O pivô Lucas Bebê chegou em um lugar que poucos brasileiros alcançaram jogando basquete: a NBA. Após sair do Brasil aos 17 anos, o carioca de 2,13m ainda passou pela Espanha até ser escolhido pelo Boston Celtics no draft de 2013. Em 2014, entrou definitivamente para a liga ao assinar com o Toronto Raptors, clube que defendeu até 2018.
Cinco anos depois da entrada promissora no basquete norte-americano, Bebê está de volta ao Brasil, longe das quadras mais importantes do mundo. Sem clube, o atleta decidiu dar um tempo na carreira para descansar sua mente e corpo. É hora de recomeçar.
“São seis horas todos os dias divididos entre academia e quadra. Estou me dedicando, cercado dos melhores profissionais que eu poderia ter ao meu lado. Apesar de não estar jogando, preciso cuidar do meu corpo e me manter em forma, estar preparado para quando surgir uma oportunidade”, contou o pivô em entrevista à Gazeta Esportiva.
Após quatro temporadas nos Raptors, o jogador foi cortado e deixou a liga norte-americana. O brasileiro retornou ao basquete espanhol para atuar no Fuenlabrada, mas a passagem não teve o mesmo sucesso da primeira; atrapalhado por lesões, o brasileiro ficou poucos meses até tomar uma decisão arriscada: dar uma pausa na carreira.
“Vinha sofrendo muito com lesões. Entendi que ali era o momento de parar e dar um descanso para minha mente e meu corpo. Eu estava precisando e meu corpo estava pedindo”, contou Bebê
“Durante a temporada, treinamos e jogamos sempre no limite, uma hora o corpo sente. Foi a decisão certa, hoje eu vejo a minha evolução, vejo o quanto o trabalho está sendo bem feito nesses últimos meses, e estou conseguindo alcançar os objetivos e entendendo que meu corpo precisa de descanso também, e eu entendi que preciso respeitar isso para jogar em alto nível”, explicou.
Aos 26 anos, Bebê está confiante que pode voltar a jogar basquete em alto nível. “Preciso de uma oportunidade. Apenas isso. Estou bem fisicamente, recuperado de lesões e muito confiante no trabalho que tenho feito”, contou o pivô. “Soube pelo meu agente que algumas equipes perguntaram por mim, mas procuro não me envolver com isso. Não agora. O foco está todo em trabalhar para voltar a fazer o que mais gosto que é jogar basquete”.
Amigo Pitbull
Para auxiliar em sua trajetória fora das quadras, o brasileiro conta não só com ajuda de outros jogadores de basquete e de sua família, mas também com uma figura emblemática de outro esporte. O polêmico volante do Palmeiras Felipe Melo.
É alguém que sempre me motivou, me deu força, me dá conselhos, é experiente, rodado e vitorioso.
“O Felipe Melo não é apenas um amigo, mas alguém que eu respeito muito. Sei que tem gente que tem críticas a ele, mas esses rótulos que são do atleta, do jogador de futebol, não devem ser levados para a pessoa, para a vida fora dos campos”, contou.
Torcida nos playoffs
Apesar de não defender mais a equipe do Canadá, o pivô mantém o carinho pelo Toronto Raptors e está na torcida pela equipe nos playoffs desta temporada, que tem início neste sábado. A antiga equipe de Bebê enfrentará o Orlando Magic, pela primeira rodada da Conferência Leste.
Com reforços de peso para a temporada, como o ala Kawhi Leonard e o pivô Marc Gasol, os Raptors tentam apagar a história insucesso nos playoffs nas últimas temporadas.
“Já há alguns anos, Toronto tem chegado na pós-temporada, semifinal, final de conferência, e esse ano a equipe tem condições de chegar ainda mais longe. Kawhi está muito bem, Danny Green, Marc Gasol e McCaw são jogadores com experiência de grandes times, conquistas nas carreiras, VanVleet e Siakam cresceram muito nessa temporada… É um grupo bem equilibrado, acredito muito no Raptors e torço para ver o time na final de NBA esse ano”, comentou o brasileiro na torcida.
Confira a entrevista completa:
Gazeta Esportiva: Como você está se condicionando neste tempo fora das quadras? Pelas redes sociais, vemos que você está mantendo a forma em academias, como está funcionando essa rotina?
Lucas Bebê: Tenho trabalhado forte, são seis horas todos os dias divididos entre academia e quadra. Estou me dedicando, cercado dos melhores profissionais que eu poderia ter ao meu lado. Apesar de não estar jogando, preciso cuidar do meu corpo e me manter em forma, estar preparado para quando surgir uma oportunidade.
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Gazeta Esportiva: Se você se sentir confortável em falar, gostaríamos de ouvir com mais detalhes o que fez você dar essa pausa na carreira.
