Em rotina de exames e remédios, Oscar confia em medalha e lamenta baixa de Splitter - Gazeta Esportiva
Leandro Criscuolo*
São Paulo
03/09/2016 09:30:13
 

Maior nome do basquete brasileiro e indiscutivelmente um ídolo nacional, Oscar Schmidt sente prazer em poder afirmar que ainda vive diariamente com conquistas em sua vida, mesmo após a aposentadoria. O tumor no cérebro descoberto em 2011 poderia ter sido um fator desmotivador para qualquer outro indivíduo, mas em conversa com a Gazeta Esportiva, o Mão Santa garante que, com ele, não é assim.

Lutando diariamente contra a incurável doença, o ex-atleta sabe que essa será até o fim de seus dias a sua rotina, mas não se deixa abalar. “Meu estado de saúde será o mesmo até eu morrer. Ou seja, sempre fazendo exames, sempre tomando remédio, até o fim. Não há como evitar isso. Todo mundo morre, ou de acidente ou de doença. Aconteceu comigo e eu estou aqui, enfrentando. Mas não será um tumorzinho pequeno que vai me levar para o cemitério”.

O ex-jogador Oscar Schmidt acompanha a primeira partida entre Bauru e do Real Madrid, da Espanha, válida pela final da Copa Intercontinental de Clubes de Basquete 2015, no Ginásio do Ibirapuera, na capital paulista.
Com garra, Oscar enfrenta doença incurável sem perder motivação para curtir a vida (Foto: Djalma Vassão/Gazeta Press)

O cotidiano de medicamentos e exames frequentes não impede Oscar de aproveitar a sua vida. Muito pelo contrário.

“Minha vida melhorou muito depois que descobri o tumor. Hoje eu viajo mais, dou melhores presentes. Aquele negócio de investir o tempo todo que jogador de basquete costuma ter, a tal da ‘pistola com uma bala só’, que não te permite errar o investimento e ir comprando apartamento, casa, isso eu não tenho mais. Caixão não tem cofre. O que eu comprei está aí, ótimo, mas agora uso o dinheiro que eu ganho para viajar mais, presentar melhor e curtir mais a vida. Aquilo que eu fazia, hoje estou fazendo cinco vezes mais. E minha vida melhorou muito com isso”.

Além de curtir mais a vida, o apoio religioso também foi ponto importante que introduziu em sua vida. “Foi uma maneira de conseguir uma força externa”, explicou. Oscar revela que os tratamentos espirituais ajudam, sem deixar o acompanhamento da medicina de lado. “Tudo tem uma parte. Não posso buscar apenas uma coisa ou só outra. O meu tratamento principal vem dos meus médicos”.

A maneira positiva com que vem levando a vida também se enxerga na postura confiante em relação ao desempenho que a Seleção Brasileira pode alcançar no basquete masculino nas Olimpíadas do Rio: “Se o time estiver completo, ganharemos medalha. Sem dúvida. Com todos eles jogando junto, temos muita chance”, declara o ídolo.

  Esse time é forte. Incompleto ele tem muitos problemas, mas quando está completo, joga bem contra qualquer outro time do mundo. Sem baixas, teremos um ótimo time disputando a Olimpíada e que provavelmente ganhará medalha.

A possibilidade de pódio, para Oscar, é grande caso os atletas que jogam na NBA estejam à disposição. Mesmo a ausência de Tiago Splitter não deverá ser tão sentida: “Dá para superar. Nesse momento temos três pivôs, o Nenê, o Anderson e o Splitter, isso está quebrando um galho para o Magnano, pois sempre um dos três vai ficar no banco. Então como o Tiago está machucado, vai jogar o Nenê e o Anderson. Mesmo ele fazendo falta, e vai fazer, pois é um menino que gosta de jogar na Seleção Brasileira, um menino de ouro, o time ainda está forte”.

Nenê  é uma das apostas de Oscar para superar desfalque de Splitter (Foto: Divulgação/CBB)
Nenê é uma das apostas de Oscar para superar desfalque de Splitter (Foto: Divulgação/CBB)

Nem mesmo o fato de os brasileiros que atuam nos Estados Unidos passarem grande parte da temporada no banco pode se tornar um empecilho, segundo o ex-ala: “Não atrapalha. Botou a camisa da seleção, é outro jogo. E todo mundo vai se empenhar muito na Seleção Brasileira, muito mais que na NBA, eu tenho certeza disso”. Sem deixar de ressaltar, no entanto, que não são todos os atletas atuais que colocam as competições com a camisa do Brasil acima do clube.

“Nessa geração tem jogadores que gostam muito de jogar na Seleção e tem outros que gostam menos. Então, se você se sente pressionado só porque o seu time da NBA que está te pagando muito dinheiro não vai gostar de você jogando na sua própria Seleção, você é um tipo de cara. Agora, se você quer defender o seu país e não importa quem está te falando para não jogar, você é outro tipo de cara. E lhe digo: se você, atleta, não ganhar com a Seleção Brasileira, ninguém vai lembrar de você. É a pura verdade e não tem outra solução. Pode ganhar títulos na NBA, na Europa, tudo… se não ganhar com a Seleção, ninguém lembra de você”, disparou.

 Quem é que não quer jogar uma Olimpíada? É o sonho de qualquer jogador disputar uma. O Kobe Bryant chegou a pedir para vir jogar a Olimpíada. Lá é o ápice de qualquer atleta.

Como já manifestou diversas vezes na imprensa anteriormente, Oscar é a favor da saída do técnico Rubén Magnano, sugerindo até mesmo outros nomes que considera qualificados para o lugar, como Bogdan Tanjevic, que comandou o Mão Santa em sua passagem pela Itália, ou mesmo o brasileiro Cláudio Mortari, outro ex-treinador de Schmidt.

“Ele (Rubén Magnano) jogou cinco torneios muito parecidos, e classificou o Brasil para a Olimpíada, que foi o grande feito que ele conseguiu. Mas jogou quatro torneios que foram muito similares ao Pré-Olímpico, e como não teve jogador da NBA, ele não fez nada de bom. O Brasil tem muitos bons treinadores. E estrangeiros também existem ótimos. Tem o Tanjevic que me levou para a Europa, o Mortari no Brasil… Acho que já chega para o Magnano. Não vou dizer que ele é ultrapassado, por tudo que ele ganhou com a Argentina. É um cara que veio e fez parte dele, mas o ciclo já fechou” concluiu.

*Especial para a Gazeta Esportiva