito do futebol dele e fico admirado ao vê-lo jogar. Com certeza, quero chegar onde ele está também”, disse Aníbal, que já teve contato com o ídolo. “Um amigo meu é do mesmo empresário e aproveitei para conhecê-lo quando estava em São Paulo”, contou o jovem, morador dos alojamentos do Palmeiras.

Comparado com Gabriel Jesus pela imprensa paraguaia, Aníbal Vega não hesita ao manifestar o desejo de alcançar o mesmo sucesso do astro, independentemente da seleção que defenda. A chance de disputar o Mundial sub-17 pelo Paraguai estreitou os laços com seu país de origem, mas ele não descarta a hipótese de vestir a amarelinha, algo que ainda pode fazer nas categorias de base.

“O Paraguai é muito importante para mim. Nasci lá e gosto bastante de jogar pela seleção. É meu sonho de criança e sempre quis defender o Paraguai, mas, se tiver uma oportunidade na Seleção Brasileira, não vou recusar. Aceitaria com o maior prazer e daria o meu melhor”, disse Aníbal, capaz de se comunicar fluentemente em português e espanhol. “Eu me considero um brasiguaio”, definiu.

Aníbal morou do lado paraguaio da fronteira até os 14 anos, quando deixou a família na cidade natal para iniciar a trajetória como jogador de futebol e passou pelo Vitória antes de chegar ao Palmeiras, no começo de 2016. Ele é filho de Aníbal Rubén Vega, que trilhou carreira bem-sucedida no futsal e não gostou de ver o filho terminar no banco dois dos quatro jogos do Mundial sub-17.

Admirador de Gabriel Jesus, Aníbal Vega repetiu comemoração do astro no Mundial sub-17 (Foto: Divulgação)

“Meu pai é paraguaio, mas, na verdade, agora quer que eu defenda a Seleção Brasileira. Depois da experiência no Mundial, em que não tive muita oportunidade, ficou um pouco chateado”, disse o palmeirense, orientado com exigência pelo ex-pivô de futsal. “Para ele, nunca está bom. Tenho que buscar mais, mais e mais. É uma das coisas que me motivam a ter fome de fazer sempre o melhor”, discursou.

Com o pai distante, o atacante tem no Palmeiras os ensinamentos de Artur Itiro, técnico do time sub-17. “O Aníbal é um jogador com ótimo perfil fisiológico, muito forte e rápido. Quando terminar a maturação, acreditamos que vai ser ainda mais forte. Tem bons tempo de bola, cabeceio e finalização, além de força no confronto um contra um. Vejo potencial para se tornar um grande centroavante”, analisou o treinador.

Reintegrado ao elenco na última segunda-feira, Aníbal Vega volta a pensar no Palmeiras sub-17, adversário do Vasco nas quartas de final da Copa do Brasil e da Inter de Limeira na mesma fase do Campeonato Paulista – no torneio estadual, ele marcou 17 gols em 13 jogos. Ao posar com a histórica Taça Guarany a convite da Gazeta Esportiva, o atacante apenas segurou o troféu, sem erguê-lo, gesto que espera um dia fazer pelo time principal alviverde.

“Acho que evoluí muito desde que cheguei ao Palmeiras e aprendi de tudo um pouco, principalmente a ser mais profissional e a ser uma pessoa melhor”, apontou o atacante, com contrato até 2020. “O plano é fazer um bom trabalho com minha categoria até o final do ano e, no começo de 2018, disputar a Copa São Paulo para depois tentar chegar ao profissional”, avisou.

MATTOS PLANEJA APROVEITAR A BASE

Alexandre Mattos falou sobre a base durante o recente sorteio dos grupos do Campeonato Paulista 2018 (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)

Contratado pelo Palmeiras em 2015, Alexandre Mattos promoveu profundas reformulações no elenco desde então. Após trazer uma série de reforços, o diretor de futebol planeja aproveitar mais a base e diminuir o número de transferências em breve.

“Depois desse período de dois anos e dez meses de trabalho, a base do Palmeiras vai começar a dar frutos. Se o profissional precisava radicalizar em termos de estrutura, gestão de pessoas e qualidade de elenco, imagine a base. Também tinha que mudar muita coisa. Agora, o clube está finalmente começando a ter a base como uma opção real”, afirmou.

O Palmeiras já teve 16 atletas convocados às Seleções de base na temporada, nove para o time sub-15, seis para o sub-17 e um para o sub-20. No Mundial sub-17 disputado na Índia, além de Aníbal Vega, convocado pelo Paraguai, o time alviverde cedeu Vitão, Alan e Luan ao Brasil.

 



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