Lucas Bebê: Vinha sofrendo muito com lesões. Entendi que ali era o momento de parar e dar um descanso para minha mente e meu corpo. Eu estava precisando e meu corpo estava pedindo. Durante a temporada, treinamos e jogamos sempre no limite, uma hora o corpo sente. Foi a decisão certa, hoje eu vejo a minha evolução, vejo o quanto o trabalho está sendo bem feito nesses últimos meses, e estou conseguindo alcançar os objetivos e entendendo que meu corpo precisa de descanso também, e eu entendi que preciso respeitar isso para jogar em alto nível.
Gazeta Esportiva: O que você está visando de objetivos a curto e longo prazo? Existe interesse de clubes que já foram passados a você?
Lucas Bebê: Estou focado no meu treinamento, em me preparar para estar bem para quando a oportunidade aparecer. Soube pelo meu agente que algumas equipes perguntaram por mim, mas procuro não me envolver com isso. Não agora. O foco está todo em trabalhar para voltar a fazer o que mais gosto que é jogar basquete.
Gazeta Esportiva: Vimos você comentando que vai a Toronto ver os Raptors nos playoffs. O que está achando do time com Kawhi e qual sua expectativa para a disputa desta pós-temporada?
Lucas Bebê: Sim, vou acompanhar os playoffs. A equipe mudou muito, chegaram jogadores importantes, experientes, e que se encaixaram muito rápido no sistema de jogo. Já há alguns anos, Toronto tem chegado na pós-temporada, semifinal, final de conferência, e esse ano a equipe tem condições de chegar ainda mais longe. Kawhi está muito bem, Danny Green, Marc Gasol e McCaw são jogadores com experiência de grandes times, conquistas nas carreiras, VanVleet e Siakam cresceram muito nessa temporada… É um grupo bem equilibrado, acredito muito no Raptors e torço para ver o time na final de NBA esse ano.
Gazeta Esportiva: Ainda na NBA, sabemos da sua relação próxima com o Bruno Caboclo. Como você está vendo essa boa fase que ele está tendo em Memphis? Até onde você acha que ele pode chegar?
Lucas Bebê: Bruno é meu irmão, torço por ele e fiquei muito feliz não só pela oportunidade que ele teve, mas, principalmente, por ele estar mostrando todo o seu talento e o que é capaz de fazer em quadra. Ficamos alguns anos juntos em Toronto, o que fez com que a nossa amizade fosse muito forte, e acho que o céu é o limite pra ele. Bruno tem um jogo moderno, eficiente, é um jogador completo e só precisava de uma chance para mostrar todo o seu basquete.
Gazeta Esportiva: O que você acredita que precisa fazer para voltar a jogar basquete em alto nível?
Lucas Bebê: Ter uma oportunidade. Apenas isso. Estou bem fisicamente, recuperado de lesões e muito confiante no trabalho que tenho feito.
Gazeta Esportiva: Vimos em postagens nas redes sociais você comentando sobre a importância da sua volta ao Brasil, em questão de se reaproximar a pessoas e ajudar quem precisa. Como essa volta à rotina do país depois de tanto tempo fora está te impactando?
Lucas Bebê: Quando estava na NBA, voltava ao Brasil nas minhas férias, mas sempre tudo muito corrido, onde pensava em descansar e aproveitar um pouco o tempo livre. Hoje a minha cabeça é outra, procuro aproveitar cada momento que posso com a minha família, com meus amigos, estou mais presente com a minha filha, apesar da distância, pois ela mora nos Estados Unidos… Tudo anda melhor quando você está bem de cabeça, bem de espírito. Além disso, tento ajudar as pessoas da maneira como posso. É uma iniciativa pessoal, vejo muitas pessoas com necessidades, que não recebem apoio ou não tem condições, então faço o que posso para auxiliar, para estar perto, dividir um pouco com eles. Não costumo falar muito sobre isso, não é algo que eu fique comentando ou divulgando, faço por carinho e não para ganhar exposição.
Gazeta Esportiva: Durante a transmissão da ESPN semanas atrás, você comentou sobre sua amizade com o Felipe Melo e como ele está te ajudando nesse momento da carreira. Qual a sua relação com ele? Como conheceu o jogador do Palmeiras?
Lucas Bebê: O Felipe Melo não é apenas um amigo, mas alguém que eu respeito muito. Sei que tem gente que tem críticas a ele, mas esses rótulos que são do atleta, do jogador de futebol, não devem ser levados para a pessoa, para a vida fora dos campos. É alguém que sempre me motivou, me deu força, me dá conselhos, é experiente, rodado e vitorioso. Assim como ele, outros atletas, e principalmente meus amigos, minha equipe e minha família. Tiro para mim o que de melhor essas pessoas podem me ajudar, com conselhos, com críticas, com o carinho e a torcida que todos tem por mim. Estou feliz, vivendo um momento muito bom e isso devo a eles.
*especial para a Gazeta Esportiva