Pep Guardiola é tido por muitos como um dos treinadores mais revolucionários dos últimos tempos. Em seu Barcelona bicampeão da Liga dos Campeões e tricampeão espanhol entre 2008 e 2012, o espanhol consagrou o estilo “tiki-taka”: valorização da posse de bola a todo instante, marcação sob pressão e um gênio – Lionel Messi – para decidir quando necessário.
Apesar de todo o reconhecimento, Guardiola nunca escondeu que sua inspiração vinha de um outro gênio, tanto como jogador quanto como treinador: Johan Cruyff. O ex-craque da Laranja Mecânica, seleção holandesa que encantou o mundo na Copa de 74, foi o grande tutor de Pep durante seu tempo à frente do Barça como técnico, comandando o então meio-campista Guardiola.
Hoje no Bayern de Munique e de malas prontas para assumir o Manchester City a partir do meio do ano, o treinador tratou de reverenciar seu mestre, que faleceu nesta quinta-feira em decorrência de um câncer no pulmão, aos 68 anos.
“Não sabia nada de futebol desde que conheci Cruyff”, afirmou Pep em entrevista à rádio catalã RAC 1. “Todos o temps seguido de alguma maneira. Uns treinando, outros como dirigentes, outros como comentaristas… E isso só é possível se alguém te dá algo”, completou.
Guardiola lembrou de um caso onde Cruyff mostrou sua genialidade como treinador do Barça nos anos 90. Antes de um jogo diante do então líder e sensação Valencia, o holandês afirmou que iria escalar sua equipe com três zagueiros. “Eu pensei: ‘O que ele pensa? Jogar com três zagueiros contra o Valencia, que está voando?’. Pensava que tomaríamos uma goleada, mas ganhamos bem e eles sequer passaram do meio de campo. Ele (Cruyff) te argumentava e te abria os olhos. Nos deu até aula de gramática”, lembrou Guardiola.
No fim, Pep resumiu o legado de Cruyff, o inventor do chamado “futebol moderno”, em uma única palavra: “Infinito”.