O Cortez voltou - Gazeta Esportiva
Lucas Sarti
São Paulo, SP
08/11/2017 10:00:13
 

No dia 28 de janeiro, Bruno Cortez assinou contrato de um ano com o Grêmio. Mesmo antes de ser apresentado, o jogador já sofria com críticas por parte da torcida e da imprensa. Hoje, pouco mais de seis meses depois, o desacreditado lateral esquerdo é titular da equipe do técnico Renato Gaúcho e comemora o melhor momento da carreira.

Carioca de 30 anos, de riso fácil, sotaque carregado e pai de dois filhos. Algumas características do experiente jogador são marcantes. Agora, a ‘volta por cima’ também faz parte da trajetória do lateral. Após dois anos no Albirex Niigata, do Japão, Cortez ficou perto de vestir a camisa do Náutico, quando foi procurado pelo Tricolor gaúcho e viu seus planos mudarem. Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, Cortez contou sobre sua chegada ao Grêmio, o pedido especial que fez a Jadson e a eterna gratidão ao São Paulo.

Cortez foi contratado no início deste ano (Foto: Reprodução/Instagram)

Um dos homens de confiança de Renato, Cortez curte o bom momento, considerado por ele como o seu melhor. “Estou muito feliz no Grêmio, vivendo o melhor momento da minha carreira. Quero ajudar o clube. Quando cheguei recebi o carinho da diretoria, da comissão, de todos. Quero continuar nessa mesma pegada e dar alegria aos torcedores”, exaltou.

Titular do clube vice-líder do Campeonato Brasileiro, Cortez revelou uma conversa íntima que teve com seu ex-companheiro de São Paulo e amigo Jadson – hoje no Corinthians, primeiro colocado do Brasileirão. “Falei para ele: ‘Segura um pouquinho aí. Coloca o pé no chão”. Ele está fazendo um bom trabalho lá e nós estamos fazendo um bom trabalho aqui, e isso deixa o campeonato mais disputado. Cada um está buscando ganhar o seu pão, mas a amizade continua. O Jadson é um grande amigo”, lembrou o bem-humorado Cortez.

Ele comemorou sua festa de casamento em uma rede de fast-food, vestiu a camisa da Seleção Brasileira e conquistou título batendo a Argentina, e foi afastado do elenco do São Paulo. Confira na íntegra o bate-papo com Cortez:

Gazeta Esportiva: Como está se sentindo neste momento? Fez alguma preparação especial quando chegou ao Grêmio?

Bruno Cortez: Estou muito feliz, só posso agradecer a Deus. Trabalhei bastante, esperei minha oportunidade e estou vivendo um grande momento com a equipe, jogando em alto nível e espero continuar ajudando o Grêmio. Quando cheguei aqui a comissão técnica passou um trabalho para todos os jogadores. Procurei dar meu máximo. É como o professor Renato (Gaúcho) fala: ‘Estejam prontos a todo momento porque quando a chance chegar tem que jogar’.

Gazeta Esportiva: Esperava que fosse chegar tão bem e assumir a titularidade do Grêmio logo no início?

Bruno Cortez: Eu estava no Japão, fiquei dois anos lá, jogando bem, treinando forte. Estava aguardando a oportunidade para atuar em um clube grande como o Grêmio. Jogar futebol é igual andar de bicicleta, a gente nunca esquece. Agora, eu voltei com uma outra experiência. Quando cheguei no Grêmio o Renato e seu auxiliar Alexandre me ajudaram.

Gazeta Esportiva: O Grêmio está classificado às quartas da Libertadores, é o vice-líder do Brasileirão e está na semifinal da Copa do Brasil. Qual o segredo desse grupo?

Bruno Cortez: O diferencial desse grupo é a união, a amizade dentro e fora de campo. Não deixamos a vaidade atrapalhar em nada. Quando estamos dentro de campo cada um corre pelo outro. Aqui não tem titular, quem joga dá conta do recado. Todo mundo trabalha com seriedade. O próprio Renato deixa todo mundo bem tranquilo. O segredo é a união, a humildade. Isso que faz a diferença.

Gazeta Esportiva: Você foi campeão da Copa Sul-Americana de 2012 com o São Paulo e fez mais de 70 jogos na temporada. Em 2013, no entanto, não foi muito utilizado e acabou sendo afastado do grupo. Foi emprestado a Benfica, de Portugal, Criciúma e Albirex Niigata, do Japão. Você ficou magoado com o Tricolor?

