O Rei coroado no Morumbi - Gazeta Esportiva
Marcelo Baseggio
São Paulo
05/24/2021 16:00:44
 

Reinaldo Manoel da Silva completa em alguns dias oito anos de São Paulo. Aos 31, o lateral-esquerdo já viveu de tudo dentro do clube. Escapou de rebaixamentos, chegou a ser o principal alvo de críticas de torcedores, foi emprestado (duas vezes), voltou, evoluiu e, no último domingo, entrou para a história do seu clube de coração ao conquistar o Campeonato Paulista.

Quem acompanha os vídeos de bastidores divulgados pelo São Paulo em suas plataformas digitais sabe que Reinaldo é o grande responsável pelas gargalhadas no vestiário. Jogador com mais tempo de clube de forma ininterrupta, o camisa 6 tricolor, entretanto, já sofreu demais defendendo as cores do clube.

Hoje, Reinaldo, ou “Kingnaldo”, como é apelidado, se mostra digno de sua majestade. Mas, sua coroação teimou a acontecer. Foram necessárias inúmeras eliminações para times de pequena e média expressões nos cenários nacional e sul-americano, duras críticas e pressão extrema para o dia mais feliz de sua carreira, enfim, chegar.

“É o que eu vinha buscando desde quando cheguei aqui, meu sonho de criança, de vestir essa camisa e ser campeão com essa camisa. Vesti essa camisa em 2013 e fui ser campeão em 2021 pela primeira vez. Creio que ainda vem mais por aí. Só tenho a agradecer a Deus, porque sem ele eu não estaria aqui. Ele vem me dando forças todos os dias, assim como a minha família, sempre me botando para cima. Apegado a Deus a gente consegue nossos objetivos”, disse Reinaldo em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.

A coroação de Reinaldo levou tempo, mas foi como deveria ser, contra um grande rival, um dos mais fortes do País, em pleno Morumbi. A final contra o Palmeiras mostrou a força e o potencial do São Paulo, que deixa para trás o rótulo de combalido e se livra de um peso gigantesco de não conquistar um título por quase uma década.

“Eu, particularmente, consegui esse título que dá um alívio e tira um peso muito grande das minhas costas, porque oito anos com vínculo com o clube e nunca ter ganhado nada… conseguimos conquistar o Campeonato Paulista e que venham mais conquistas”, completou o lateral-esquerdo tricolor.

Contratado em junho de 2013, inicialmente por empréstimo, Reinaldo precisou de pouco tempo para ganhar espaço no Tricolor. Logo em sua primeira temporada com o clube, o lateral-esquerdo estreou em um clássico contra o Corinthians e não saiu mais do time titular. Pouco depois de sua chegada, Muricy Ramalho retornou ao Tricolor e por lá ficou até abril de 2015.

Reinaldo e Muricy Ramalho trabalharam juntos durante esse período de quase dois anos. Juntos tiveram de lidar com o risco de rebaixamento para a Segunda Divisão, mas neste domingo, no Morumbi, viveram um outro tipo de emoção, muito mais saborosa e emocionante. Ambos, inclusive, foram às lágrimas com o título paulista.

“O professor Muricy desde quando cheguei aqui me abraçou de tal forma… sempre pedia para eu estar alegre, solto. Infelizmente na minha primeira passagem não era o Reinaldo que sou hoje, mas o Muricy sempre vinha falando comigo. Com essa volta dele fiquei muito feliz de tê-lo aqui trabalhando com a gente, de estar sempre aprendendo ainda mais. É um cara que merece muito, ele, no ano que a gente passou uns perrengues, estava junto. É um cara que viu de perto o quanto a gente precisava desse título, por isso essa emoção, essas lágrimas”, comentou Reinaldo.

“Comigo não foi diferente, fui às lágrimas, porque é muito emocionante. Lágrimas de felicidade, de ser campeão com a camisa do São Paulo. Nessa volta do Muricy, ele chegou já sabendo dos problemas que o clube enfrenta. Ele chegar e ser campeão paulista é muito importante. Muricy merece muito, nossa equipe merece muito. Isso é fruto de um trabalho que vem de fora, dos diretores, do Muricy, que se reflete para dentro de campo. Todos juntos pelo mesmo objetivo. Eu entendo as lágrimas dele, porque aconteceu o mesmo comigo. Chorei e desabafei”, concluiu.