Bruno Cortez: Minha passagem pelo São Paulo foi maravilhosa, ninguém pode apagar. O clube estava há muito tempo sem ganhar um título internacional. Fui eleito o melhor lateral, aí no outro ano a diretoria optou por me afastar sem ter jogado quase nada. Não tenho mágoa alguma. Tenho eterna gratidão. É isso, tenho eterna gratidão por tudo que o clube fez por mim. Diretoria, todos os funcionários… sou eternamente grato pelo São Paulo por tudo.

Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar”. Josué 1:9 #gremioimortal #DeusÉBomEmTodoTempoDeusÉBom🙌 Obrigado aii pela moral @phgphoto_

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Gazeta Esportiva: A Copa Sul-Americana de 2012 foi o último título internacional de relevância conquistado pelo São Paulo. Como foi vencer o torneio? Ainda conversa com algum companheiro daquele elenco?

Bruno Cortez: Aquele título foi maravilhoso. Ainda falo com Jadson, Luis Fabiano, Oswaldo, Rhodolfo. No jogo contra o São Paulo (pelo Brasileirão deste ano) encontrei o Rodrigo Caio, o volante Wellington. Mantenho a amizade com eles.

Gazeta Esportiva: Como foi sua rescisão com o São Paulo?

Bruno Cortez: Foi uma rescisão tranquila, bem de boa. O São Paulo não atrapalhou em nada. Sou muito grato ao São Paulo. Vivo uma nova fase no Grêmio. Surgiu aquela oportunidade de ir para o Náutico, agradeço a eles, mas na sequência o Grêmio apareceu.

Gazeta Esportiva: Você assinou contrato de uma temporada com o Grêmio, que chega ao fim em dezembro, mas pode renovar por mais um ano. O clube já te procurou para conversar?

Bruno Cortez: Eu estou mais focado em jogar, em continuar neste nível, trabalhando forte. Deixo para os meus representantes a questão de contrato, de renovação. Meu foco é jogar em alto nível. Estamos em três competições difíceis. Se continuar com humildade dá para chegar longe.

Gazeta Esportiva: Como foi chegar no Grêmio e ser criticar mesmo antes de estrear?

Bruno Cortez: Isso é normal. Na minha vida nada foi fácil, tudo foi com muita luta, determinação e vontade. Deus sempre me guiou. As pessoas têm essa desconfiança. Eu fiquei dois anos longe, então cheguei com humildade e trabalhando como sempre. Vivo um momento de muita felicidade, poder estar junto com meus filhos, minha esposa.

Boa Noite!! Não sei como está sua noite! Mais tenho a Certeza que Deus está no controle de tudo. Família Herança do Senhor🙏🏾 #MeusPrincipes👑 @cortezmaju Valeu @palomafantini pela moral 📸📸📸

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Gazeta Esportiva: Como o nascimento de seus filhos afetou sua carreira?

Bruno Cortez: Criança é um presente de Deus. Quando entro em campo eu penso neles. Se eu der o melhor para os torcedores minha família também vai ficar feliz. Isso me deixa alegre. Meu filho está em todo jogo, sempre comenta, incentiva, dá força.

Gazeta Esportiva: A história de sua festa de casamento ter sido em uma rede de fast-food ficou muito conhecida. Você se incomoda quando te abordam para falar deste assunto?

Bruno Cortez: Não me incomoda, não. Isso é uma marca que vou levar para o resto da vida. Isso não me atrapalha. Só tenho a agradecer. Quem está no dia a dia sabe que não teve nada programado, foi tudo em cima da hora. Não ia ter nenhuma comemoração, e depois resolvemos fazer. Não ligo para isso, está marcado em minha vida. E sempre que aparecer presentes assim pode contar comigo. Pode me convidar.

Gazeta Esportiva: No último mês o atacante Pedrinho, do Corinthians, marcou o primeiro gol dele como profissional e comemorou com seus amigos em outra rede de fast-food. Você ficou sabendo dessa história?

Bruno Cortez: Não fiquei sabendo. Mas os jogadores brasileiros são muito humildes, gostam da resenha, da brincadeira.

Gazeta Esportiva: E no Grêmio, quem comanda a resenha?

Bruno Cortez: A resenha aqui é forte, todo mundo é humilde. Maicon, Geromel, Luan, Fernandinho, todo mundo puxa a resenha. Eu fico de boa… sempre fui tranquilo, estou sempre quietinho.